4. O atraso

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Ele me convidou para a inauguração de uma boate, estranho? Talvez, mas aceitei.

Me levantei da cama, coloquei pantufas e fui para a sala com a esperança de encontrar Luana, mas foi em vão, ela já tinha saído. Me sentei no sofá e me permiti pensar no futuro encontro, como seria, a roupa que ele vestiria, a roupa que eu usaria, fiquei parada durante uns 40 minutos e finalmente tomei coragem para dormir.

Pela primeira vez em dias, não acordei durante a noite. Fui até a janela e a abri, o dia estava lindo, propício para curtir.

O clima em Miami é instável, mas espero que fique agradável até anoitecer, nada poderia dar errado.

Eram quase 11 horas da manhã, fui até a cozinha meio cambaleando de sono, mas fiz o café, waffles e panquecas. Fui até o quarto de Luana, abri a janela e gritei:

— Acorde, raio de sol. O dia está lindo.
Luana pegou o travesseiro e o jogou por cima do rosto, ela não estava contente por ser acordada daquele modo.

— Me deixa dormir. – disse sonolenta.

— Não, acorda! Preciso conversar com você, é sério! – Tentei disfarçar e ficar com uma face preocupada.

Ela se virou no mesmo momento, parecia preocupada. Nunca a vi acordar tão fácil.

— O que foi? – Disse espantada.

— Vamos para a cozinha. — disse tirando o cobertor do corpo dela. — Podemos conversar lá.

Ela não entendeu o que estava acontecendo, mas cedeu. Saímos do quarto e depois de poucos passos já estávamos na cozinha. Luana não segurou a surpresa, eu raramente preparava o café.

— Meu Deus! O que fizeram com você? Você está bem? — Disse rindo.

Eu não disse nada, só arrumei a mesa e dei os talheres para ela. Depois de comer algumas panquecas o silêncio foi quebrado.

— Então... Lembra da mensagem do Christopher? Eu respondi e vamos sair mais tarde. — Fui direta e disse o mais rápido possível.

— Oi? Como assim você está falando com essa calma? Como você não me falou nada antes? – Respondeu me bombardeando de perguntas.

Eu expliquei como aconteceu, como me senti e que a procurei pelo apartamento e ela não estava. Ao que parece, ela está mais animada que eu. Me convenceu a ir fazer compras, já que segundo ela, eu não tinha nenhuma roupa extremamente bonita para aproveitar a noite.

Fomo ao shopping mais perto, teríamos que ser rápidas, já se passava das 18h e o Christopher tinha combinado de me buscar às 22h. Visitamos cerca de seis lojas e não encontramos nada diferente, elegante e bonito.

Ao andar pelas vitrines, me dei de cara com um vestido preto, justo, com renda nas costas e um decote um tanto quanto grande. Era esse! Finalmente! Entramos na loja, eu o experimentei e Luana disse:

— Uau! Vai ser esse, você está linda. — disse aplaudindo.

Voltamos para a casa e já se passava das 20h, precisava me arrumar rápido. Abri o chuveiro, senti a água quente passar por todo o meu corpo e dúvidas surgiram em minha cabeça, eu estava fazendo o certo? Eu deveria ir? Bom, já estava feito, eu não podia cancelar o encontro faltando alguns minutos, ou podia?

Saí do banho, me enrolei na toalha e fiquei me olhando no espelho. Eu não me considerava uma mulher feia, mas também não me achava a mulher mais bonita de Miami, diversos pensamentos passavam em minha cabeça, eu realmente tinha atraído Christopher ou era apenas uma brincadeira?

Segui os conselhos da Luana e me maquiei, passei um delineador bem forte, bastante rímel e um batom vermelho. Segundo ela, essa tática do batom vermelho não falha nunca, e se tem uma pessoa que se dá com garotos, essa pessoa é ela.

Coloquei o vestido e me senti um pouco desconfortável com o decote, mas nada que eu não possa me acostumar, coloquei um salto preto e esperei Christopher.

O relógio marcava 22:10 e eu não tinha recebido nenhuma mensagem, não nos falamos hoje. Será que ele esqueceu?

Ele tinha meu número, mas eu ainda não tinha o dele. Eu sei que imprevistos acontecem, mas ele poderia mandar alguma mensagem. Decidi sair do quarto e conversar com a minha prima.

— Ele não chegou, está atrasado e não mandou nenhuma mensagem. O que eu faço? — Disse confusa e triste.

— Primeiro, você está linda! E segundo, espera mais um pouco. Ele não seria idiota de perder uma mulher como você. — Disse confiante tentando me ajudar.

Eu não falei nada, apenas concordei com a cabeça. 10 minutos se passam e meu celular toca, era um número desconhecido, não demorou muito e eu atendi.

— Alô? — Disse curiosa para conhecer a voz do outro lado da linha.

— Anne? É o Christopher, estou aqui. — disse com uma voz tranquila e serena.

— Chris? Achei que tinha esquecido, estou descendo. — disse aliviada e com um sorriso.

— Esquecer? Jamais, desculpe pelo atraso.

Christopher estava ali, de calça jeans clara rasgada, uma camiseta preta e um boné. Ele não poderia estar mais bonito. Saí do prédio e pude sentir os olhos dele me observando, não sabia muito o que fazer.

— Nossa, você conseguiu ficar ainda mais linda. — Disse ele, estendendo os braços para me abraçar.

— Ah... Obrigada. — Disse envergonhada.

Pude sentir a mão dele em minha cintura e me assustei com a leveza do toque.

Ele abriu a porta do carro, eu entrei e ele foi para o lado do motorista. Ele ficava lindo dirigindo e segurando o volante. Passamos alguns minutos em silêncio, apenas com o barulho do rádio.

— Então, você está animado? Vi que essa balada está sendo esperada por muitos. – Digo na intenção de criar um diálogo.

— Sim, meu amigo é o dono. Fiz questão de pedir um lugar especial para nós dois. — Ele disse olhando em meus olhos.

Minha pele estava fervendo de vergonha, mas não deixei transparecer. O clima no carro estava agradável, mas queria chegar logo. Soltera, do Lunay começou a tocar no rádio e eu não me controlei, comecei a cantarolar e dançar. Ele olhou, deu uma risadinha e colocou o braço em minha coxa durante o sinal fechado.

— Então você gosta dessa música? — Christopher disse com um sorriso.

— Sim, eu amo! Me exaltei? Desculpa. — Digo envergonhada.

— Eu também gosto, não precisa se desculpar, você precisa ser você, autêntica, fazer o que tiver vontade. — Falou dando uma piscadinha.

Apenas assenti, demorou uns 10 minutos e já estávamos no lugar. A fila de espera era grande, mas Christopher tinha dito que nossos nomes estavam separados e que não precisaríamos de fila. Estávamos entrando quando ele parou de andar, me puxou para perto, tão perto que eu podia sentir a leve respiração dele.

— Preparada? Vou fazer dessa, a melhor noite da sua vida. — Ele disse quase colando nossos lábios.

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