Marcela é nome de santa

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- Desculpa. – Gizelly revirou os olhos ao ouvir a mesma palavra pela décima vez em menos de uma hora. – Eu não sei...

- Você não sabe muita coisa. – a advogada interrompeu, fazendo o homem ao seu lado fechar a cara.

- Também não precisa falar assim. Já pensou que talvez o problema seja você e não eu? – Gizelly bufou irritada ao ouvir a sentença deixar a boca de Felipe e tirou o lençol branco de cima do corpo, se levantando da cama de casal. – Gi...

- Vou tomar banho. – respondeu, prendendo o cabelo em um coque. – Sozinha. – completou antes que Felipe pudesse dizer qualquer outra coisa e seguiu para o banheiro.

Gizelly suspirou ao sentir a água quente a relaxando. Sua vida sexual andava extremamente frustrante. Gizelly namorava Felipe Prior, um arquiteto paulista, há sete meses. Sete meses sem um orgasmo.

Os dois haviam se conhecido através de um amigo em comum, Guilherme, que morava com Felipe. Felipe sentou ao seu lado com cerveja e eles conversaram por algumas horas antes de se beijarem fervorosamente no quarto do arquiteto. Prior era um pouco sem noção, mas era um cara engraçado e não tinha um coração ruim. Gizelly não achava que poderia conseguir algo muito melhor, então se contentou com o arquiteto.

Então eles tiveram mais alguns encontros e transaram. E Gizelly não gozou. A advogada colocou em sua cabeça que provavelmente era porque era a primeira vez dos dois juntos, e que eles pegariam o jeito. Bom, isso não aconteceu, e sete meses depois, Gizelly Bicalho estava mais que frustrada. E Felipe não conseguia nem admitir que ele era horrível de cama. Falar que era sua culpa era ridículo.

A morena se enrolou na toalha e voltou para o quarto do namorado. Felipe continuava na mesma posição, deitado na cama, encarando o teto.

- Acho que precisamos conversar. – Gizelly chamou e o homem se sentou na cama.

- Você quer terminar? – perguntou, inseguro e Gizelly bufou, fechando os olhos.

- Não, Prior. – o sobrenome ainda escapa de vez em quando, já que era como todo mundo chamava o paulista. – Mas a gente tem que dar um jeito nisso, né? Sexo é uma parte importante da relação, e a nossa vai acabar se a gente não fizer isso funcionar.

- E você quer que a gente faça o que? – ele perguntou, um tanto bruto e Gizelly revirou os olhos. Felipe era difícil de lidar.

- Eu não sei. Procurar um profissional, eu não sei.

- O quê? Você quer sair falando que eu não sei transar? – ele perguntou, irritado e Gizelly se irritou.

- Para de ser ignorante, garoto. Eu quero que a gente faça nossa relação funcionar. Mas se você não estiver disposto, você que se foda. – Gizelly respondeu, pegando suas peças de roupa e se trancando rapidamente no banheiro pra se trocar.

Ela sabia que Felipe não iria atrás dela porque ele era extremamente orgulhoso. Os dois tinham personalidades fortes e elas se conflitavam todo o tempo, fazendo com que a relação fosse uma montanha russa.

Depois de trocada, Gizelly saiu do banheiro, encontrando um Felipe já vestido também. A morena pegou seu celular e sua bolsa e calçou os sapatos rapidamente antes de se direcionar a saída.

- Você vai embora assim? – ele perguntou, irritado.

- Você não ouve ninguém, cara. Ignorante demais. – rebateu, encarando o arquiteto. – Eu estou querendo fazer o melhor pra nós dois.

- O melhor pra nós dois não é me expor! – ele disse, algumas oitavas mais alto e Gizelly abriu a porta com raiva.

- Aprende a transar então, Prior, caralho! – gritou, antes de sair do quarto e bater a porta.

Guilherme, que estava sentado no sofá assistindo um jogo de futebol americano com uma cerveja na mão, levantou os olhos para Gizelly.

- Tudo bem? – perguntou, fazendo a advogada revirar os olhos.

- Ah, não fode né, Guilherme. Você ouviu que não está tudo bem. Abre essa porta pra mim. – mandou e o moreno ergueu as mãos em sinal de rendição, se levantando do sofá e abrindo a porta para a criminalista.

- Se você precisar de alguma coisa... – Gizelly bufou.

- Não vou. – garantiu. – Tchau.
- Tchau, Gi. Se cuida. – pediu e Gizelly assentiu.

A criminalista seguiu para o elevador, bufando. Era foda namorar um cabeça dura que nem Felipe. Às vezes ela se perguntava se estava realmente fazendo a coisa certa ficando com Felipe. Sua atenção foi desviada para o celular que vibrou em seu bolso de trás.

Manu: Amiga, você sumiu. Está com o Prior?

Gizelly: Ai amiga, estou puta da vida. Você está livre?

Manu: Sim, vem pra cá. A Bruna e o Igor tão aqui também.

Gizelly: Tô chegando ai em meia hora.

- E foi isso. – Gizelly finalizou antes de tomar o último gole do vinho na sua taça. A advogada havia passado no mercado e comprado três garrafas de vinho antes de seguir para o apartamento em que Manu morava com o namorado, Igor.

- A masculinidade frágil do Felipe me choca. – Manu constatou.

- A falta de habilidade do pau do Prior me choca. – Bruna corrigiu, fazendo Igor e Manu gargalharem e Gizelly se deixou rir também. Seria cômico se não fosse trágico.

- É sério, gente. – Gizelly choramingou. – Ele é muito ignorante e eu preciso de um sexo bom!

- Amiga. – Bruna chamou. – Se você conseguir convencer a porta do seu namorado, eu conheço uma profissional maravilhosa.

- Como assim? Me conta. – Gizelly pediu. No momento ela estava tão desesperada que aceitaria qualquer santo pra fazer o milagre.

- Ela é ginecologista, mas é sexóloga também. – continuou. – O irmão dela, o Enzo, trabalha comigo lá na editora. Eu posso pedir o número pra ele. O nome dela é Marcela.

- Marcela é nome de santa. – Gizelly concluiu. – Pelo menos vai ser se ela conseguir me fazer gozar. – completou, fazendo seus amigos gargalharem.

Felipe iria com ela pra ver a sexóloga nem que fosse arrastado.

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