Natal

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Anne Rose

O dia de ontem foi apagado para sempre da minha vida assim como a existência do meu tio. Eu estava determinada a esquecer tudo que ele fez de ruim a mim, como Damon disse, esse livro já foi fechado. Estou numa correria dentro de uma loja enorme cheia de enfeites natalinos junto de Rocco que carrega o carrinho de compras para mim com uma cara emburrada.

- Porque eu me ofereci mesmo para vir?!

Solto uma risada e pego um saco de pisca pisca. Olho para ele e digo.

- Não seja chato Rocco! É Natal! Precisamos enfeitar a casa e comprar uma árvore de Natal decente!

- Eu odeio o Natal!

Ele diz emburrado e eu jogo mais enfeites no carrinho.

- Ótimo! Por aqui acabamos, agora precisamos comprar uma árvore natural.

- Graças a Deus acabou!

Ele resmunga e saímos da loja cheios de sacolas. Vamos de carro até uma loja onde estava vendendo pinheiros para a época. Nós entramos juntos e escolhemos uma árvore média. Rocco assina o formulário colocando o endereço para que entreguem em nossa casa.

- Pronto papai Noel! Podemos voltar pra casa agora?

- Não! Vamos comprar alguns presentes para por embaixo da árvore agora. Um pra você, Damon e Matt é claro!

Digo animada. Graças a Deus o cartão do Damon não tinha limites, ele me entregou dizendo para comprar o que quisesse.

- Pra mim não precisa Anne!

Rocco diz e eu olho pra ele. Que tipo de pessoa não gosta de receber presentes?!

- Claro que precisa! Você faz parte da família!

Ele olha pra mim e faz uma careta. Então diz.

- Eu nunca ganhei presentes de Natal!

Olho pra ele tentando assimilar o que ele me disse e vejo que ele ficou triste. Então percebo que eu não sabia quase nada sobre esse garoto que me ajudou tanto e que Damon ama como se fosse um irmão.

- O que realmente aconteceu com você antes de Damon te achar Rocco?

Pergunto baixinho, ele suspira e diz.

- Eu morava com meus pais no subúrbio da cidade. Nós éramos muito pobres e minha mãe vivia doente. Um dia ela faleceu e eu fiquei sob os cuidados de meu pai, ele era um pouco negligente comigo. Faltava de tudo em casa e eu comecei a sair para as ruas, atrás de comida e acabei me envolvendo com pessoas que não prestam..

Ele para de falar e eu passo meu braço sobre seu ombro. Ele sorri e diz.

- Um dia um grupo de ajuda me pegou e eu acabei ficando nesse abrigo junto de outras crianças e adolescentes. Uma vez eu fugi e tentei assaltar um carro, era o do Damon. Ele foi legal comigo, não me denunciou, me levou para comer e depois de volta para o abrigo. A partir daí ele sempre ia me visitar, até que um dia me ofereceu um emprego e um teto decente. Eu aceitei e hoje estou aqui ... falando com a mulher que ele ama!

Ele olha pra mim e sorri. Eu o aperto um pouco contra mim e digo com a voz um pouco embargada por causa do choro contido.

- Vamos comprar uns presentes para as crianças do seu abrigo! A gente leva lá e depois vamos para casa ok?

Ele olha pra mim com o rosto vermelho, acho que ele quer chorar. Rocco apenas confirma e nós dois vamos até uma loja. Escolhemos um monte de brinquedos e levamos tudo para o abrigo que um dia ajudou ele. Quando chegamos em casa Damon ainda não tinha voltado da rua. Começo a arrumar os enfeites pela casa com a ajuda de Rocco, a árvore ficou bem no centro da sala, está linda e começamos a colocar os presentes embaixo dela. Quando acabamos eu dispensei Rocco para tomar seu banho enquanto eu ia cozinhar a nossa ceia. Quando deu nove horas em ponto estava tudo pronto, eu havia feito um peru grande que estava cheirando muito bem, arroz branco, rabanadas e um vinho muito bom que eu comprei no mercado.

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