The one i've been missing

O pedido

                           STEVE

Me sinto sozinho! A cidade de Nova York, que parece nunca adormecer, faz com que eu deixe o olhar vago em meio às luzes piscando por todos os lados, compondo de dezenas de enfeites...
Os turistas e os locais passam meses almejando e planejando. O feriado mais esperado do ano, a época em que pessoas se tornam mais solidárias e receptivas. O momento em que não é apenas o chocolate que fica quente, mas cada coração também, no aconchego do clima natalino.

A cidade está movimentada, pessoas caminhando com compras, desejando felicidade, crianças brincando na neve e famílias patinando no gelo. O clima é propício ao conforto e poderia ser comparado à mais pura alegria.Tudo lindo, brando e em seu devido lugar. Exceto por mim e pela bagunça que se alastra por meu interior.
Essa época faz com que eu me lembre dela.
Peggy.

Minha amada Margaret Carter.
Sempre foi seu feriado favorito. Adorava vê-la usando suéteres confortáveis fora do quartel ou observando os soldados retornando para suas famílias cheios de presentes para os familiares. Arrisco em dizer que o Natal a deixava mais encantadora. O sorriso branco, largo e caloroso; a pele clara reluzente como uma estrela. Até seu cheiro mudava, o que me lembra também das infinitas tentativas de me ensinar a assar biscoitos. – Rio sem graça com uma lembrança do meu total fracasso com doces de natal.

Meu telefone começa a tocar, me tirando totalmente das minhas lembranças sobre o passado, mas quando vejo a identificação na tela meu coração acelerara de uma forma que eu não consigo controlar e resolvo ignorar a chamada. Não estou pronto para ter uma conversa com ela.

Natasha me deixa agitado, me faz suar frio... como posso continuar amando uma mulher que não está aqui comigo e mesmo assim ter pensamentos impuros com aquela bela ruiva, que devia ser somente uma amiga . Ela não colabora – penso, enquanto um pequeno sorriso de canto se forma sem que eu me dê conta disso. Já perdi a conta de quantas investidas Natasha deu e de quantas vezes eu quase cedi também.
Ignoro meus devaneios e decido sair do apartamento para caminhar um pouco. Me dirijo até um parque próximo e encontro Stark um tanto contrariado observando a filha destruir um boneco de neve.

- Parece que Morgan não compartilha das suas vontades por invenções. – digo rindo de sua cara decepcionada.

- Depois que os brinquedos dela sumirem e magicamente aparecerem sendo vendidos no e-bay, pretendo culpar você. Fique ciente!

Gargalho enquanto comprimento a pequena Morgan e me despeço continuando meu passeio. Depois de poucos minutos caminhando, me sento para observar o céu, que não está iluminado apenas pelas infinitas decorações de Natal, mas de infinitas estrelas também.
Os antigos dizem que observar as estrelas nos faz pensar naquilo que não esquecemos facilmente e que se fizermos um pedido à uma estrela cadente, ele pode se realizar.
Coincidência ou não, vejo uma descendo em disparada e,inconscientemente, faço um pedido que eu sei que não o terei realizado. Peço por ela. Voltar a vê-la animada com esse momento. Almejo poder passar o Natal com a Peggy mais uma vez. Uma última vez, para matar a saudade e me despedir apropriadamente.

Sorrio com meu pedido bobo. Pareço o mesmo homem de quando à conheci nos anos 40. Sinto a temperatura baixar um pouco mais e retorno ao apartamento evitando um resfriado desnecessário. Com uma noite cheia de pensamentos ligados ao meu passado, acredito que terei dificuldades para pegar no sono.
Depois de algumas horas imaginando um natal feliz com as companhias que tanto amamos, acabo pegando no sono.

Acordei sobressaltado depois de ouvir um barulho estranho vindo de algum lugar do apartamento.Fico atento sobre a possibilidade de que podem ter invadido minha casa, um assaltante talvez. Dou uma olhada no relógio que fica na cabeceira da minha cama e já passa da meia-noite.
Bem devagar abro a porta do meu quarto e vou caminhando para descobrir quem está na minha casa e como conseguiu entrar.
Lembro muito bem que deixei tudo trancado antes de ir para o quarto. Assim que chego na metade do corredor, ouço barulho de panelas e passos vindo diretamente da cozinha, e com cautela entro no cômodo pronto para subjulgar quem quer que estivesse lá, mas o que vejo me faz ficar muito assustado.