Terça-feira, dia 01/03/20XX
[07h15min]Com o rosto amarrotado, roupas amassadas e respiração ofegante, termino de subir as escadas com os meus pacotes da mudança. Mal cheguei da minha antiga casa e já me ferro toda, com o elevador em manutenção.
Entro no meu cômodo e boto o caixote no chão com delicadeza, perto da entrada. Sigo mais em frente, e vejo todas as mobílias em variados tons de pastéis, do jeito que pedi. É um apartamento mediano, mas bonito. Agradável aos meus olhos, um colírio. Sorrio com ternura. Primeira vez sozinha, sem meus pais. Muitas responsabilidades chegaram e estou no auge do meu amadurecimento. Perfeito! Estou preparada para essa vi...
– Com licença... – Meus pensamentos são cortados por duas batidas na porta de entrada, acompanhada de uma voz masculina, um pouco monótona. Viro-me imediatamente e vejo o dono da voz. Era um moço muito alto, seu cabelo é preto e curto atrás, mas compridinho na frente. Suas irises são de olhos castanhos escuros. Vestia umas roupas um pouco exóticas, mas agradáveis o suficiente para meu gosto. Coro inesperadamente ao perceber sua beleza física. O rapaz limpa a garganta, chamando minha atenção. – Bem, o porteiro pediu para lhe entregar essa necessaire, moça. Ele me disse que você esqueceu na entrada...
– Enillie! Não moça, por favor. – Apressei-me em falar. Vou até ele rapidamente em passos curtos. – Muito obrigada senhor...
– Leigh. Não senhor, por favor. – o moreno apresenta-se também, com muita calma, mas, sorrindo de levezinho. Sorrio também, mostrando os dentes. – Sou seu vizinho, por isso estou lhe entregando. Ruan, que é o porteiro, decora nossos nomes juntos do numero do apartamento para ajudar-nos em qualquer coisa. É um homem bom. Ele pediu para eu lhe entregar, já que não pode sair muito de lá... – Complementa, explicando-se. – Perdão se eu fui muito invasivo.
– Ah, não foi nada. Eu que devo pedir desculpas por ser tão descuidada a ponto das coisas ficarem para os outros resolverem por mim... – Sinto meu rosto avermelhar-se um pouco, mas ignoro. Responsabilidades é uma ova. – Bem, como sou nova aqui e ainda não tenho amigos, quer entrar para comer uma torta de lim... – Me corto de falar, pois ele se afasta um pouco e olha para a esquerda, no lado de fora do meu apartamento.
– Oh Lysandre, já vou. Estou entregando alguma coisa aqui. – Leigh fala e percebo que há alguém com ele ali fora. – Peço desculpas novamente por estar deixando seu convite de lado. É que eu tenho uma loja e preciso ir lá, abri-la e trabalhar. Estou um pouco atrasado... Talvez em outro dia, eu te convide para tomar café com a minha família. Aí você terá mais vizinhos conhecidos, além de mim. – Ele sorri timidamente. – Já vou indo, até um próximo horário, dona Enillie.
– Dona não! – Falo, rio e ele bate de levezinho em sua testa. – Até, senhor Leigh.
Aceno com a mão esquerda e ele sai. Fico olhando pela porta e logo atrás passa um rapaz da mesma altura dele, só que com cabelos platinados e do mesmo jeito de vestir. Percebo um olhar de soslaio no meio do caminho, eu o encaro no mesmo tempo, só que em questão de segundos, desvio o rosto por vergonha. O maior passa e eu espero uns minutos para ir correndo até a entrada para fechá-la.
[quebra de tempo, no centro da França]
14h30minAinda não estou tão acostumada com a língua, o falar delas, muitos tem o sotaque bastante carregado por ser de nascença daqui, fazendo eu não entender muito bem.
Talvez eu esteja perdida? Talvez. Pedi informações às pessoas? Sim, só que eu não entendi muito bem não.
Que vontade de gritar e sair correndo de volta para de baixo da saia da minha mãe. Só que isso não é muito possível, devido a quantidade baixa de dinheiro que eu tenho. Para voltar à Escócia não é tão barato assim... Teria que trabalhar pelo menos uns três meses, e vish... Até eu arranjar um emprego, conseguir o dinheiro, vai mais meses. Até porque eu tenho que sobreviver, né.
Suspiro e me sento em um banquinho que havia ali na pracinha, pego meu celular e olho a hora. Percebo que tenho uma notificação em meu e-mail sobre minha antiga escola.
Clico no e-mail e leio o conteúdo nele. Era o meu histórico escolar, junto de outros documentos, que me ajudaria a me ingressar em uma escola aqui na França para completar o meu ensino médio.
Aperto em encaminhar e escrevo na caixa de texto o endereço da escola que meu pai tinha me dito para enviar e mais de algumas que vi em panfletos por aí. Diz ele que foi a escola que mais marcou a vida dele. Phillipe quer que eu siga o mesmo ensino dele, já mamãe Lúcia, nem tanto. Ela acredita que não foi um dos melhores ensinos. A escola se chama Sweet Amoris, é um nome tanto engraçadinho, até parece nome de escola, onde cupidos aprendem a atirar flechas para fazerem casais se apaixonarem.
Oh céus, como minha mente é fértil! Pareço ser uma criança de cinco anos, mas que nada. Só é uma mente de uma pequena escritora.
É um dos motivos plausíveis do porquê eu saí da Escócia. Lá no país, eles não aceitam muito bem livros de romances, sonhadores, e como eu quero ser escritora de romance, foi um motivo. O outro, é que eu queria aprender a ter responsabilidades, sem ninguém da minha família por perto. Só que eu estou me arrependendo, de levezinho, mas não posso. Não posso ser dependente deles, sendo que eu quero andar pelo mundo afora. Tenho que ter meus tombos sozinha, para poder crescer.
Já tenho um livro pronto para postar, só falta uma editora ou dinheiro para enviar ao mundo por conta própria.
Antes de procurar algum emprego, tenho que esperar ser aceita na escola.
Meu celular vibra, fazendo, automaticamente eu pegar ele e desbloqueá-lo para ver o que era. Era a resposta da escola. Wow, que rápido!
sweetamorisfr@outlook.com
RESPOSTA: encaminhado DOCUMENTOSALUNAEnillieRoseJeanLuc
Seu histórico e o restante dos documentos foram avaliados. Suas notas são de encher os olhos e será de bom grado ter uma aluna assim em nossa escola. Aceitamos, mas terá que comparecer aqui dia dezesseis de março para completar sua inscrição, com o pagamento dela, identidade com cpf e rg, e uma foto 3x4.
Pedimos perdão pelo o atraso dos dias, estamos quase fechando notas e como você já tem as maiorias, não precisará de comparecer antes. Não se preocupe, não descontaremos no seu histórico escolar para não afetar em sua futura faculdade.
Sorrio abertamente. Não precisarei ir até lá, por enquanto. Oh céus, como isso é bom. Mas bem, fico até um pouco desnorteada pelas escolas pensarem somente em que os alunos estão decididos desde já, a seguir em alguma faculdade. Se eu for uma boa escritora (no qual eu tenho certeza que eu sou), não precisarei de uma. Não seria tão útil.
Me levanto do banquinho, quase saltitando de alegria e volto a fazer o que eu estava fazendo antes; entregando currículos.
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WHITE Candy
FanfictionㅤEnillie mal completara 18 anos no começo do ano, e já se viu em liberdade para fugir de sua terra natal para realizar seu sonho de ser escritora, já que em seu país não é muito bem aceito livros do tipo que ela escreve. Com sua inscrição feita na e...