Capítulo Único

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Fazia três anos desde que a Quarta Guerra Mundial Ninja tinha acabado e, com ela, a vida de centenas de shinobis. Entre as preciosas vidas perdidas em combate, estava a de seu primo, Neji Hyuuga. Uma perda dolorosa demais para ser superada, sabia disso. Contudo, estar ciente deste fato não a impedia de tentar. E tudo o que Hinata vinha fazendo nos últimos três anos era isso: tentar superar suas perdas; todas elas.

Por isso tinha ido embora de Konoha. Precisava seguir em frente e todas as lembranças presentes em cada pequeno canto da Vila não ajudava em nada nesse processo.

Lembrava-se bem da reação de seu pai quando anunciou que não pretendia assumir a liderança do clã e que sairia em viagem por tempo indeterminado. Como o esperado, Hiashi Hyuuga pareceu contrariado, mas não chegou a tentar fazê-la ficar - ele ainda tinha Hanabi, afinal de contas. Hinata também lembrava-se da reação de seus amigos mais queridos, Kiba e Shino - Akamaru também entrava nessa lista, por que não? -, e de sua sensei, Kurenai. Diferente dos Hyuuga, eles tentaram com afinco fazê-la mudar de ideia, não obtendo resultados, no entanto. Ela estava decidida, e se tinha uma coisa que ninguém podia negar sobre Hinata Hyuuga era que ela possuía uma determinação assustadora. No fim, foi ela quem persuadiu a todos de que tê-la fora da Vila não seria o fim do mundo e que, na verdade, era uma coisa boa.

E foi assim que, somente dois meses após a guerra, Hinata Hyuuga tornou-se uma peregrina, andando sem rumo mundo afora. Havia tanta destruição por todos os lados que ela logo encontrou ocupação. Ajudou a reconstruir aldeias - principalmente as não-ninja que não podiam contar com o poder do chakra para acelerar o trabalho -, ensinou os que tinham interesse em aprender a moldar chakra; lutou contra nukenins; foi ferida; cuidou dos feridos; ajudou a realizar partos; ajudou a enterrar mortos; andou de norte a sul, leste a oeste, sempre aprendendo algo novo durante sua jornada e sempre disposta a aprender mais e mais. Definitivamente, Hinata era mais feliz agora. Podia sentir saudades de todos, mas não tinha planos de voltar. Konoha já não era mais seu lar. E de alguma forma, seus amigos já tinham percebido isso. Pelo menos os pedidos para que voltasse imediatamente pra casa tinham cessado - o que era um alívio.

Através das várias cartas que trocavam, Hinata ficava sabendo de tudo o que acontecia na Vila. Ficou surpresa ao descobrir que Shino tinha se tornado um professor e que Kiba estava auxiliando a renovada força policial de Konoha; também surpreendeu-se ao saber que Ino e Sai estavam namorando sério e que Shikamaru e Temari já estavam até mesmo noivos.

A carta recebida naquela manhã trazia mais novidades: Naruto e Sakura tinham se acertado e engatado um namoro há alguns meses. Diferente das outras notícias, aquela não a surpreendeu nem um pouco; Hinata já esperava por ela. Na verdade, tinha demorado muito para acontecer. Sempre soube que o rapaz por quem era apaixonada amava outra - o próprio Naruto tinha deixado isso claro durante a breve conversa que tiveram após a guerra -, então fazia sentido que finalmente tivessem se acertado. Enquanto lia a carta de Kurenai, Hinata examinava atentamente seus próprios sentimentos sobre o assunto, todavia, não encontrou nada em seu coração além de um desejo sincero de que eles fossem felizes juntos. Foi então que teve certeza: não amava mais Naruto Uzumaki.

Guardando a carta dentro de sua mochila de viagem, Hinata sorriu alegremente. Aquelas eram boas notícias e ela conhecia alguém que também ficaria satisfeito ao ouvi-las.

***

"Seja bem-vindo à Encruzilhada" era o que a placa pendurada na porta da taberna dizia.

Encruzilhada - um nome estranho para um estabelecimento que costumava ficar apertado entre uma floricultura e uma alfaiataria. Se bem que agora fazia todo o sentido já que independente de qual direção uma pessoa viesse ela acabaria por encontrá-lo. Sendo a única construção da aldeia a estar inteiramente de pé, aquele bar era a prova viva do quão terrível havia sido a guerra.

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