Capítulo VINTE E QUATRO - As Fúrias

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A Força e a Frieza

ShiryuForever94


As personalidades dele até que funcionavam bem. Ele era um ótimo piloto. Ele poderia ser doce, o verdadeiro Wei, ele poderia ser o inferno, implacável, perigoso, o Patriarca Yiling, alguém maníaco por ganhar e que sabia trabalhar muito bem sob pressão, o alter ego de um piloto quase suicida e brilhante. Ele poderia ser uma criança indefesa com medo e que chorava por conta de medos infligidos por outrem, ele poderia ser apenas catatônico. Todos eles eram Wei WuXian, feito em pedaços pelos traumas, pela dor, pelo desespero.Todos eles sendo juntados e cuidados aos poucos, para uma união necessária, por amor a WangJi. Por amor próprio sendo trabalhado com cuidado por Wen Ning até que Wei entendesse que não era culpa dele, que ele era incrível do jeito que era. Os lados de Wei unidos num homem que lutava por sua identidade e por se aceitar como alguém perfeito dentro de sua imperfeição. De sua dor. Lidar com os acontecimentos e aguentar firme. Não era preciso viver no passado, reviver horrores, era preciso viver o presente e construir um belo futuro. Aos poucos, devagar, lentamente.

A grande dúvida de quem convivia com WuXian era como se aproximar dele. De que maneira dizer qualquer coisa àquele homem? Era impossível, algumas vezes, se aproximar do Patriarca Yiling sem ver a luz de ódio frio que irradiava dos olhos dele.

Um homem que havia praticamente morrido e ressuscitado por sua férrea vontade. Mas, algo mudara. Se antes ele esbravejava ou precisava ser um tanto intimidador, agora vê-lo caminhar já era aviso suficiente.

A fúria do Patriarca provocava verdadeiros terremotos de ódio e lutas internas sanguinolentas. Ele sequer parecia abalado, nem demonstrava se importar.

Já houvera outras guerras, em sua mente revolta, houvera mortes de partes dele, de algumas escolhas. Ele sepultara muitos cadáveres dentro de si. E não os queria revividos.

Haveria mais esqueletos, cadáveres e moribundos. Rostos, corpos, almas... Desafios. Os olhos azuis que brilhavam de excitação em corridas ou que olhavam ironicamente para seus inimigos agora pareciam diferentes.

O poderoso piloto vagava pela pista. Pela vida. Já não havia como dissociar o Patriarca de Wei e isso não era tão ruim, embora pudesse ser intimidador. WangJi suspirou. Aquele campeonato precisava acabar.

A alma morta do Patriarca Yiling era prova irrefutável de que Wei WuXian sofrera o bastante. Aguentara o suficiente. Não era simples trazer Wei WuXian, o sujeito alegre e gentil, de volta...

A fúria.

O coração de Wei se partira quando ele experimentara o ódio, o abuso. Não havia como consertar aquilo totalmente, apenas poderia ser tratado, não curado, mas poderia ser administrado, cuidado. O único amor que Wei tivera em sua vida era WangJi. O homem que compreendia Wei mais que qualquer outro ser humano.

O pai indiferente, a mãe omissa, os alunos abusadores, gerentes, sócios, que só queriam tirar proveito.

WangJi de tudo sabia e ao mesmo tempo, temia. Tinha medo de que alguma hora, algum dia, seu Wei se perdesse nas tramas de ódio e horror do Patriarca, mesmo que Wen Ning dissesse que houvera progressos fantásticos.

Anos de tratamento e de terapia haviam feito algum efeito e WangJi sabia que, talvez, as personalidades não tão "boas" de Wei pudessem se acalmar e ele teria uma vida basicamente normal e, a depender do mecânico chefe, feliz. Todo dia era dia de enfrentar dificuldades e vencer porque eles funcionavam muito bem juntos.

A Força e a FriezaOnde histórias criam vida. Descubra agora