𝑱𝒆𝒐𝒏 𝑱𝒖𝒏𝒈𝒌𝒐𝒐𝒌

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Em poucas palavras, eu sou a Serpente Negra da Máfia Italiana.

Jeon Jungkook, o chefe da organização criminosa italiana: Il Serpente Nero.

Olho para trás e me pergunto como tudo começou. Mentiria se dissesse que a formação desta organização foi fácil. Minha vida não foi feita de coincidências, mas de escolhas - escolhas feitas nas sombras da noite, sem espaço para arrependimentos, tudo com a frieza de quem não se permite pensar muito sobre as consequências dos meus atos.

Eu era apenas um garoto comum, um órfão com nada mais do que alguns centavos no bolso e sem noção nenhuma de como sobreviver no Mundo real. Um adolescente sem futuro, que subitamente era descrito por muitos como um dos homens mais poderosos de Itália, com um Império de diversas empresas, hotéis e renomadas casas de apostas.

Fui subindo até ser o topo de uma cadeia onde só quem sobrevive sabe como se manter lá.

E tudo isso me trouxe riquezas incontáveis-fama, poder, mansões luxuosas-que, aos olhos dos jornalistas mais curiosos, eram apenas fruto do meu trabalho árduo como empreendedor. Mas se soubessem o quão sujas estão minhas mãos, correriam para estampar manchetes dramáticas e escandalosas, horrorizados com a minha brutalidade, chocados com a frieza dos meus pensamentos.

Ate hoje consigo rever a minha memória que sinto mais orgulho, a primeira vida que tirei. Eu tinha 13 anos. O olhar aterrorizado da minha vítima-o último reflexo de um ser humano prestes a desaparecer. O som seco da bala atravessando sua cabeça ecoa na minha mente, o cheiro do sangue misturado com a fumaça do meu cigarro. Foi a única vez que eu não senti absolutamente nada. Simplesmente parado, olhando para o cadáver por horas até meu cigarro virar apenas cinzas espalhadas pelo chão.

Nada. Nenhum remorso.

Porque remorso é um luxo de quem nunca precisou matar para sobreviver.

Minha história sempre foi de sobrevivência. Sempre estive sozinho. Até o meu destino se cruzar com o destino de dois garotos, mais perdidos que eu. Quando os conheci, nunca imaginei que nossas vidas tomariam esse rumo.

Afinal, sempre foi eu e as balas do meu revólver, contra todos.

⁺‧₊˚ ཐི⋆♱⋆ཋྀ ˚₊‧⁺

- Come ti chiami? - A mulher perguntou sem desviar o olhar da pilha de notas de dinheiro que ela contava com habilidade. (Qual é o seu nome?)

- Avevi così fretta di essere pagato che non hai nemmeno voluto chiederlo? - Respondi, sem perder o tom de ironia. (Você estava tão apressada em receber o pagamento que nem quis perguntar?)

Ela me olha, claramente surpresa, ao perceber a frieza na minha voz. Eu estava ali, um garoto deixado de lado, mas nada no meu tom de voz refletia qualquer tipo de dor.

-Ah-Io n-non lo so! - Ela tenta se recompor, mas a fragilidade era visível. (Ah- eu n-não!)

- Ovviamente - Respondi, sem fazer esforço algum para esconder minha desconfiança. - Perché sono qui? (Claro... Por que eu estou aqui?)

Ela tenta se ajeitar na cadeira, ajustando a postura - Ti trovi nel mio orfanotrofio, la Domus dei Ragazzi, i tuoi genitori ti hanno dato in adozione. Resterai qui finché qualcuno non vorrà adottarti di nuovo. (Você está no meu orfanato, Casa dos rapazes, seus pais te deram para adoção. Você vai ficar aqui até que alguém queira te adotar novamente)

Dou uma risada seca. Não me importava o suficiente para me incomodar com a história dos meus pais ou a maneira crua que ela falava do meu futuro.

Era, contudo, óbvio. Era óbvio que algo havia mudado desde que a minha mãe teve o aborto espontâneo, o desprezo com que eles me olhavam falava mais que qualquer palavra que saísse daquelas bocas.

Até que o Gatilho nos separeOnde histórias criam vida. Descubra agora