A DOCE VIRGEM.

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Era uma noite fria, os ventos sopravam violentamente, como o assassino que golpeia a vítima, até que ela dê seu último suspiro.
Foi naquela rua deserta, deserta como se habitasse ali, algum tipo de besta.
Foi em meio a todos estes detalhes, que lhe encontrei, ali estava você.
Em um vestido branco, com irrefutáveis manchas de sangue. Mas quem iria de se importar com tão pouco ?
Você era linda, a beldade mais exuberante que eu já havia visto, tinha lábios vermelhos, como o sangue fresco dos cordeiros no abatedouro, tinha cabelos negros, como um eclipse total.
Você era tão perfeita, você tinha que ser minha, somente minha, e de mais ninguém.
Eu me aproximava lentamente, olhando fixamente em sua face simétrica, como um lobo, que olha para sua presa, antes de a devorar.

Ao chegar perto de seu corpo delicado e virgem, pergunto:

- Qual a graça da bela dama ?

- Eu me chamo Alyssa...

- Alyssa... É... É um nome muito bonito.

- Obrigado... E qual é a graça do nobre cavalheiro, que provavelmente está pensando em me estuprar ?

- Estuprar ? Jamais, de maneira alguma eu cometeria tal ato perverso. Bom.. Eu me chamo Bryan, Bryan Summer.
O que a senhorita faz na rua a esta hora da noite ?

- Eu... Eu.... Eu estava fugindo de um homem...

- Fugindo ? Ele está por perto ? Ele te machucou ?

- Não.... Ele não está por perto... E ele... Não me machucou... Ele tentou...

- Tentou ?

- Sim... Ele tentou me violentar... Mas eu o empurrei... Ele bateu a cabeça numa pedra... E morreu... EU JURO QUE EU NÃO QUERIA! EU TENTEI ACORDAR ELE, MAS ELE NÃO ME RESPONDIA, EU NÃO QUERIA QUE ISSO ACONTECESSE, MEU DEUS, EU ESTOU TÃO ASSUSTADA, POR FAVOR.... NÃO CHAME A POLÍCIA.... EU IMPLORO...

- Alyssa, se acalme, eu não vou chamar a polícia, mas... você precisa trocar estas roupas, e tomar um banho, e principalmente, você precisa descansar. Você passou por um trauma recente, precisa descansar. Se quiser lhe acompanho até sua casa.

- NÃO! TUDO MENOS A MINHA CASA.... O homem que tentou me violentar... Era meu namorado... Eu sou virgem... E ele insistiu... Eu não queria... EU NÃO POSSO VOLTAR PRA CASA, NÓS MORÁVAMOS JUNTOS, QUANDO A POLÍCIA ENCONTRAR O CORPO DELE... VÃO ASSOCIAR À MIM, E EU VOU SER PRESA!

- Tudo bem, venha para minha casa, eu vou cuidar de você.

E como uma criança inocente, ela confiou em mim, e fomos até minha casa, chegando lá, ela tomou um banho, e eu preparei uma refeição para ela. Ela confiava tanto em mim que chegava a ser cômico, foi tão fácil traze-la para minha casa, que não parecia ser real.
E tudo só tendia ao meu favor, parecia uma linda história de amor, a virgem traumatizada que se entrega ao herói, que a resgata na rua amargurada e fria, lindo! daria um belo livro.
E sinceramente não demorou muito para aquela flor desabrochar, ela se entregou a mim, como quem dá se ao carrasco, possuir seu corpo era tão prazeroso, sua respiração ofegante, o seu gemido virgem, era tão doce, e melódico.
Quando terminamos, ela sorri, e se deita na cama.
Eu à deixo dormir, e quando ela finalmente está em sono profundo, vou à cozinha. Pego minha faca mais afiada, e aplico violentos golpes em seu corpo nu, eu sempre gostei de vermelho, e aquela margarida, precisava de um pouco de cor.
Os gritos de desespero e dor, soavam como a sinfonia mais intensa de Beethoven.
E ao fim de tudo, a margarida, havia se tornado uma rosa, mas uma rosa murcha, uma rosa morta.
Eu me sento ao lado de seu corpo sem vida, e dou uma risada, a risada de quem ouviu a piada mais nojenta de humor negro.
Se eu parasse para escrever isso, daria um livro perfeito, inicialmente um romance e ao final uma tragédia, magnífico!
A verdade é que o amor é uma grande tragédia, o amor é uma grande história de horror disfarçada, uma história contada por uma criança, pura e inocente.

- Já terminou Sr.Summer ?

- Sim, já terminei, imagino que agora, você irá me algemar e me deixar na cadeia, até que chegue o dia de meu julgamento, e me baseando em sua expressão de desprezo, senhor policial, imagino que você irá torcer para que eu seja condenado à morte.

- Antes que eu te jogue naquela cela, seu psicopata nojento, me explique... porquê você se entregou sabendo que poderia ser condenado à morte ?

- Bom, eu me arrependi, acredita ?

- Não eu não acredito, pessoas da sua laia não sentem empatia, não sentem remorso, não se arrependem, me responda com a verdade, seu doente desgraçado.

- Bom a verdade é que, me entreguei pelo mesmo motivo que matei aquela garota.

- Qual ????

- Tédio, eu estava entediado, precisava me divertir um pouco sabe. me responda uma coisa, qual o seu nome senhor policial ?

- Eu me chamo Derek, Derek Vanriê.

- Que engraçado, a vida é realmente muito cômica.

- O que é cômico seu sádico nojento ?

- Vanriê, esse era o mesmo sobrenome da garota que matei, e julgando por sua aparência física, ela era sua filha não era ? Sinceramente, que fascinante, e que irônico, pela sua cara, ela era mesmo a sua filha.

- CALE A BOCA! SEU DESGRAÇADO, ELA SÓ TINHA 22 ANOS, ELA ERA LINDA, TÃO PROMISSORA E VOCÊ A MATOU, SEU DEMÔNIO PODRE!

- Quanta irritação, pare com esse drama, por um acaso vai fazer oque ? me matar ?

(e eu ria de maneira diabólica)

- Você não vai me matar, seu policialzinho babaca, você não passa de um babac.....

E naquele momento, tudo se tornava insignificante, se passavam cenas daquele assassinato em minha cabeça, lentamente sob meus olhos, minha respiração ficava ofegante, a palpitação em meu coração, acelerava, até que tudo, gradualmente se tornava lento, eu já não sentia minhas pernas, uma dormência tomava meu corpo, o brilho em meus olhos se tornava opaco, e simplesmente, tudo se apaga.
Quem diria ? o policial coadjuvante acabou matando o grande protagonista, sinceramente, isso daria um ótimo livro, com um final digno de uma tragédia.
É uma pena que às pessoas jamais iram conhecer esta história, um desperdício enorme de criatividade, e sinceramente, não lamento a minha morte, lamento não ser reconhecido, por ser protagonista, da mais linda tragédia, a tragédia da doce virgem.

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