único

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Ao ouvir seu telefone tocar, a primeira reação que Mo GuanShan teve foi o desejo de jogá-lo contra a parede. Porém, fazer isso lhe custaria caro, e ele não tinha como pagar por um novo aparelho. Então, ele respirou fundo, atendendo a chamada. Seus ouvidos reagindo a voz irritante do outro lado.

‘’Ei, ei, meu pequeno Mo!’’ Mo GuanShan conseguia imaginar bem a cara que He Tian estava fazendo naquele momento.  

‘’Você tem dois segundos para me convencer de não desliga na sua cara.’’ Respondeu ele, os dedos prontos para pressionar o botão vermelho, e encerrar a chamada que mal havia começado.

‘’Ora, ora, estamos de mal humor hoje? Achei que você ficaria feliz de ouvir o adorável som da minha vo—’’ 

Mo GuanShan desligou a chamada, jogando o celular no sofá. O aparelho acabou aterrissando errado, e caiu no chão. Agora GuanShan estava irritado e com a película do celular quebrada. 

O telefone voltou a tocar. Ele poderia muito bem ignorar, He Tian sempre parava na quinta tentativa. Entretanto, era aquele dia da semana, ele não podia ignorar. Amaldiçoando aquela quem teve o trabalho de dar a luz a Tian, ele atendeu. 

‘’São quase onze da noite.’’ He Tian agora falava em um tom mais sério. Mo GuanShan franziu a testa, irritado. Ele não estava evitando o relógio. Pff. Claro que não. 

‘’Eu sei.’’

‘’Você deveria estar aqui às oito.’’

‘’Eu sei.’’

‘’Eu te esperei a noite toda.’’

‘’Azar o seu.’’

‘’Eu ainda não jantei."

"Pede um ifood."

"Mo GuanShan."

Mo GuanShan sentiu o coração falhar. Sua respiração saia arranhando seus pulmões. Ele sabia, sabia que deveria ir.

"Te vejo em vinte minutos" disse por fim, engolindo seu orgulho.

"Você tem quinze minutos." He Tian desligou a chamada. Mo GuanShan ficou encarando a tela até ela ficar escura por inatividade. Ele viu seu reflexo na tela rachada do celular. A testa franzida e os olhos raivosos. Mas havia algo mais. Ele conseguia sentir as bochechas em chamas, sabia que estava corando. Seus corpo todo estava quente. Vibrando em expectativa.

Xingando tudo e todos, ele seguiu até seu quarto. Jogando dentro de uma mochila uma muda de roupa e uma peça íntima limpa. Ele estava ficando sem, não porque sua pilha de roupa suja estava enorme, e sim porque grande parte das suas roupas estavam na casa de He Tian. 

‘’Você podia simplesmente se mudar para cá.’’ He Tian disse, da última vez que eles se encontraram. Mo GuanShan conseguia imaginar bem seu cabelo negro espalhado pelo travesseiro, a mão estendida para tocar seu rosto suado. A voz rouca e cansada pelas aventuras de outrora.

GuanShan jogou a mochila no chão, soltando um grunhido. Por que diabos ele estava se lembrando disso? Suas roupas estavam sumindo, ele sabia que era He Tian quem as pegava, quando ele não estava vendo, para deixá-lo sem opções, e ceder ao seu convite. Mo GuanShan queria esmurrar sua carinha perfeitinha. 

Mas para isso, ele precisava ir até o outro lado da cidade.

‘’Eu posso ir até você, você sabe, se me deixasse entrar no seu apartamento.’’ He Tian disse uma vez. 

‘’Não quero você contaminando minhas coisas.’’ Ele odiaria ter o cheiro de He Tian em sua cama, sua presença fantasma em seu refúgio no fim do dia. Em resposta, He Tian apenas sorriu.

Quinta-feiraOnde histórias criam vida. Descubra agora