piloto.

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MADISON

Bom dia, Mads. — minha melhor amiga se apoia no armário ao lado.

— Bom dia, Becca. — pego meu material e fecho o armário. — Vamos andando.

— E aí, conseguiu falar com a sua mãe sobre irmos na viagem de final de ano?

— Ah, Becca, eu até me esqueci. — eu estava mentindo. Lembrava perfeitamente, mas eu não queria ir. — Mas, sabe, estou tão atolada com essa matéria de fim de ano que não sei se seria boa ideia.

— Vamos lá, Madison. Eu te conheço há anos e sei que você não quer ir. Eu estava te testando, se eu quisesse saber se sua mãe deixava eu mesma falava com ela.

— Bingo.

— Vai ser legal, por favor, não me deixa sozinha! — ela implora.

— Por que eu pagaria para ficar uma semana no meio de adolescentes lotados de tesão acumulado, fedor e bagunça? Ainda mais, você iria me esquecer para ficar com o seu namoradinho da vez.

— Tony não é um “namoradinho”, ele é o namorado. — a mesma pigarreia.

— Isso não vem ao caso. Além de tudo, eu odeio calor. Fala sério, o que uma pessoa como eu iria querer no Havaí quando tudo que eu quero é neve o dia todo?

— Madison, para de ser incubada. Você vai sim. — ela finaliza.

— Isso é o quê você pensa. — complemento quando ela já estava consideravelmente longe trocando carícias com seu namorado.

Vou para a sala de aula e sento na minha cadeira de sempre, pouco depois Becca se senta ao meu lado e a aula começa.

•••

Uma multidão de alunos andava em direção do portão da escola, finalmente a aula tinha acabado. Eu até queria seguir o rumo deles, mas apenas pego meu celular para fazer um telefonema à minha mãe, avisando que iria ficar à tarde na escola para estudar.

“Oi, mãe, estou com muitos deveres acumulados e vou ficar à tarde na escola para me concentrar, beijos, volto para a janta.”

Foi essa a mensagem que eu deixei na caixa postal de mamãe.

Ela não era muito presente, mas nossos momentos juntas eram os melhores. Infelizmente ela trabalha muito, por ser médica, e constantemente tem que viajar para fazer alguma cirurgia importante.

Meu pai saiu de casa quando eu tinha apenas 6 anos, esse trauma me assombra até hoje. Minha mãe nem se fale, mudamos da minha cidade natal para Los Angeles justamente por isso. Eu sinto falta de Orange, mas aquele lugar me trás calafrios.

Foi uma época conturbada. Ele agredia minha mãe repetidas vezes e eu assistia tudo, minha mãe só foi abrir os olhos para isso depois que eles terminaram. E o motivo do término: traição.

Eu sinto nojo daquele homem, mesmo com tudo o que ele fazia minha mãe passar, ainda dormia com outras, nunca acionamos a polícia para o canalha porque ele poderia entrar com outro processo para ter minha guarda. Só de pensar nisso já sinto arrepios.

Foi com essa situação que eu simplesmente parei de acreditar que o amor exista. Eles pareciam o casal perfeito, ele era o melhor pai. Mas, como sempre, alguém vai cometer um erro.

Sou interrompida de devaneios por Becca, que percebe automaticamente que eu parecia desolada.

— Ei, pensando naquilo de novo? Vamos, Mads, ocupe sua cabeça com outras coisas, aquele escroto está à mundos de distância de você, já fazem 10 anos, você precisa fazer terapia, amiga. 

— Está tudo bem, Becca. — esboço um sorriso amarelo. — Eu vou falar com a minha mãe quando eu chegar em casa.

Ela sorri suavemente e toma rumo para a sua casa.

•••

O céu já estava escuro quando eu saí da biblioteca, depois de 4 horas estudando, visto que as aulas acabam às 15h. Verifico no meu AppleWatch e eram 18h57, perdi o horário.

Ótimo, eu estava com fome, sono e sem meio de volta para casa. Como se não pudesse piorar: estava chovendo.

Suspiro fundo e saio da escola andando pela chuva. Depois de 2 minutos de caminhada, percebo um carro me seguindo. Acelero o passo, o carro faz o mesmo. Antes que eu pudesse correr, o carro para do meu lado e o vidro abaixa.

Richard Garcia. O popularzinho escroto do colégio. Ele usava um moletom cinza da Trasher e estava sozinho na sua BMW.

— Vai uma carona aí? — ele oferece.

— Você não precisa fingir ser meu amigo, Richard, não tem ninguém olhando. Estou bem. — continuo andando. Ele insiste.

— Vai preferir andar na chuva? Eu sei que sua casa não é perto. Qual é, estou tentando ser legal. — não pude recusar, o frio já estava cortando. Entro no carro.

— Vai me pedir o quê, uma cola de dever de casa? Deus eu que você não é tão legal assim. Aliás, como sabe onde moro? Sua namoradinha não vai focar brava se me ver aqui?

— Relaxa, aí loirinha. Primeiro: se eu fosse te pedir algo, com certeza não seria cola. — ele parece envergonhado. Não entendi, mas continuei prestando atenção. — Segundo: eu sei onde você mora porque eu moro perto e terceiro, eu não namoro.

— Legal, agora se puder acelerar, estou atrasada. — talvez eu esteja sendo grossa demais.

— Ei, está tudo bem?

— Ham, é, perdão, eu só estou um pouco cansada, meu Deus, eu estou sendo muito escrota. Pode me deixar aqui mesmo, obrigada pela atenção.

— Madison, está tudo bem, fica tranquila. — ele coloca a mão em minha perna. Olho em seus olhos, e ele já me olhava, parece se reprimir e tira a mão rispidamente.

O resto do caminho foi em silêncio, pareceu se arrastar, mas finalmente chegamos.

— Está entregue.

— Muito obrigada, até amanhã. — agradeço depois de sair do carro.

— Não foi incômodo, loira. Até.

OK. Isso foi uma experiência.

————

É gente, esse foi o capítulo um. Beijos pra quem leu até aqui, espero que gostem da história.

<3


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⏰ Última atualização: Feb 13, 2020 ⏰

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