CAP 1 - O CHAMADO

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O dia mal amanhecia, os pássaros iniciavam seus cantos e o relógio de Luiza já começava a tocar. O Triiimmm Triiimmm entrava pelos ouvidos de uma forma tão barulhenta que era impossível não acordar de mau humor e resmungando Luiza dizia:

- Um dia eu te quebro

No auge de sua adolescência, aos 16 anos, Luiza era uma típica garota de classe média, de cabelos enrolados e castanhos assim como seus olhos, contudo, a única diferença que Luiza tinha de outras adolescentes de sua idade e de seu convívio era que a sua família tinha sido dada como morta há alguns anos atrás em um acidente e apesar de não entender exatamente o que tinha acontecido, algo assoava dentro de seu peito avisando-a que não era algo tão simples. De qualquer modo, a única lembrança que a restou foi um medalhão, que carregava junto ao seu coração todos os dias.

Luiza hoje vivia com uma prima, ela era sua responsável legal e juntas tiveram que se adaptar com tantas mudanças em suas vidas. Thayse era alguns anos mais velha e levava a sério a responsabilidade de cuidar de Luiza, era como se fosse a sua missão.

O ano letivo estava começando e Luiza apesar de resmungar contra o relógio sempre enrolava um pouco para levantar.

- Vamos prima levanta – disse Thayse.

Com voz preguiçosa, mas em alto e bom som Luiza respondeu:

- Já estou indo, consegue preparar um café? Preciso acordar.

Luiza sentou em sua cama e pode olhar para a foto que ficava em sua cômoda, era um retrato de sua família, onde elas junto aos seus pais e seu irmão mais velho não poderiam imaginar o que iria acontecer. Os questionamentos ecoavam: Por que só eu sobrevivi? Como não lembro de nada?

Luiza estava viva para vinga-los, mas ainda não sabia disso.

- Bom dia Lu, empolgada para o primeiro dia de aula? – Perguntou Thayse servindo-se de uma xicara de café.

- Talvez, se a turma não for chata igual ano passado vai ser tranquilo

Luiza tinha uma certa dificuldade de se enturmar mas sabia que precisava terminar os estudos. Estava no penúltimo ano do ensino médio e não via a hora de ir para a faculdade e iniciar uma carreira, talvez um pouco longe de sua prima e de sua história.

Thayse mal acabará de tomar seu café, já recolhia suas coisas e ia se despedindo para ir cumprir o seu expediente:

- Não fala assim, vai dar tudo certo! Deixei comida na geladeira e já coloquei a ração da cachorra! Estou atrasada para o trabalho!!

Após sua prima sair para o trabalho, tomar café e organizar as coisas, Luiza foi tomar seu banho matinal e ficou refletindo sobre típicos dramas adolescentes enquanto a agua do chuveiro escorria por seu corpo, mas seus pensamentos foram interrompidos pelo seu celular tocando. Secou uma mão na toalha que estava apoiada na pia do banheiro e atendeu:

- Alô?

- Luiza Ferreira Nascimento? – Uma voz rouca disse.

- É ela. Com quem eu falo? – Luiza respondeu

- Anote os números 1272 e entrega à Thayse junto ao medalhão que você possui.

E assim a ligação se encerrou, sem conseguir responder aquele recado, por alguns segundos Luiza ficou refletindo sobre o que ouviu, já que o seu colar possuía as inicias de seus entes queridos que já teriam deixado para trás este plano espiritual e era algo muito íntimo para alguém saber de sua existência, mas sem demora, deixou esse assunto de lado e terminou seu banho, arrumou-se e seguiu seu rumo. Desceu as escadas do prédio onde morava, pegou sua bicicleta e se encaminhou para a escola, mas antes passou na casa de sua amiga Érica para irem juntas.

Até a Batalha Final - Cartas de uma vingançaWhere stories live. Discover now