O dia mal amanhecia, os pássaros iniciavam seus cantos e o relógio de Luiza já começava a tocar. O Triiimmm Triiimmm entrava pelos ouvidos de uma forma tão barulhenta que era impossível não acordar de mau humor e resmungando Luiza dizia:
- Um dia eu te quebro
No auge de sua adolescência, aos 16 anos, Luiza era uma típica garota de classe média, de cabelos enrolados e castanhos assim como seus olhos, contudo, a única diferença que Luiza tinha de outras adolescentes de sua idade e de seu convívio era que a sua família tinha sido dada como morta há alguns anos atrás em um acidente e apesar de não entender exatamente o que tinha acontecido, algo assoava dentro de seu peito avisando-a que não era algo tão simples. De qualquer modo, a única lembrança que a restou foi um medalhão, que carregava junto ao seu coração todos os dias.
Luiza hoje vivia com uma prima, ela era sua responsável legal e juntas tiveram que se adaptar com tantas mudanças em suas vidas. Thayse era alguns anos mais velha e levava a sério a responsabilidade de cuidar de Luiza, era como se fosse a sua missão.
O ano letivo estava começando e Luiza apesar de resmungar contra o relógio sempre enrolava um pouco para levantar.
- Vamos prima levanta – disse Thayse.
Com voz preguiçosa, mas em alto e bom som Luiza respondeu:
- Já estou indo, consegue preparar um café? Preciso acordar.
Luiza sentou em sua cama e pode olhar para a foto que ficava em sua cômoda, era um retrato de sua família, onde elas junto aos seus pais e seu irmão mais velho não poderiam imaginar o que iria acontecer. Os questionamentos ecoavam: Por que só eu sobrevivi? Como não lembro de nada?
Luiza estava viva para vinga-los, mas ainda não sabia disso.
- Bom dia Lu, empolgada para o primeiro dia de aula? – Perguntou Thayse servindo-se de uma xicara de café.
- Talvez, se a turma não for chata igual ano passado vai ser tranquilo –
Luiza tinha uma certa dificuldade de se enturmar mas sabia que precisava terminar os estudos. Estava no penúltimo ano do ensino médio e não via a hora de ir para a faculdade e iniciar uma carreira, talvez um pouco longe de sua prima e de sua história.
Thayse mal acabará de tomar seu café, já recolhia suas coisas e ia se despedindo para ir cumprir o seu expediente:
- Não fala assim, vai dar tudo certo! Deixei comida na geladeira e já coloquei a ração da cachorra! Estou atrasada para o trabalho!!
Após sua prima sair para o trabalho, tomar café e organizar as coisas, Luiza foi tomar seu banho matinal e ficou refletindo sobre típicos dramas adolescentes enquanto a agua do chuveiro escorria por seu corpo, mas seus pensamentos foram interrompidos pelo seu celular tocando. Secou uma mão na toalha que estava apoiada na pia do banheiro e atendeu:
- Alô?
- Luiza Ferreira Nascimento? – Uma voz rouca disse.
- É ela. Com quem eu falo? – Luiza respondeu
- Anote os números 1272 e entrega à Thayse junto ao medalhão que você possui.
E assim a ligação se encerrou, sem conseguir responder aquele recado, por alguns segundos Luiza ficou refletindo sobre o que ouviu, já que o seu colar possuía as inicias de seus entes queridos que já teriam deixado para trás este plano espiritual e era algo muito íntimo para alguém saber de sua existência, mas sem demora, deixou esse assunto de lado e terminou seu banho, arrumou-se e seguiu seu rumo. Desceu as escadas do prédio onde morava, pegou sua bicicleta e se encaminhou para a escola, mas antes passou na casa de sua amiga Érica para irem juntas.

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Até a Batalha Final - Cartas de uma vingança
ПриключенияNo auge de sua adolescência, aos 16 anos, Luiza era uma típica garota de classe média, de cabelos enrolados e castanhos assim como seus olhos, contudo, a única diferença que Luiza tinha de outras adolescentes de sua idade e de seu convívio era que a...