Um tiro selou aquela tão traumática trajetória.
Eles eram o grupo de amigos perfeito. Se amavam incondicionalmente, eram extraordinários, tinham uma vida invejável - ou pelo menos era o que as pessoas achavam.
Mentiras, discussões, vícios, traumas...
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Eles eram o grupo de amigos perfeito. Ou pelo menos era isso que pensavam todos aqueles que os observavam.
Hernán, Ellen, Liam e Lauren. Suas iniciais formavam a palavra HELL, e era exatamente assim que gostavam de ser chamados. Aquela era a maior coincidência de suas vidas, e eles amavam isso. Eles amavam uns aos outros. Nunca foi algo que conseguiram controlar, e, muitas vezes, poderia soar exagerado. Mas o que poderiam fazer? Acreditavam que estavam destinados a se conhecerem, a serem amigos para sempre.
Por um tempo, isso fez total sentido. Entre segredos, discussões, diversos problemas e, principalmente, traumas, encontraram uns nos outros uma maneira de sobreviver, de lidar com as situações ruins que frequentemente badalavam as suas vidas. O grupo era como uma âncora. Afinal, seus ambientes familiares eram horríveis o suficiente para que o único lugar que pudessem genuinamente encontrar afeto fossem em suas amizades.
É intuitivo chegar à conclusão de que eram pessoas desconfiadas, carentes e intensas. Por isso, um dia prometeram que jamais mentiriam uns para os outros – e cada um deles levava isso bastante à sério. Eles confiavam um no outro. Entretanto, o maior problema é que eram mentirosos natos. Não os julgue ainda, era necessário para sobreviverem. E, com as mentiras, os segredos involuntariamente acabavam sendo acidentalmente plantados, regados pelo tempo. Por isso contavam meias-verdades. De certa forma, descobriram que era uma estratégia bem melhor para contornarem as situações exaustivas que o universo insistia em colocar em suas vidas.
No entanto, isso foi a ruína de cada um deles. Essa é uma história sobre quatro amigos que se amavam tanto que acabaram se destruindo.
Após uma trajetória caótica, cheia de intrigas, traições e confusões, tudo os levou até aquela noite de Halloween. Uma quantidade exorbitante de raiva e ódio acumulados, adolescentes bêbados e uma arma perdida. Consequentemente, um corpo terminou ensanguentado no carpete.
Quem matou? Quem morreu? Por que?
Eu estava lá quando aconteceu. Eu vi tudo. Ouvi o disparo, vi o corpo cair no chão, vi as gotas escorrendo pelo carpete. Olhei nos olhos da pessoa que atirou – aquelas imagens me assombram até hoje. Sei o que aconteceu, e a minha vida talvez esteja em risco por causa disso. Não sou inocente. No fundo, mesmo que indiretamente, cada um de nós quatro somos culpados pelo o que aconteceu.
Mas, infelizmente, não posso mais guardar tudo isso em segredo. Por esse motivo, não tenho outra escolha. Preciso te contar tudo que aconteceu. Irei narrar essa história, mas você ainda não pode saber quem sou. Afinal, eu sei a verdade, e revelar a minha identidade causaria grandes consequências. Terá que descobrir isso sozinho.
"O silêncio é o mais perfeito arauto da felicidade. Eu estaria pouco feliz se pudesse dizer o quanto." — William Shakespeare
