Acordei hoje de manhã, me vesti e desci a escada para tomar café da manhã, quando passei pelo corredor tinha um pouco de sangue no chão, o que não era estranho, afinal papai sempre cuida dos negócios mais… Complicados a noite. Quando cheguei na cozinha Calvi já tinha chegado e comido quase toda a comida na mesa.
-- Sério? Você não ia mesmo deixar nada para mim?
-- Ainda tem comida na mesa não tá vendo?
-- Claro, por que eu cheguei aqui a tempo.
-- Você reclama demais.
-- Cala essa boca -- Me sentei e olhei em volta -- Onde nosso pai foi?
-- E por acaso você acha que ele ia me dizer?
-- É, ele nunca diz para gente onde vai.
Peguei uma rosquinha e comecei a comer, papai nunca foi do tipo que contava a onde ia ou quando voltava. Até onde eu sei ele podia só ter ido dar uma volta ou ter ido em uma reunião com chefes de gangues. Terminei a rosquinha e peguei um pedaço de pão, coloquei um pouco de suco de laranja no copo e bebi, ouvi um barulho e depois a porta abriu e o papai entrou.
-- Você demorou -- Calvi se virou para olhar para ele.
-- Eu tinha coisas para fazer, como vai Thyni?
-- Estou bem pai.
Ele fez um gesto com a cabeça, pegou uma xícara de café e saiu. Geralmente ele age de um jeito mais frio depois que volta de uma reunião com outros chefes da máfia, principalmente quando as coisas não saem como ele planeja. Me levantei da mesa e fui para o quintal dos fundos, andei até a macieira e me sentei em baixo dela. O quintal é grande, tem varias árvores, grama e flores, papai faz questão de deixar tudo assim, como mamãe gostava. Eles diziam que por eu ser muito ruim com plantas era uma das poucas diferenças que nós duas tínhamos. Decidi me levantar e sair um pouco de casa, fui até meu quarto, vesti um casaco longo, coloquei minha arma dentro dele e desci mais uma vez a escada. Quando saí o motorista já estava esperando com a porta do carro aberta.
- Me leve até o centro da cidade.
Ele acenou com a cabeça e começou a dirigir. Eu encostei a cabeça no banco e fiquei olhando as casas, árvores e lojas passando. Não tinha muita gente na rua, mais isso é normal por aqui. Estávamos quase chegando perto de um centro de tiros.
-- Pare aqui, pode ir para casa e voltar voltar mais tarde, obrigada.
Desci do carro e entrei no centro de tiros, as vezes eu gosto de vir até aqui para ter certeza que se precisar atirar não vou errar.
-- Bem vinda de volta senhorita Mafiozi -- A recepcionista daqui é simpática, alta e tem um longo cabelo loiro.
-- Bom estar de volta Clarita.
-- A senhorita vai passar o dia todo aqui outra vez?
-- Provavelmente, pode pedir meu almoço de novo? O mesmo da última vez.
-- Como quiser.
-- Obrigada.
Fui até uma divisão, coloquei os óculos de proteção, peguei minha arma, apontei para os alvos e comecei a atirar. Um tempo depois uma porção de batatas fritas e uma copo de coca chegaram, guardei a arma um pouco e comecei a comer. Errei dois de dez tiros, ainda não está bom o suficiente droga. Peguei a arma de novo e atirei sem parar até não errar nenhum alvo e acabei perdendo a noção do tempo. Tirei a proteção e guardei a arma no casaco de novo. Quando cheguei do lado de fora o motorista não estava me esperando, esperei um táxi passar e entrei, pedi para o motorista me levar até em casa e cobrar do meu pai. Quanto mais perto chegávamos, mais tiros eu conseguia ouvir, coloquei a mão dentro do casaco para me preparar caso precisasse usar minha arma. Chegando na porta de casa percebi que tinham guardas mortos no chão.
-- Vá embora e depois acertamos o pagamento.
Ele não questionou, saiu a toda velocidade. Fui andando devagar com minha arma preparada, só tinha sobrado uma bala, se eu errasse já era. No quintal da frente tinham vários homens mortos, tanto do meu pai quanto alguns que eu nunca tinha visto, provavelmente o inimigo. Ouvi um tiro vindo do escritório do papai, fui direto para lá com cuidado para não ser pega de surpresa, olhei pelo canto da porta e vi Calvi sangrando no chão, com uma arma apontada para a cabeça dele, respirei fundo, abri a porta e sem pensar duas vezes meti uma bala na cabeça do cara e fui até Calvi.
-- Tudo bem eu to aqui, cade o papai?
-- Eu….não sei.
Alguém empurrou com força a porta e papai entrou.
-- Estou aqui, você fez o que precisava, pode deixar que eu cuido de tudo aqui, suba e se limpe querida.
Concordei com a cabeça e subi para o banheiro e entrei na banheira. Mesmo parecendo um pensamento frio, eu não me sentia culpada por ter matado aquele cara, era ele ou meu irmão. Alguma coisa me diz que esse é só o começo.
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A garota da máfia
Teen FictionSinopse: A mãe de Thyni morreu ao dar a luz a ela, deixando Thyni e seu irmão mais velho Calvi com o pai, um dos maiores chefes da máfia. Ela cresceu sendo a única mulher da família, desde pequena ela se acostumou a ouvir as brigas e os tiros e apre...