Desde pequena a vida não se mostrou fácil ou dócil, ela se mostrou injusta e errada. Eu tinha apenas seis anos quando meu pai se foi, eu tinha apenas seis e já havia conhecido a crueldade da vida. Desde que ele,meu pai, faleceu tem sido apenas minha mãe e eu, ambas lutando para sobreviver e conseguimos passar pelo pior.
Depois do enterro e de todas as condolências e pesares, minha mãe me arrastou para outra cidade,longe dos olhares,longe dos indicadores,longe do mar de falsos sorriso que nos puxava para baixo e insistia em nos afogar. Buscamos refúgio em uma boa cidade,vivemos em uma boa casa e ela tem um bom emprego que paga as contas e nos possibilita a pequenos prazeres, mas, mesmo vivendo bem, a algo faltando,sinto um buraco vazio e oco no peito.-Katy?! Venha aqui! - em alguns lugares,gritar seria motivo de ridicularização,mas que bom que estamos em casa.
Me levantei da cama e deixei o celular de lado. Me arrastei até o primeiro andar em passos agonizantes quase implorando para que ela vinhesse até mim. Não sou preguiçosa, eu só estou de férias,então eu mereço uns créditos!
Um degrau,dois degrais, três, quatro... Viu,não foi tão difícil.- Mãe?
-Na cozinha!
Vou até ela e a encontro no balcão da cozinha preparando o que eu acho ser nhoque de quatro queijos. Isso não é uma boa notícia,para mim pelo menos,por que ela só prepara esse prato em duas circunstâncias, a primeira delas é quando ela quer algo de mim, eu estava comendo nhoque quando ela me disse que iríamos nos mudar, a segunda opção é impressionar alguém, mas essa não seria a opção certa,não é?
-Olha se você quer me pedir algo é só pedir,nhoque da muito trabalho e sou eu quem lavo a louça então...
-Vem cá,senta!- ela aponta para o banco de madeira do balcão.
O que será que ela quer? Nunca a vi tão feliz,o que será que ela está aprontando!?
-Sim,já estou sentada,o que quer de mim?
-Nossa, sou tão previsível assim?
-Um pouquinho! Mas é sério, eu estava em estado de hibernação e gostaria de voltar para a minha caverna!
-Ta,vou direto ao ponto! - ela abaixa a temperatura do fogo e para de preparar nosso jantar. - seu pai foi meu maior amor, mas enfim, já fazem 12 anos que ele se foi e não é como se eu quisesse troca-lo ou algo do tipo... - esse é o jeito da minha mãe ir direto ao ponto e me contar que está namorando de novo. - mas ,eu conheci um cara e eu realmente acho que ele vale a pena e ele vai vir hoje,por que ele me pediu em noivado e quer te conhecer!
Essas cinco e simples palavras me fizeram perder o chão. Namorar é algo bom pra ela,viver a vida e ser feliz agora,casar? Assim,tão de repente! É loucura não é? Ou estou surtando para nada?
Ela está esperando minha reação, e em seu rosto vejo uma genuína esperança. Ela merece ser feliz e se é isso que ela quer, quem sou eu para negar?-Tudo bem, mãe. A senhora gosta dele? - ela confirma minha pergunta . - então cabe a mim saber as intenções dele,não é? - brinquei.
-Como é que é? - ela cai na gargalhada e eu sorri.
-Ele vai ter que pedir a sua mão,se não eu não aprovo! — falei brincalhona.
-E o que você pode fazer hem? Aprovar já está aprovado! - e o humor dela mudou.
-Mae? Você anda tomando os seus remédios?
Ela me lança um olhar de fúria, e eu sinto em minha pele o medo que eu sentia quando eu era pequena, quando a mão dela estalava em meu rosto,as lágrimas...eu sinto vontade de correr.
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Meus Erros: Us (Degustação)
RomanceDepois da morte do pai,Katy só quer a oportunidade de amar e ser amada,mas ela nunca pensou que tal amor seria encontrado nos braços de Christian Ferrari ,seu padastro. O caos é inevitável mas a paixão instalada entre eles é de fato a faísca que...