único. nossas preguiças matinais

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A consciência de Jiang Cheng começava a voltar à medida que ele acordava. Não tivera sonhos naquela noite, e enfrentava a escuridão que aquelas pálpebras fechadas o forneciam, olhos ainda pesados para serem abertos.

Sua audição foi localizando-o. O quarto estava silencioso demais; apenas alguns pássaros cantavam lá fora, e algo batia com frequência talvez por causa do vento. Mas a manhã estava fresquinha, um tempo agradável mesmo com os lençóis que cobriam seu corpo semi-desnudo.

Ainda de olhos fechados, colocou o antebraço direito em sua testa, como se tentando fazer uma barreira para aquela luz do sol que tentava incomodá-lo. E foi apenas alguns segundos depois que, seguido de seu gesto, algo se mexeu ao seu lado.

Não algo, alguém — aproximando-se dele, deitando sua cabeça em seu peitoral por ter agora o caminho livre sem o braço no meio.

WanYin abriu os olhos, e não evitou sorrir.

HuaiSang ainda estava com os olhos fechados, preso no que parecia ser um sonho tranquilo pelas feições suaves. Os cabelos estavam espalhados pela cama ao seu redor, algumas madeixas enroscando-se nos braços de Jiang Cheng como cipós perigosos, e a franja estava caída para um lado ameaçando esconder seus detalhes. Sua respiração subia e descia tranquilamente no torso exposto muito próximo do corpo de Cheng. Uma mão havia apertado sua cintura, como se puxando-o para mais perto de si.

E Jiang Cheng pegou-se admirando aquela bela imagem matinal. Ter HuaiSang dormindo em paz ao seu lado como primeira imagem ao abrir os olhos era realmente uma bênção. Ele soltou uma risada nasalada.

A mão esquerda seguiu caminho até os cabelos alheios, afastando-os do rosto do Nie com uma suavidade que tocaria algo de vidro. E seguiu libertando-o daquelas madeixas que pareciam prendê-lo. Quando seu pescoço foi exposto, os cabelos sendo jogados para suas costas, a pele a mostra ostentava algumas pequenas marquinhas avermelhadas na palidez daquela pele. Mas tudo em HuaiSang parecia saído de uma pintura, bem como aquelas que ele amava fazer.

Cheng começou a dedilhar seus dedos nos ossinhos da coluna alheia, como se quisesse incomodá-lo até que acordasse, mas de um modo afável o suficiente para não assustá-lo.

HuaiSang gemeu baixo, manhoso de sono como se o pedisse por mais uns minutos para dormir. Mas então ele sorriu quando percebeu que o outro não desistiria tão fácil, e apertou seu abraço em Cheng um pouco mais forte por um breve segundo, como se fosse sua resposta para os gestos alheios.

— A-Cheng, bom dia — falou, a voz ainda baixinha e carregada de preguiça. Sequer havia aberto os olhos ainda. Os dedos de sua mão faziam carícias suaves em Cheng, de um modo inconsciente.

WanYin tocou novamente os cabelos do Nie, alisando-os com carinho.

— Deveria levantar logo, daqui a pouco eles vão vir nos procurar.

HuaiSang soltou uma risada baixa, como se desacreditado no argumento.

— Você é líder de seita. Você quem diz o que eles fazem.

Cheng revirou os olhos, ainda sorrindo, e a mão que estava sobre sua testa desceu até a cintura de HuaiSang, discreta.

— Sabe que não é assim que funciona. — Então, terminada a frase, começou a fazer cócegas na barriga do outro, forçando-o a abrir os olhos e afastar-se para se defender, enquanto ria ao fugir de seus ataques.

HuaiSang havia se sentado na cama agora, mas Cheng o imitou e, agora com duas mãos, persistia com aquela batalha. Ele sorria ao ver o sorriso de HuaiSang se alargando em seu rosto bonito enquanto as mãos tentavam conter as dele.

Terceiro beijo: PreguiçosamenteWhere stories live. Discover now