Com as folhas caindo das copas, os ninhos perdiam a proteção contra o vento forte.
Não havia mais nada a ser feito para adiar a viagem; Beija-flor perdera seu ofício e tinha de partir o mais rápido possível.
Em sua última tentativa de protelar, procurou aquela que aquecia o seu coração a fim de dividir o sentimento acolhedor.
— Venha comigo, doce senhorita. Não há mais lugar para nós aqui. Os dias estão ficando escuros e as árvores já não nos protegem. Venha comigo, por favor!
Palavras jogadas ao vento. De nada adiantara o tom poético e cativante.
A moça mais uma vez se afastou, mas nesse instante soou uma última nota que tocou o coração do Beija-flor como uma flecha que atinge o alvo.
A melodia ecoou no vazio que ali se fizera, e refletiu uma luz minguante do cristal gelado que cercava sua compositora e a isolava em seus anseios.
Foi um adeus.
A ave alçou voo e sumiu na cerração deixando o pobre Beija-flor devastado com seu pequeno, mas profundo, coração partido.
O amor o feriu como uma brasa incandescente e ele percebeu que nada mais poderia fazer.
Olhou para o sul e decidiu seguir o seu caminho sozinho, mantendo acesa a chama da esperança de um reencontro com sua doce senhorita, ainda que só por um lapso de segundo no aconchego do verão.
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O Legado do Inverno
Любовные романыUma história de amor impossível poetizada pela busca entorpecida de um sonho improvável. Até que ponto podemos ir para realizar nossos anseios mais profundos, refletidos pelo espelho da alma? Enlaçando um universo fabulístico, O Legado do Inverno t...