Dangerous Love

Touch of souls. [Capítulo único]

Play - Crazy In Love remix (Beyoncé)

Ela era louca. Não aqueles loucos qualquer, ela era louca de amor, de desejo, de... possessão.

Myoui Mina agora era propriedade de Hirai Momo.

No badalar do relógio, à meia noite, era sobre o ombro de Hirai que Myoui chorava. Completamente sem forças a mais para lutar contra a mais velha, ela rendeu-se. Seus braços, - marcados por dedos que os seguravam como se a energia que os movesse dependia daquilo -, cansaram de lutar. Debatia-se de todas as formas. Se deu por vencida; aquilo lhe venceu, e não era amor.

Hirai tinha um sorriso sobre os lábios, não dos largos, dos pequenos e sombrios carregados por um sentimento de poder, vitória e obsessão. Aquela não era a Hirai de alguns meses atrás, aquela jamais lhe apertaria ainda mais à medida que tentasse fugir.

Era isso que Myoui queria, fugir.

E quando ameaçava correr, Hirai a puxava para si novamente e seu sorriso era flagrado e percebido pela mais nova como seu fim; o som estridente dos gritos que vinham atrelados ao riso doentio perfurava os tímpanos de Mina, como uma lança perfura o coração de um soldado medieval em guerra.

Myoui e Hirai estavam em guerra. Ambas lutando por aquilo que mais fazia sentido para si agora.

Suas vidas.

Hirai tinha Mina como sua vida.

A verdade é que Hirai era louca, louca por Myoui Mina, e ela sabia disso.

Facilmente a garota mais velha levou a outra à uma jaula, posicionada centralmente nos fundos da casa, onde Hirai decidiu que manteria Mina em cárcere. O local era escuro e frio, assemelhando-se aqueles de filmes mal-assombrados.

Hirai empurrou a outra para dentro da jaula e, enquanto ria, claramente satisfeita, rodeava as correntes envolta da grande gaiola que prenderia Myoui, esta que, flagelada e caída no chão, ainda buscava uma fuga, em qualquer meio que fosse, até usar seu resquício de força para tentar - sem sucesso - movimentar as grades de sua prisão.

Myoui estava apavorada.

Chorava alto, os soluços e os esforços para a respiração aumentavam ainda mais o volume do riso que movia-se em círculos em volta da estrutura que a mantia ali. Os barulhos vindos de Myoui se emaranhavam, agora, preenchiam o local que, antes, tinham sons de correntes se arrastando pelo chão.

As frágeis tentativas de Myoui se perderam no mesmo instante em que Hirai adentrou ali, nem sequer fazia ideia de como ela havia feito isso. Buscou rapidamente olhar em volta e, para seu maior desespero, as correntes ainda estavam lá, não às prendendo, sim, as mantendo fechadas. Juntas. Presas uma à outra.

Momo agora se aproximava do corpo à sua frente, tão fraca, Mina mal se mantia de pé. Os passos não eram rápidos, pelo contrário, tão lentos que o medo os acompanhava; quando mais próxima, uma medida de temor era acrescentada à outra.

Quente. Foi a sensação de ter a palma de Hirai tateando a curvatura de seu pescoço, subindo pelos fiapos de seus cabelos menores, por sua nuca e enfim, os puxando levemente. Um choque percorreu toda a espinha de Myoui assim que a outra maleou sua cabeça, a controlando firmemente por seus cabelos que se encontravam quase ligados aos dedos alheios.

Tesão. Era isso que, agora, inundava seu ser a cada puxão firme da outra em seus fios. Mina estava notando toda a soberba de Hirai com outros olhos, olhos de luxúria. Desejando que as mãos que a seguravam tão firme passeassem por seu corpo e, firmemente, apalpasse todas as suas carnes.