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Ester
Será que é tão difícil de compreender que eu não quero companhia de ninguém, muito menos dele? Eu só queria voltar para casa e abraçar meus pais e aquele cabeçudo do meu irmão. É por causa dele que eu estou aqui.
" Não é por causa do Daniel que você está aqui. " - uma brisa leve sussurra em meu ouvido, e eu conheço muito bem de Quem é essa voz.
-- Desculpe. Eu sei que em tudo isso há um propósito, então seja feita a Tua vontade, Jesus - digo, sentindo uma sensação boa de falar com Ele.
Eu não deveria ter sido tão ruim com a fera. E ele estava sendo tão gentil que eu achei que o Espírito Santo havia entrado nele.
Meu estômago estava roncando, pedindo por atenção. Todo mundo sabe que eu sou apaixonada por comida, porém hoje obriguei-me a fazer uma exceção. Além disso, aqui entre nós, a comida desse lugar é muito boa, mas falta a sobremesa, que é a melhor parte. Se for falta de ingredientes eu estou disposta a ajudar. O que, gente? É comida, e eu não dispenso de jeito nenhum.
Estava indo a cozinha procurar alguma coisa para comer até lembrar-me de algo. Ele disse que eu não deveria ir até a ala 7. Como minha curiosidade estava muito maior do que a fome, resolvi ir até a tal ala 7. Nunca se sabe o que se pode encontrar em lugares como esse aqui.
Ando pelos corredores até parar em frente a uma enorme porta. Abro-a devagar e entro. Isso é um quarto de um... um... príncipe. Reconheço pelo fato de haver uma cama de casal luxuosa e uma coroa em cima de uma mesa de leitura. Há alguns objetos jogados em um canto do cômodo. Porém o que chama minha atenção é um retrato de um jovem com olhos verdes que sorri encantadoramente. Ele não parecia ter mais que vinte e três anos. Seus cabelos eram um pouco longos deixando-o mais maduro e sedutor. Olho para o canto do retrato e vejo algo escrito.
-- Príncipe Andrew Valentin, 23 anos - leio.
Reparo em seu dedo e meus olhos automaticamente arregalam-se. Ele usava um anel com um símbolo de uma coroa, o mesmo anel que a fera usa. Eu não acredito. Ele é o... príncipe Andrew. Jesus! Mas como? Meu Deus, acho que vou ter um infarto agora.
Ouvi a porta ser aberta e rapidamente escondi-me atrás da cômoda. Não culpem-me, foi o único lugar próximo que encontrei. O som de passos fazia eu suar frio só de imaginar quem seria. Um longo suspiro ocoou pelo quarto e eu sei exatamente de quem é. Deus, se ele souber que eu invadi o quarto dele eu vou virar o café da manhã dele. Os passos dele ficavam mais próximos de onde eu estava. Ele afastou a cômoda e o que eu mais temia aconteceu. Ele descobriu-me.
Meu corpo instantâneamente tomou-se de medo.
Ao contrário do que pensei, ele não atacou-me, ficou parado olhando para mim e seus olhos faíscavam. Levantei-me devagar e saí correndo do quarto. Em vez de correr em direção ao meus aposentos, desviei para a porta de entrada do palácio e corri saindo daquele lugar.
O frio estava consumindo minhas forças e a neve dificultava fazendo com que eu não conseguisse correr tanto quanto antes. Eu sabia que ele não havia corrido atrás de mim, e isso é bom. A Lua brilhava radiante, mas não o suficiente para ajudar-me a enxergar. Andei tanto que não faço ideia de onde estou.
Sentei-me ao lado de uma árvore e fechei os olhos por alguns minutos. Meu coração estava a mil. Eu nem sei mais o que pensar ou fazer. Escutei um rugido, mas não parecia com o de Andrew. Olhei para trás e vi um enorme tigre olhando para mim. Se eu não virei café da manhã do Andrew é porque eu tinha que ser o jantar desse animal aqui.
Quando vi, o tigre estava vindo em minha direção para atacar-me. Fechei os olhos com força e esperei ter levado pelo menos uma mordida, porém não aconteceu. Abri os olhos e vi Andrew lutando contra o tigre. O tigre deu uma mordida bem forte no ombro dele que rugiu tão forte que fez o felino correr assustado. Seu corpo caiu na neve e o sangue manchava-a. Aproximei-me dele e ele olhou para mim.
-- Obrigada por salvar-me - agradeci.
-- Não foi nada - diz tentando levantar-se.
-- Deixe eu ajudá-lo - ofereci. Ele passou seu enorme braço por cima dos meus ombros.
-- Obrigado - fala e sorri. É a primeira vez que o vejo sorrir.
Voltamos ao palácio e o levei ao seu quarto. Ele sentou-se na cama e ficou olhando para a janela enquanto eu procurava uma toalha.
-- Alteza, o que aconteceu? - uma vela e um relógio entrou dentro do quarto assustando-me.
-- Ele levou uma mordida de um tigre quando salvou-me - respondi antes de Andrew.
Os dois olhavam para o príncipe em busca de uma resposta e ele apenas balançou a cabeça afirmando.
-- Ah, que falta de educação de nossa parte. Sou John, conselheiro real do príncipe e esse aqui é Lourenço, o mordomo - diz sorrindo. Rio por alguns segundos.
-- Eu queria muito que alguém trouxesse água quente para limpar a ferida dele - aponto para o ser sentado na cama.
-- Milena vai trazer daqui alguns minutos - John mal fecha a boca e um bule entra no quarto.
-- Estou aqui - ela diz.
-- Muito obrigada, Milena - sorrio pegando-a e despejando a água em uma bacia.
-- Por nada, senhorita Ester - responde.
Molho uma parte da toalha e levo até a ferida de Andrew.
-- Aí - grita -- Isso dói, sabia?
-- Eu sei que dói, mas eu preciso limpar isso - reviro os olhos.
Continuei limpando com cuidado e depois joguei a água fora e lavei a toalha manchada de sangue. Percebi que ele acompanhava meus movimentos com os olhos e isso foi o suficiente para fazer-me corar.
-- Pronto. Agora você toma um banho e descansa - viro-me para ele.
-- Está bem - diz levantando com cuidado.
-- Senhor, precisa de mais alguma coisa? - Lourenço pergunta.
Andrew olha para mim e eu nego.
-- Então estamos indo - John diz e sai, acompanhado por Lourenço e Milena, sobrando apenas eu e ele.
-- Acho que está na hora de eu sair também - digo e ele segura levemente em meu pulso.
-- Fique. Eu quero conversar com você - ele fala. Sento na cama esperando ele sair do banho.
Fiquei observando o quarto e uma luz que vinha da varanda chamou minha atenção. Fui até lá e encantei-me com o que vi. Uma rosa vermelha protegida por um vidro. Resolvi não mexer e voltei para o quarto. Deixei meu corpo cair sobre o colchão e reparei que é muito macio tanto quanto o que o meu, mas esse tem o cheiro dele. O perfume dele é tão inebriante que está enlouquecendo-me. Por que eu estou desse jeito? Querendo continuar aqui sentindo essa fragrância incrível? A porta do banheiro é aberta e ele aparece apenas de toalha.
-- Quer matar-me de um ataque cardíaco? - pergunto.
-- Você deveria ficar atenta, a qualquer momento eu iria sair - ele balança os pêlos molhados.
-- Vou ficar de costas - digo já de costas para ele.
-- Relaxe, o que você não quer ver está coberto de pêlos, nem dá para ver - diz. Eu tenho certeza de que eu fiquei todas as cores existentes.
-- Eu só não viro-me para dar um soco em você porque você está pelado agora, mas não esquecerei de quebrar-te depois - falo envergonhada.
-- Nossa, estou com tanto medo de você - ele fala. Esse cara só pode ser o deboche em pessoa - Pode virar-se.
Ele vestiu apenas uma calça e passou um perfume.
-- O que você quer conversar? - pergunto quando ele senta-se na cama.
-- Eu queria pedir desculpas por ter sido grosso com você quando nos conhecemos e desculpas por ter irritado você - seus olhos estavam fixos no chão. Ele estava envergonhado.
-- Eu perdoo você. Também quero pedir perdão por ter sido ignorante com você outras vezes. Eu estava triste - seguro sua mão. Senti um calor emanar do meu corpo.
Ele sorriu e levou minha mão ao seus lábios e beijou-a. Seus olhos encontraram-se com os meus e nos perdemos em olhares. O verde dos seus olhos tornou-se mais escuro, e o que vi neles foram... desejo? Ele deseja a mim? Por quê?
-- Tenho que ir - digo levantando-me.
-- Espera. Ensine-me a conversar com Deus - viro-me rapidamente para ele. Como Andrew sabe dEle?
-- Vo... você quer que eu ensine-o a orar? - pergunto emocionada.
-- Eu quero muito - pede.
Sento ao seu lado e peço para que feche os olhos e ele obedece.
-- Pai, no nome de Jesus Cristo, não sei o que se passa no coração do Andrew, mas o Senhor sabe de tudo, e intercedo por ele e peço-te que o cubra com uma unção de conforto, que o Senhor venha acolhê-lo em seus braços e lhe conceda uma paz que vem somente do Senhor, a paz que excede todo entendimento. Muita força, muita coragem e que seus desejos venham ser realizados para a glória e o louvor do seu Santo Nome. Amém - abro os olhos e o vejo chorar como uma criança que precisa de proteção.
-- Muito obrigado - diz abrindo seus olhos.
-- Não tem de quê - limpo suas lágrimas.
Ele deita-se e cobre até a cintura. Deixei um beijo em sua bochecha peluda e fui para meu quarto.
Enquanto vestia minha camisola fiquei pensando em tudo o que aconteceu. Descobri que ele era o príncipe Andrew, ele encontrou-me no quarto dele, salvou-me de um tigre. Vejo que as coisas estão mudando entre nós.(...)
Acordei com o Sol queimando meu maravilhoso rostinho. Não lembro de ter deixado a janela aberta. Abro os olhos devagar e sorrio quando vejo quem está sentado a beira da cama observando-me.
-- Levante-se, dorminhoca - fala sorrindo.
-- Ãn, deixa eu dormir - viro-me para o outro lado e coloco o travesseiro sobre a cabeça.
-- Esse travesseiro é confortável? - ouço perguntar.
-- É macio - respondo tirando-o da minha cabeça, mas de olhos fechados.
-- Então eu vou ser claro. Se você não levanta-se, eu vou deixá-lo só as penas.
-- Ai, mais como você é chato. Não sei se você consegue ser melhor ou pior do que o meu irmão - levanto-me indo até a varanda.
Sinto a brisa tocar minha pele. A neve brilhava sob o luz do Sol. Estava encostada a porta quando vi Andrew parado olhando para o meu corpo. A minha camisola quase, quase, transparente. O Sol deixava minhas curvas a mostra por baixo do tecido fino. Entrei e fechei a porta da varanda.
-- Desculpe, Ester - ele desvia os olhos de meu corpo.
-- Não se preocupe - toco seu ombro.
-- Bom, estarei esperando você lá embaixo - beija minha testa e sai.
Faço minhas higienes e troco de roupa. Calço um par de sapatilhas azuis e visto um vestido lilás. Ao descer vejo Andrew sentado olhando para mim sorrindo.
-- Bom dia - digo sentando na cadeira ao lado.
-- Bom dia - responde ainda sorrindo.
Ele estava prestes a levar a taça com suco a boca quando lancei-lhe um olhar reprovador.
-- Vamos orar primeiro - falo.
-- Desculpe. Não estou acostumado com isso - diz.
Fizemos uma oração agradecendo por mais um dia e pelo alimento e depois começamos a comer.
-- Eu preciso que você ajude-me em algo - ele diz mastigando um pedaço de bolo.
-- Em quê?
-- Quero que ensine-me sobre Deus - fala fazendo-me abrir um sorriso.
-- Claro que sim - respondo feliz.
Continuamos comendo até ele levantar-se e levar-me ao seu quarto. Ele abre uma gaveta e retira de lá um livro. Era uma Bíblia. Nunca imaginaria que Andrew possuiria esse livro maravilhoso.
-- Explique-me tudo - pede.
-- Bom, o que você quer saber?
-- Tudo - diz.
-- Ok - suspiro -- Você já perguntou para si como tudo existiu?
-- Não.
-- Então eu vou contar de uma forma que você vai entender perfeitamente - sorrio.
-- Vai cantar? - levanta uma sobrancelha.
-- Vou. No princípio de tudo
Era o mundo coberto por trevas
Nele Deus escolheu se revelar e criar
Ele existe desde os dias da eternidadeViu o mundo e disse:
Haja luz, haja luz
Apenas uma ordem do Altíssimo
e houve luz.Deu-se a criação, sem explicação
Tomou-se por trevas
Tudo que foi criado o pecado manchou
Foi então que o Deus que ilumina e
restauraVeio ao mundo e disse:
Sou a Luz, sou a Luz
Apenas a presença do Altíssimo
nos trouxe água.Apenas uma ordem do Altíssimo
e houve luz - finalizo.
-- Uau. Incrível. Não existia nada, aí Deus resolve criar. Legal, mas tenho uma dúvida, tinha alguém com Ele?
-- Sim. O Filho dEle e o Espírito Santo - respondo.
-- Deixe eu ver se entendi, quando Ele foi criar, o Filho dEle estava lá, não é aquele que veio para a Terra e morreu por nós? - pergunta duvidoso. Ele sabe. Andrew está surpreendendo-me.
-- Sim. É Jesus, o nosso Salvador. Mas isso é um assunto para falar depois da criação. Quando Deus criou tudo, ele fez o homem, que chamou de Adão, que logo um tempo depois sentiu-se sozinho. Aí Deus fez a mulher, Eva, para ele cuidar e amar - seus olhos brilharam quando citei essa parte.
-- E como o pecado surgiu?
-- Deus disse que eles poderiam comer de todas as frutas do jardim, exceto o fruto da árvore da ciência do bem e do mal...🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹
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A Bela e a Fera
Spiritual🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀 Um monstro. É isso que o príncipe Andrew se considera. Uma fera que todos temem. Depois de ter sido amaldiçoado, Andrew procura meios de quebrar o feitiço. Mas os anos se passam e ainda não voltou a ser humano. Ele acha...