único.

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estou vestido e preparado. tudo está pronto e decidido.

e está é uma pausa de um momento, um momento sombrio.

sinto-me reluzir nas trevas e no podre musgo mesclado sobre a mancha do azul refletido ao céu. os violinistas ergueram seus arcos, este é o meu chamado.

um pulo certeiro, sem volume ou respingo. eu mergulho na imensidão azul e afundo, sinto a pressão da água me fazendo descer, existem pedras em meus bolsos, ele diz venha, digo, venha. então, olho para cima e pergunto-me se esse céu azul pudesse permanecer para sempre, se essa imensidão fosse real, se as palavras ditas fossem verídicas, eu subiria a superfície, mas as nuvens estragaram tudo.

está escuro, é frio, este é o meu mundo. eu preciso de ajuda. minha cabeça arde e a água percorre meus pulmões, sobe a minha cabeça e escurece minhas vistas. está apertado e eu não estou mais aqui.

se essa abertura que tende a me engolir pudesse permanecer para sempre, se fosse real.

depois de um tempo surgem raízes mas eu não sou fluido.

fui encontrado dias depois, fui telespetador desse momento. fiz o jejum de sessenta dias, não dormi ou me alimentei, acabou. eu acabei.

dizia o céu; és temporário. e nem mesmo ele se suportou, se permitiu ser consumido pelas nuvens entendendo que, nada dura como deveria, talvez fotos ou ossos, eu aceitei isso.

assim nada poderia fazer com que eu resistisse por muito tempo.

blue sky.Onde histórias criam vida. Descubra agora