capítulo 1 Judi

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E mais uma vez a história se repetia. Judi, a garota que sempre estragava tudo e afastava a todos.

Daquela vez não foi diferente.

Axel fez de tudo por mim e eu consegui destruir tudo, e o pior, havia magoado ele. Não esperava seu perdão, pois o que fiz, com certeza, nem eu perdoaria. O vi ser preso na minha frente por algo que não cometeu e não fiz nada para ajudá-lo, mas não podia e com isso ele foi embora e eu fiquei ali, sozinha naquela cidadezinha, que a propósito estava odiando. O frio estava congelando até meus cílios.

Queria muito viajar para minha cidade natal, mas ainda não poderia, faltava uma semana para entrar de férias da faculdade, do meu primeiro período.

Estava parada, sentada no piso amadeirado do meu quarto olhando para meu guarda roupa aberto. Pensando em qual roupa iria usar para mais um dia na faculdade. Era mais fácil no colégio, onde tinha todo o uniforme completo.

Poderia pegar qualquer uma, só estava usando isso como pretexto para não pensar demais em certo alguém com os cabelos loiros desgrenhados, graças a ele não consegui dormir, não só aquela noite, como quase todas depois da sua partida. E quando conseguia dormir, sonhava com ele, com seus olhos esverdeados cheios de ternura e naquele sorriso inocente e ao mesmo tempo malicioso que eu tanto adorava. Mas no final ele sempre ia embora, então acordava sentindo um vazio no peito.

- Arrgh! Isso é uma tremenda mentira, não é Aquiles?! - olhei para meu cachorro, que a propósito foi ele quem me deu. - A quem estou querendo enganar?!

Minha mãe me ensinou que não importava a situação, sempre deveria estar bem vestida, mas não ligava mais pra isso. Até tentei.

Aquiles se espreguiçou em cima da cama e pulou vindo até mim abanando o rabo peludo. Todas as vezes que olhava para ele, me lembrava do Axel, em como os dois brincavam pelo apartamento, saíam derrubando tudo. Teve uma vez que a senhora Berta veio reclamar. De acordo com ela, os hóspedes do andar de baixo resmungaram dizendo que parecia ter cavalos trotando ali. E era óbvio que não paramos. No final parecia que tinha passado um furacão no apartamento e Aquiles queria brincar mais.

Peguei um conjunto de moletom marsala e um tênis preto. Tentei fazer um penteado, mas até o meu cabelo resolveu ficar contra mim, nem um simples rabo de cavalo ficou bom.

Fiquei um tempo me olhando no espelho, pensando na pessoa que havia me tornado. Tive pais maravilhosos, que me amaram e sempre cuidaram de mim com carinho, sempre tive tudo o que quis, jamais poderia reclamar da vida que tive.

Minha irmã, assim como eu passou por muitas coisas desde a morte do papai, desde então senti que algo nos afastou. Por um tempo culpei o Killian, mas depois desses anos entendi e acreditei que quando o destino ou o universo determinava algo, não importava as dificuldades, eles sempre ficariam juntos. E depois veio a Turquesa. Ah, como eu amava aquela princesa. Foi ela que uniu nossa família novamente. Ela deu esperança e paz. Christopher teria se apaixonado por ela, assim como todos.

Aconteceram tantas coisas depois que ele partiu, tantas coisas que queria compartilhar com ele... mas não podia. As vezes sentia raiva dele. Raiva por ele ter ido tão cedo, raiva por ele não ter ficado mais tempo com nós. E acima de tudo, raiva de mim mesma por quase nunca ouvir seus conselhos. E no final eu chorava por ter sentido raiva dele.

Quando estava no meu último ano do ensino médio, com a Mika na África, Rosie tinha tempo integral para ficar me vigiando, ficava me questionando sobre qual curso faria, em qual faculdade, isso quando ela não tentava impor. Eu a amava muito, afinal ela era minha mãe, mas às vezes tinha vontade de sair correndo de perto dela.

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⏰ Última atualização: Aug 06, 2020 ⏰

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