1-Tears of Pain

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    Coisas ruins acontecem com pessoas boas.Acho que é isso, na verdade, só pode ser isso!

    Encontrava-me jogada na rua escura, já era tarde da noite e ninguém em sá consiência estaria fora de casa a essa hora.Meu corpo doía a ponto de não conseguir me mexer, minhas partes intímas estavam molhadas e tenho certeza de que era sangue escorrendo pelo meio delas.Estava com medo e sozinha, tentando não lembrar do que houve comigo.

    Escutei passos e me desesperei, será eles atrás de mim novamente?Um par de tênis preto apareceu no meu campo de visão, observei o desconhecido por-se de cócoras enquanto tirava minha franja dos olhos.

"Moça?Está bem?" Ele esperou minha resposta, acho que se decepicionou ao não obtér uma. "Minha nossa, devo ligar para a polícia?" 

    Polícia! Era disso que eu precisava: da polícia.Tentei lhe dizer que sim, mas nada saiu da minha boca.Me assustei quando o estranho se levantou, logo após ouvi sua voz, urgente, ele pedia por ajuda.Minutos depois eu ouvia sirenes, e só quando pude confirmar que era a ajuda deixei meu corpo se afundar no escuro do meu subconsciente me sentindo leve.

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    Acordei sonolenta, os olhos pesados, a cabeça um pouco tonta.Abri os olhos devagar devido a luminosidade da ambiente, olhei em volta e me vi em um hospital.Além da minha cama, havia uma espécie de cabideiro hospitalar onde estava penturado uma bolsa plástica por onde pingava, supostamente, soro dentro de um canudinho levando direto para meu braço, onde tinha uma agulha presa.

"Sara?Você está acordada?" Essa voz, eu a reconheço.É Lena minha melhor amiga. "Deus garota, você acordou! Espere um pouco eu vou chamar alguém."

    Senti meus olhos ficarem marejados ao ouvir a sua voz. Me trouxera conforto, carinho, mas principalmente, casa.Ouvi vozes se aproximando e olhei para a porta, vendo Lena e um senhor entrarem no quarto.

"Sara, não é isso?" O senhor perguntou e eu apenas acenti. "Bem, precisamos saber o que te aconteceu para saber se devemos ou não contatar a polícia. Tenho uma leve noção do que poderia ter te causado esses ferimentos. Você tem marcas de arranhões pelo corpo, um olho roxo e ematomas por quase toda a superfície de sua pele. Sua... Sua área genital foi encontrada sangrando e precisaremos fazer alguns exames quanto a isso." Ele chegou mais perto e pôs sua mão sobre a minha, olhando em  meus olhos. "Sinto muito, Sara."

    O doutor saiu da sala após verificar meus machucados, e só então eu chorei, chorei agarrada ao braço de Lena enquanto ela acariciava meus cabelos sujos afirmando ficar tudo bem.

"Lena, eu tenho nojo, oh Deus, como eu tenho nojo de mim mesma" Desabafei, tentando controlar os soluços que dava junto com o choro.

"Não fale besteiras Sara, você logo sairá daqui,  dará queixa e eles encontrarão quem lhe fez isso. Eu cuidarei de você, meu anjo! Eu prometo." Adormeci escutando a promessa de Lena, vencida pelo choro, voltei a inconsciência.

   Acordei me sentindo melhor fisicamente. Lena ainda estava no sofá ao meu lado segurando minha mão. Ela levantou a cabeça em minha direção quando dei um leve aperto em sua mão, ainda estava  fraca, e me custou um grande esforço o movimento. Minha amiga sorriu para mim, mas foi um sorriso cansado, eu percebi.

"A quanto tempo está dormindo aqui?" Perguntei a Lena, minha voz não saindo mais auto que um sussurro. Ela pareceu se assustar com a minha pergunta o que me surpreendeu.

"Não contei na verdade. Se não me engano à uma semana" Seus olhos se arregalaram, mas logo um bocejo se abriu em seu rosto.

"Pode ir pra casa Lena, estarei bem." Lena além de minha melhor amiga divide o apartamento comigo e com o Jack, nosso amigo gay.

    Ela sorriu para mim como se descobrisse o chocolate em sua vida, Lena se levantou pegando alguma coisa em uma mala e levando até onde eu deduzi ser o banheiro e voltou. Olhei-a desconfiada mas não a questionei.

"Venha Sara, irei te ajudar a tomar banho e depois de fazer alguns exames iremos para casa" A olhei como se fosse uma miragem. Casa. Essa palavra soa tão bem, e a saudade foi tanta que mal percebi as lágrimas escorrerem pelo meu rosto até que Lena as limpou, ajudando-me a levantar da cama e ir para o banheiro, onde percebi que o que ela trouxera a pouco tempo cá para dentro foram os produtor de higiene.

    Lena lavou meu cabelo massageando-o, o que agradou-me muito e ajudou a relaxar. Me senti melhor após tirar toda a sugera de mim, e acabei por colocar um vestido azul escuro até o joelho, complementando com um cinto bege fino e uma sapatilha preta. Após me arrumar, Lena me levou até o médico que havia ido me avaliar na primeira vez que acordei. Fui encaminhada até um ginicologista, que me examinou e constatou que de fato eu havia sofrido uma penetração forçada. O próprio hospital iria dar queixa e me comunicar assim que a polícia marcasse o dia do depoimento.

    Fomos de carro até o nosso prédio, não falamos muito no caminho, minha amiga entendeu que eu precisava de um tempo só para mim e meus pensamentos. Mesmo eu já sabendo o que ocorreu comigo foi um grande trauma ter de ouvir isso da boca de outra pessoa.Estuprada. Senti uma lágrima escorrer ao entrarmos no elevador e seguir direto para o 13° andar. Entramos no apartamento ainda em silêncio que só foi quebrado por Jack que gritou meu nome e correu para me abraçar.

    Recuei o máximo possível de Jack, não queria o seu abraço, o que confundiu tanto a mim quanto a ele.

"Sara, você está bem?" Ouvi Jack me perguntar, e corri, sabendo que acabaria maguando-o se dissesse a verdade a ele: eu não o queria me tocando, na verdade, não aguentaria ninguém me tocando.

    Cheguei ao meu quarto e fechei a porta, me encostando nela logo em seguida, trancando-a. Um movimento  em minha cama me chamou a atenção, e percebi que Ted, meu cachorro, me olhava deitado. Fui até ele e o peguei, deitando na  cama e o pondo ao meu lado, e logo dormi, mexendo em seu pelo.

    (A mídia ao lado representa Sara deitada com o seu cachorro, Ted.)

    

Dry LipsOnde histórias criam vida. Descubra agora