Na ilha de Buntnawa, um jovem Nativo chamado Kashi conversava com seus amigos numa clareira. "Nativo é pros putos da Capital!" disse, e como sempre concluía: "Nós somos Karranos". Sabia que não podia ficar falando isso em qualquer lugar, vai saber quem da Capital estivesse ouvindo, mas estavam sozinhos. Já tinham seus 30 anos, não eram mais crianças! Também, não eram adultos.
"Eles que se fodam, 200 anos e o cérebro já pára de funcionar... Meu pai nem ao menos reclama, já se acostumou a abaixar a cabeça... A gente já tentou falar com eles, com o Chefe, ninguém faz nada", eles tinham direito de falar, reclamar da situação. Estavam preparando um ataque à Capital, na pequena base que existia perto dos vilarejos, iam destruir tudo lá e expulsar os Capitanos. Eram em 6. Pegaram gravetos do chão, foram pra casa de um deles e os cobriram de chumbo. Cada um moldou a arma que quis, e Kashi fez um tipo de lança, bem pontuda e comprida.
Cortaram as cordas que tinham na boca, e nenhum deles chorou. Com ânimo renovado e coragem nas armas, correram até a base, gritando. Kashi tropeçou, caiu no chão e levantou, mas seu amigo Seibay rapidamente notou algo errado. Kashi havia torcido o pé. "Logo agora" pensou, "Justo quando meus amigos mais precisam de mim" e começou a chorar. Seibay segurou em seu braço, fazendo apoio para que conseguisse andar mais rápido. Já não viam os outros.
Chegando perto da base, viram um de seus amigos segurado pelo que parecia um Capitano. Um segundo depois, sua cabeça se desprendia, caindo no chão. Os soldados, rindo, andaram de volta à base, o som da porta metálica se fechando atrás deles. Kashi e Seibay se aproximaram. No chão, espalhados, imóveis, estavam seus amigos. O último a ser cortado, sem a cabeça.
Kashi caiu no chão. Seibay cobriu a boca, tapando um grito. Lágrimas rolavam de suas faces. Kashi levantou. "Ha..... ha..... aaa... Aaaaa... AaaaaAAAAAAaaaa...AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH-" urrou, mas antes de poder fazer qualquer coisa sentiu um golpe na cabeça, perdendo controle do corpo. Seibay, aparando a queda, jogou-o em suas costas, e num tiro começou a correr, adentrando mata. Só parou depois que estavam bem longe da base, então caíram no chão, Kashi se esforçando para retomar os movimentos.
Conseguiu se levantar e virou para Seibay. Ia gritar-lhe, dar-lhe uns bons socos, talvez até ameaçá-lo com a arma que havia preparado. Preferia morrer como Karrano a fugir e deixar os amigos, Seibay sabia disso e agora ia sofrer, covarde fraco que era... mas parou quando viu seu rosto. Seu ódio lhe saía, dando lugar a um vazio enorme, uma sensação de impotência e fracasso que nunca tinha sentido... Seu peito pesava e a cabeça martelava. Todo o corpo tremia, mas não era frio.
Seibay estava em posição fetal, acabrunhado, a face quase descolando tamanho o choro. Kashi se aproximou, encostando-lhe no ombro levemente. Seibay olhou, não por mais de uma fração de segundo, afastando o rosto e cobrindo-o, a soluçar. Kashi fechou os olhos, a única coisa lhe mantendo consciente, o único laço impedindo-o de cair, a mão no ombro do amigo. Sentiu um rombo em sua barriga, cansado. Deitou no chão, encostando a testa nas costas de Seibay, e chorou.
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K S começo
AdventureMasteka, um mundo estranho e diferente do nosso. Gustavia, Capital, Profundo e Buntnawa são alguns dos lugares centrais que essa história terá começo, meio e fim. Está pronto pra ir comigo? Então vamos.