Changkyun quase não dormiu pela noite, já que chorou a maior parte do tempo e na outra parte ficou preocupado com seu pai e em como ele deveria estar se sentindo. Dormiu três horas, no máximo.
Assim que levantou, o Im olhou a casa inteira e não achou o dono dela em lugar nenhum. Seu desespero ficou ainda maior quando percebeu que o portão estava trancado e ele não poderia sair para pedir ajuda.
Há duas horas atrás, quando Hoseok acordou, a primeira coisa que fez foi ir até a delegacia mais próxima. Os ponteiros do relógio indicavam ser seis horas da manhã quando ele saiu. Trancou tudo pela segurança de Changkyun naquele bairro e não o acordou, pois achava que ele já tinha passado por muita coisa no dia anterior, e merecia dormir mais um pouco.
Mas o Im não sabia que Hoseok havia saído para ajudá-lo. Colocou na cabeça que ele estava fingindo o tempo inteiro e apenas queria fazê-lo de prisioneiro para se aproveitar de alguma forma.
Já tinha chorado tanto antes de dormir que parecia não haver mais lágrimas para molhar seu rosto inchado agora. Mas estava tão nervoso e assustado que suas mãos tremiam e seu estômago parecia estar gelado pela angústia.
Não se deu conta de imediato, mas seus pensamentos vagaram para Hoseok, e a voz doce dele invadiu seus ouvidos. Nunca conseguiria explicar como suas mãos pararam de tremer caso alguém perguntasse; elas apenas pararam.
Um barulho no portão foi o suficiente para Changkyun levantar do sofá em um pulo e se esconder atrás do mesmo, então ele entendeu que não tinha imaginado a voz de Hoseok, mas que ele realmente havia voltado.
Passos calmos foram escutados e o barulho da chave sendo colocada em cima da estante também. O Im estava prestando atenção em tudo, por isso não foi surpresa quando o corpo forte parou diante de si.
-- Changkyun? O que aconteceu? Por que está se escondendo?
Ele apenas levantou, encarando Hoseok pelo canto dos olhos.
-- Conseguiu dormir um pouco? Fui até a delegacia, mas não quis te acordar.
-- Por que não quis me acordar? Por que está cuidando de mim? Fala a verdade. Você vai me machucar e me matar? Eu sou seu prisioneiro?
-- De onde você tirou isso? Eu não quero te fazer mal!
-- Então por que está me ajudando assim?
-- Se eu estivesse na sua situação, em um lugar estranho e sem conhecer ninguém de verdade, iria querer que uma pessoa me ajudasse. Eu não imagino o quão mal você está se sentindo, então estou tentando amenizar sua dor, seja ela imensa ou moderada.
-- Pensei que você tivesse me trancado de propósito, e que fosse fazer algo muito ruim comigo.
-- Por que está pensando assim de mim? Eu já disse que não quero te fazer mal algum, Changkyun.
-- É difícil, Hoseok... Me desculpe.
O Lee suspirou e enxugou as lágrimas que Changkyun nem percebeu estar chorando.
-- Me desculpe também, eu não culpo você. E acho que deveria ter deixado um bilhete ou algo do tipo.
-- Mas o que disseram a você na delegacia?
-- Disseram que ainda não fez quarenta e oito horas. Mesmo que você esteja perdido ou alguém esteja te procurando, eles não podem contrariar o sistema. Apenas me deram um formulário pra preencher com seus dados e entregar quando voltar lá.
-- Mas eu estou mesmo perdido! Como eles podem não me ajudar, sabendo que me perdi?
-- Eu não sei... Desculpe não poder ajudar mais.
-- Isso não é sua culpa. Onde está o formulário?
-- Na estante. Mas você já comeu hoje?
Changkyun balançou a cabeça negativamente.
-- Sabia que o café da manhã é a refeição mais importante do dia? Vá comer. Eu deixei frutas em cima da mesa, e tem cereal também.
-- Mas eu não estou com fome.
Hoseok cruzou os braços e indicou a cozinha com o queixo. Changkyun suspirou, se dando por vencido, indo comer o que estava na mesa.
-- Sabe, Changkyun, quando te vi ontem, senti medo de você estar me dando um golpe.
-- Um golpe? Por que eu faria isso com alguém tão grande? Não sou burro.
Hoseok riu, se juntando a ele na cozinha.
-- Que bom que você não é como imaginei no início.
-- Sinto a mesma coisa em relação a você. Gosto da sua companhia.
O Lee ficou muito feliz em saber que Changkyun estava ficando mais a vontade consigo. Por isso precisava dar ainda mais espaço a ele.
-- Olha, eu vou estar no quarto organizando algumas coisas do trabalho, então pode ficar a vontade e responder o formulário quando quiser. Se precisar de algo, sabe que pode me chamar.
-- Obrigado, Hoseok. Realmente não sei o que faria se não tivesse encontrado você.
-- Você provavelmente teria congelado de frio. - sorriu antes de ir em direção ao quarto - E eu não estaria vivo pra me arrepender de um ato inútil que não foi cometido.
Changkyun não sabia, mas ontem Hoseok teve mais um dia de merda na agência bancária onde trabalha. E, antes de o encontrar na rua, cogitou a ideia de acabar com isso de uma vez por todas. Talvez esse encontro não tenha sido mesmo por acaso.
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Lost boy [Wonkyun]
FanfictionChangkyun, um morador novo da cidade, dorme no ônibus e vai parar em um lugar desconhecido. Hoseok estava voltando para casa ao se deparar com um garoto desesperado, chorando sozinho na rua. ©2020