"Bom dia meu amor" era a voz do papai, ele sempre nos acordava assim desde a mudança, mas por algum motivo o dia amanheceu mais triste e minha vontade era de ficar no jardim sozinha o que o papai logo entendeu, pois ele me convidou para um café lá mesmo; apenas coloquei um vestido e desci até o jardim onde para o meu espanto encontrei Lusie e Charles já a minha espera, sentados a mesa coberta de guloseimas e sucos, puxei o mais fundo que consegui um sorriso que pelo visto foi bem feito na face."Você gosta de laranjas?" perguntou timidamente Lusie quando Charles já havia ido embora e estávamos só nos a mesa. Sim, gosto muito e você?
É azeda; então soltou uma grande gargalhada e pela primeira vez em muito tempo e sorri de verdade, ali estava o broto de uma grande amizade.
Passamos a manhã brincado no jardim e depois de almoçar fomos até meu quarto onde apresentei minhas bonecas e meu diário meio vazio, que ela logo fez piada com a capa que era rasgada e estava amassada, mas ela não conseguiu ler, o que me impressionou bastante, já que ela era dois anos mais velha que eu, até que percebi que ela não sabia ler.
Então eu tive a ideia de ensinar ela a ler, comecei com o alfabeto, ela aprendeu muito rápido e então emprestei a ela um dos meus livros, ela deveria tentar em casa também; logo antes do chá corremos para o parque para treinar a leitura e aproveitar o ar primaveril, ela realmente era muito inteligente, pois aprendeu muito rápido e em menos de uma semana estava lendo os mesmos livros que eu.Nós encontrávamos todos os dias pela manhã e brincávamos o dia todo, dançávamos, fazíamos pinturas e até líamos alguns livros; neste momento percebi que a única amiga que tinha era ela e eu estava realmente muito feliz com isso, afinal ela também sempre me disse que eu era sua melhor amiga...
Certa vez meu pai levou sua nova acompanhante para nós apresentarmos, desde o primeiro segundo odiei ela, sentia muita saudade da minha mãe que pelo visto não sentia o mesmo por mim; nas próximas semanas que se passavam ela sempre estava em minha casa, o que me deixava cada vez mais triste, pois ela nunca foi gentil comigo e tratava Lusie como um mostro, mas nunca na frente de meu pai.
Até que uns dias antes do meu aniversário de oito anos, ela nos trancou no quarto por horas alegando estar com dores de cabeça e sem saco para crianças, até que eu consegui abrir a porta e a empurrei da escada, algo que me deixou muito contente no momento mas depois tive que receber as consequências e fiquei alguns dias longe de Lusie, ela realmente sabia como me afetar.
Nunca pensei que uma amiga pudesse ser tão legal, as tardes de verão eram imensas e eu poderia morar para sempre no momento em que estamos no jardim tomando chá com as bonecas; tudo foi muito perfeito, todos os momentos, todas as confissões e todas as brincadeiras.