Único; cansaditos.

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— Eu estou tão... cansada...

Ladybug murmurou, após um bocejo generoso. Chat estava ao seu lado, e parecia tão quebrado quanto ela.

O fato era a vida de ambos estar indo do estressante ao esgotante em uma linha tênue de minutos.

Marinette estava extremamente engajada no primeiro desfile que faria junto à turma da faculdade e tudo precisava estar perfeito. Trabalhavam dia e noite para que nada ficasse falho ou para que não rolasse nenhum tipo de imprevisto. A turma era responsável por tudo e ela, ainda por cima, era a líder do projeto.

Entre criações e organização, Marinette já tinha perdido mais horas de sono nos últimos dois meses do que podia contar, mas aquela última semana estava sendo ainda mais dolorosa como uma ferida recém aberta. Hawk Moth estava fazendo uma chuva de akumas fortes, os últimos detalhes estavam requerendo o máximo de sua concentração e a falta de sono acabava com seu bom humor. Era Chat quem lutava para suportar a – quase – namorada naqueles momentos de luta e glória.

Enquanto, como Adrien, tem estava desgastado com os próprios afazeres.

A faculdade de física requeria mais do que as pessoas imaginavam, e trabalhar com números era de queimar os neurônios até dos mais inteligentes e propícios a boas horas de estudo. Certas noites, ele não conseguia nem mesmo chegar perto de um caderno, enquanto em outras ele estava a base de cafeína para conseguir resolver os exercícios propostos pelos professores e terminar os trabalhos.

Com a aproximação do estágio, tudo começou a ficar ainda mais corrido e estressante, além de um caos em sua mente. Ele entraria em uma sala de aula e ministraria uma aula para crianças de sexto ano que poderiam querer sua cabeça em uma bandeja de prata, pelo menos era isso que passava em sua mente. Estava planejando a primeira aula naquela semana, queria fazer algo lúdico e atrativo para conseguir trazê-los para aula de bom grado e não começar com uma mesmice de sempre.

E toda aquela preparação era incrivelmente cansativa. Fora o sexto, tinha do sétimo ao nono para ensinar e tudo parecia caminhar bem, ao mesmo tempo que se sentia em uma corda bamba finíssima que poderia jogá-lo no mar de lava caso ele fizesse alguma coisinha fora dos padrões que já tinha montado.

— Então somos dois... — Ele se aproximou, com os olhos brilhando em pura preguiça. Encostou-se em uma das barras da Torre Eiffel e grunhiu ao esticar o corpo. — Não dormi direito essa semana.

— Eu também não...

— Bem que poderíamos tirar um descansinho...

Por instantes ela o fitou, indagando silenciosamente se era apenas uma brincadeira ou não. Chat estava distraído, olhando para o céu.

— Não é uma má ideia... — Atraiu a atenção dele. — Digo... um cochilo não faz mal para ninguém, né?

Chat Noir chacoalhou o ombro, parecendo concordar.

— Onde vamos descansar?

— Uhh... eu acho que sei um lugar.

[...]

— A varanda dos Dupain-Cheng?

Ladybug ficou sem jeito, coçou a nuca envergonhada e acabou sorrindo.

— É... eu conheço os donos, e a filha deles também. Não vai ter problema e... Hawk nunca vai imaginar que estamos dormindo em um telhado alheio de padaria.

— Você tem um... — O maior bocejou. — ...ponto.

Trocaram um sorriso, antes de acomodarem-se na cadeira disposta naquele terraço. Chat ficou sob ela, e acabou pegando no sono primeiro também. Ladybug acabou observando-o, soltando um sorrisinho pelo modo que ele ficava adorável enquanto dormia. Mal percebeu quando – também – adormeceu nos braços do herói.

O que nenhum deles esperava era que Plagg desfizesse a transformação, logo seguido por Tikki.

— Plagg! — A kwami chiou, com um olhar duro e sério. — Por que desfez a transformação?!

— Estou com fome, e estamos na padaria dos p..

Foi calado pela kwami, que o puxou até um canto mais reservado.

— Está louco?! Adrien pode ouvir!

— O garoto está apagado, só vai acordar amanhã. Ele está acabado! E... já está na hora deles pararem com isso! Ficam de fornicação e escondendo as identidades, tsc.

Tikki respirou fundo para não jogar Plagg da sacada.

— Isso é uma decisão deles!

— De qualquer forma, estou me acabando com a fome e essa padaria tem lanches deliciosos de queijo!

— Plagg você não...

— Você pode me acompanhar ou ficar ai reclamando e reclamando.

Antes que Tikki pudesse se pronunciar novamente, o gatuno desaparecera pelo piso do terraço. Ela ponderou o que deveria fazer, mas entre os dois acordarem e Plagg acabar acordando os Dupain-Cheng após destruir a cozinha e a dispensa, a segunda opção era muitíssimo mais provável de se acontecer, por isso, desapareceu em seu encalce, deixando o casal dormindo no terraço.

Eles continuariam dormindo, Tikki tinha certeza. Ambos tinham um sono pesado e por mais que Marinette fosse como uma coruja que amava a noite, quando dormia era quase impossível acorda-la. Ela só não se lembrava que Marinette era friorenta 'pra inferno.

E que aquele pijama de malha não era nem um pouco quentinho contra os ventos gélidos da sacada.

— Hmmm... — Resmungou, movendo-se sobre o loiro com languidez. — Hmmm...

Adrien sentiu-se um tanto incomodado pelo movimento repentino sobre seu corpo, que se intensificou com os instantes passados. Acabou acordando, involuntariamente.

LB? — Chamou-a, com a visão ainda turva pelo sono. — Lady?

— Mhmmm... — Ela suspirou, sentindo algumas caricias no braço.

Adrien bocejou, ainda cansado. Coçou os olhos e baixou o olhar, tomando um enorme susto quando percebeu quem estava sobre seu corpo.

— M-Marinette?!

— O qu... — A heroína esbugalhou os olhos quando percebeu que o nome pronunciado não tinha sido "Ladybug", levantou o rosto, e afastou-se momentaneamente. Estava tão sonolenta – e chocada – que quase caiu da cadeira.

Quase, porque Adrien agarrou-a pelo quadril, deixando-a montada em seu colo.

— E-Eu... você...

— Chat Noir? — Ela passou as mãos pelo rosto do loiro, arrancando gemidinhos doloridos a cada apertão.

— Ai, sim! — Ele franziu o cenho, impedindo-a de continuar com os belisquinhos e apertões sobre sua derme. — Marinette! Isso dói!

— Desculpa! Eu... só não estou acreditando... — Desceu a mão sem um pingo de timidez pelos braços daquele que "namorava". — Caramba... eu beijo  Adrien Agreste há dois anos e não fazia a mínima ideia disso...

A frase saiu por seus lábios sem permissão, ocasionando um par de bochechas vermelhas e um sorriso um tanto perverso no rosto do maior, que não perderia a oportunidade. Fitou-a, com certo afinco.

— Então...

— Não! Sem comentários!

Ele sorriu ainda mais.

— Bem... você estava beijando Chat Noir, não Adrien Agreste...

Marinette fez uma careta irônica.

— Então são bocas diferentes, gatinho?

Adrien acabou rindo, deixando as costas relaxarem contra o encosto da cadeira e levando o corpo dela junto. Roçou os lábios aos dela, chupando o ínfero antes de encara-la.

— O que acha de provar e descobrir, hein? — Ela suspirou, ele envolveu a cintura dela com os braços. — Depois me diz as diferenças...

Marinette até pensou em recusar pelo atrevimento, mas...

...nunca fora do feitio dela recusar propostas tão deleitantes, mesmo que fossem deixa-las ainda mais cansada.

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