Capítulo 1

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Callie Torres

A brisa fria daquela manhã fez os pelos do meu corpo eriçarem por baixo da grossa camada de roupas que me envolvia. Esfreguei a mão no casaco preto que vestia buscando calor. Estávamos no inverno, Seattle estava coberto por uma grossa e fria camada de neve, o que dificultava o tráfego.

-Que droga de neve. -meu pai disse irritado ao volante.

Nós já estávamos a quase uma hora e meia na estrada, a caminho do aeroporto. Ele não queria que eu fosse, mas nada que eles disseram foi capaz de me fazer desistir de ir para esse internato. Nova Iorque tem as melhores universidades e essa escola, muito conceituada por sinal, me abriria muitas portas.

-Se acalme, Carlos! Nós já estamos chegando. -minha mãe também estava triste por me deixar ir embora, mas sabia que isso era tudo o que eu mais desejava.

De fato, entrar em uma escola nova é sempre algo difícil. Um novo lugar, com novas pessoas e desafios. Acredito que isso traga novo significado a minha vida, minhas escolhas, minha visão de mundo.

-Chegamos. -meu pai dobrou a direita e entramos no estacionamento.

Os dois me ajudaram a tirar as malas do carro e levar para dentro do aeroporto. Fizemos o check-in e caminhamos para a área de embarque. Nós tínhamos programado chegar antes, tomar café juntos e nos despedirmos até que chegasse a hora de pegar o avião, mas o atraso do trânsito fez com que nossos planos fossem por água abaixo. Minha mãe já chorava compulsivamente quando nos aproximamos da fila, e meu pai coçava a garganta de vinte em vinte segundos, claramente segurando o choro. Essa era uma das coisas mais difíceis que eu estava tendo que fazer. Meus pais sempre me deram tudo, formaram  meu caráter, e agora eu ficaria meses sem os ver. Quando chegou a minha vez de embarcar, os dois me abraçaram e eu não consegui controlar o choro, irrompi em lágrimas que foram secadas pelo meu pai.

-Nós te amamos, Calliope. -meu pai beijou a minha testa, passando a mão pelos meus cabelos.

-Não esqueça de nos ligar assim que chegar, e todos os dias assim que as suas aulas acabarem. Não nos deixe preocupados, ou pegamos o primeiro avião para Nova Iorque e vamos atrás de você. -nós rimos e eu a abracei. -Eu te amo, filha!

Nos despedimos e eu segui a passagem até o avião. Quando me virei para dar uma última olhada para trás, eles ainda estavam lá me olhando chorosos. 

Sentei no assento indicado, me aconchegando e colocando os fones de ouvido e procurando um dos meus cadernos de anotações. Poucos minutos depois um garoto sentou na poltrona ao meu lado. O cheiro forte do seu perfume irritou a minha garganta e eu tossi, me mexendo no banco. O pouco que eu conseguia ver da sua fisionomia pelo canto do olho, era que ele tinha cabelos castanhos e olhos claros, talvez um tom de verde. Assim que se acomodou, fez o mesmo que eu: colocou fones de ouvido e puxou um pequeno caderno de anotações para cima da mesinha a sua frente. Eu não pude deixar de notar o símbolo da escola que ele provavelmente frequentava na capa escura do caderno, era o mesmo símbolo do internato.

-Meu nome é Mark. -ele tirou os fones e me olhou sorrindo. -Notei que não parou de me olhar desde que eu sentei aqui.

-Callie. -sorri de volta. -Você estuda lá? -acenei para o caderno, com a cabeça.

-Infelizmente. -fez uma breve pausa. -Sabe, lá não tem garotas tão interessantes.

Ele tinha um ar inegavelmente galanteador. Não me surpreenderia se tivesse fama de pegador ou se todas as garotas caíssem aos seus pés.

-Deve ser bem difícil chegar ao nível de interessante pra você. -debochei. -Você escreve?

-Ah, isso? -apontou para a caderneta. -Não! Bem, eu deveria… mas não sou muito bom com palavras, então deixo isso com a Arizona.

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⏰ Última atualização: Mar 04, 2020 ⏰

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