Hoje, particularmente, estou me sentindo uma Kardashian.
Uma pobre, sim, mas muito, muito gata – e o batom vermelho ajuda, apesar de não fazer parte da paleta.
Assim que entro no bar, atraio muitos olhares. Cem por cento masculinos, trinta por cento femininos. Eba! A chance de fazer à três é muito bem-vinda, obrigada.
- Preciso de álcool! – Exclama Bela, minha colega de quarto. Quando abro a boca para responder, ela corre em direção ao bar.
Espero que me traga um drinque, pelo menos.
Giro o olhar, procurando alguma mesa vazia. Nenhuma. Isso que dá chegar quase meia noite em um bar, Alina!
Perfeito! Sozinha, igual a uma estátua no meio de um bar!
Quando surge uma vaga em um dos bancos no balcão, basicamente corro.
- Amiga, aqui! – Grito, tentando atrair o olhar de Bela. Ela me vê, sorri e vem ao meu encontro.
- Não acredito que achou um lugar! Está lotado. – Aponta, me entregando um drinque com limão e morango e seja lá o que for.
O primeiro gole desce como fogo. Sinto cada centímetro percorrido pelo líquido, até parar de arder. Sorrio com a sensação – uma das minhas favoritas. Costumo dizer que é como ingerir a felicidade. Literalmente.
- Ah, por favor, todos estão te encarando! Só pisque para um deles e, voilà, a transa está garantida. – Isabela continua, depois dos nossos terceiros drinques e segundas doses.
Já estou tonta. Sei disso. Não nego.
Já acho alguns homens mais bonitos que antes, sim, o que é perigoso. Por Deus, uma mulher precisa manter o padrão...
- Não é tão fácil. – É o que respondo.
E quatro palavras nunca foram tão falsas. Assim que termino de pronunciá-las, eu o vejo. No geral, moreno, olhos claros e alto. Muito alto. Talvez mais do que o normal. Um e noventa, talvez? Não que isso vá ser um problema quando casarmos.
Digo, transarmos.
Eu o analiso, dos pés à cabeça. Parece confortável onde está, junto de outros amigos. Outras mulheres já o viram, mas ele não está paquerando. Merda, e agora?
Normalmente, os caras vêm até mim. Hoje vieram três ou quatro. Não quis nenhum, e agora sei o motivo. Estava esperando o...
Não sei nem o nome dele.
- Já volto. – Aviso à Bela, que está de olho na garota da mesa ao lado.
Levanto e, antes de ir em direção ao banheiro, tento entender qual o meu nível de bêbada. Considerando que ainda estou equilibrada e com a maquiagem ok, digo um seis. É, um seis, no máximo um sete.
Eu não estou indo falar com ele, estou?
Não faça isso, Alina. Ele é só um cara muito, muito gostoso. E você só quer transar horrores com ele.
- Oi. E aí?
Sua cadela! Não me escutou! Agora pague o preço – que é perder a sua dignidade.
Ele nem sequer pisca. Todos os homens ao seu redor me encaram e dão a checada.
E, cacete, os lábios dele...
O bonito, no entanto, não tira os olhos dos meus. O canto direito da sua boca treme, na tentativa de um sorriso.
O cara nem ao menos olhou para baixo. Tudo bem, não tenho os maiores peitos do mundo ou a cintura mais fina do universo, mas o que custa?