NÃO SABIA COMO TINHA VINDO AQUI PARAR, mas melhorou a minha vida. Sei que num dia estava na rua dormindo, e no outro dia estava dormindo numa cama. Bem, eu percebi que estava sendo levada, só que eu sentia me... Segura? Não sei porque ele me trouxe para aqui, mas melhorou a minha vida mesmo eu sendo considerada prisioneira por todos nessa residência.
Não o conhecia, nunca o vi na minha vida até ao dia que ele me trouxe e depois acordou. Seu olhar era frio, mas ele estendia uma bandeja, deu um sorriso fraco sem mostrar os dentes, dizendo que aquilo era tudo para mim. A fome estava presente no meu corpo, então não consegui rejeitar. Devorei aquilo como se fosse a última refeição que tivesse decente na vida. Ele me encarava. Todos os meus movimentos eram encarados por ele e eu tentei não me sentir meio pressionada. Apenas terminei a refeição e arrotei satisfeita, mas logo pedi perdão pelo ato.
— Obrigada. — Agradeci e ele não falou nada, mas eu entendi, ele não é de muitas palavras. Mas eu fiz o meu trabalho e lhe agradeci.
Ele saiu e eu fui até a janela, vendo a paisagem. Eu amo paisagens, então o melhor deste quarto é a paisagem que me dá para a aldeia. Nem parece uma aldeia pobre de tão linda que fica cá de cima. Respirei fundo lembrando dos dias que passei na rua por coisas que me aconteceram. Jamais aceitaria aquilo, então eu só fugi e fiz o que pude, que foi nada mais, nada menos, que morar na rua.
Depois de apreciar um pouco da linda paisagem, me encaminhei até ao banheiro. Fiz minhas higienes e tomei um banho rápido. Assim que saí ouvi a voz do grande Jung perguntando-me se estava pronta para o ajudar. Me vesti em segundos, ajeitando meu cabelo o máximo que consegui e saí do quarto, recebendo um olhar dele.
— Vamos. — Não disse mais nada e apenas o segui, vendo os quadros mais uma vez. Eles se espalharam por todos os corredores daquela residência. Isso me fazia lembrar os quadros que fizeram para a minha família, mas que eu perdi a vontade de ver ao lembrar o que me fizeram. Me entregaram assim, sem mais nem menos, a um homem que eu não via mais do que amigo, companheiro, antigo capitão de um barco.
Ok, eu compreendo que somos quase da mesma idade, pois ele é da idade do meu irmão, mas eles sabiam que eu era contra coisas assim, e devido a uma discussão eu tomei o primeiro tapa na minha vida, não aguentando e agarrando em tudo o que tinha, saindo daquele lugar e jurando que nunca mais voltava até me pedirem desculpas mil vezes e nada do que disseram iria acontecer. Eu não iria me dar para alguém, como eles querem, só porque querem manter a geração grande. Se eu fosse homem, nada disso aconteceria. Só porque sou mulher eles acham que podem decidir as coisas por mim. Mas eu não sou dessas, e nunca serei. Eu sei que tem mulheres que precisam de um homem para serem alguém e eu acho isso completamente estúpido, e olhem que eu via nas ruas. Jamais deixaria de ser tratada daquela maneira, mesmo que diga confiar no meu irmão e naquele amigo. Mas não vou deixar. Não tenho nenhum tipo de sentimento por ele e duvido ele também ter. Ele só deve querer o que meu irmão falou: continuar com a geração.
Ele que continue, mas não é comigo.
Eu sou independente. Mesmo que viva debaixo do teto de alguém que me fez considerar prisioneira para me proteger — pois se eu fosse prisioneira eu não estaria aqui, eu não sou assim tão burra —, eu não deixarei que ele mande em mim, toque em mim ou sequer me levante a voz.
Ele não sabe quem eu sou e eu também não sei grande coisa sobre ele, e quero continuar assim. Vejo falarem mal de piratas por estes corredores, e o mínimo que faço é estar calada, pois eu sei o que falei naquele dia. Uma única frase fez com que o impacto fizesse a quem ouviu, pois eu vi em seus rostos.
— Então eu não sou mais pirata a partir de hoje. — Foi o que eu disse, mas o sangue que corre nas minhas veias é puro de pirataria, mas eu não quero o que eles querem, e não deixarei ser usada assim. Então aquela frase ainda permanece na minha mente. Mas se eu tiver que me revelar, que eu seja morta depois. Pois pirata não faz o que eu farei nesse momento, caso aconteça alguma vez na minha vida. Eu serei hipócrita.
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Prisioneira | jung wooyoung
Фанфик[woobia ! ver] Não sabendo como foi parar naquela "casa", mas sendo tratada bem melhor do que era antes, a jovem pirata finalmente vê a sua vida um pouco melhor, mesmo sendo prisioneira do Grande Jung, um garoto frio de personalidade devido a uma tr...