Consumindo conteúdo com o qual me identifico
Bêbado de doses de loucura a cada dia que vivo
Me sinto preso numa jaula de vidro
Cercado por livros
Mais vivo que os tiros que mataram Hemingway
Depois de dois shots, dois tiros, eu já sei
São tantos pensamentos que escreveria o Manual do Suicídio
Mais ágil e temido do que um fora da lei
Na maratona de pontos eu me costuro com cinco
Cortes por machucar paredes
Elas não querem mais me dar seus ouvidos
Me tornei tão chato quanto small talk com ex
Se aguento as falas dos personagens já construídos
Consigo lidar com a existência de conflitos
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Meu conflito com as luzes continua
Azul, laranja, vermelha, branca na rua
Encontro todas as luzes mas não vejo a sua
Quando ando na rua
Paro e encaro a lua
Tiro sarro da noite
Por aparecer nas vezes em que eu saio na rua
Ela é tão bela nua
Tipo chegou até aí, então faça dela sua
Com essa roupa suja
Vomitou até sua alma
Por comer carne crua
A culpa é dessa vadia imatura
Sempre é vazia ou madura
Mas o verme não se importa com a qualidade da fruta
Se ela é fútil ou fajuta
O toque da flauta do tempo me lembra uma ideia futura
Tocando uma Ocarina de carona com o carro da indústria
Lembrando que sei muito sobre jogos que eu não joguei nunca
Mas qual o ponto de toda essa labuta?
O livro do Lobato ou o desenho da Pucca
Acho que me tornei um homicida mais cedo que nunca
Matando vontades tipo finalmente implorar por ajuda
Tenho a impressão que tudo muda, exceto esse meu jeito filho da puta!
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No tempo de paredes e ouvidos
Segredos não vão ser omitidos
Tenho logo que botar tudo pra fora
Antes que eu morra engasgado comigo
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Quando toca a alma
O foco muda na palma
Cuspindo na cara do tédio
Pulando de um prédio por falta
De adrenalina na veia e velhas ideias em alta
Transição da ilha pra jangada
Risada falsa é passaporte de entrada
Socialmente aceito só pela roupa trajada
A pele clara e a cabeleira bem penteada
Por que viver é se esconder e ao mesmo tempo usar uma farda?
A maquiagem na cara reflete o carregar de um fardo
Já desisti dessa vida baseada em contos de fadas
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Assassinei as leis quando eu quebrei contratos
Asssassinei a sorte quando quebrei meus dados
Assassinei pianos quando quebrei meus dedos
Assassinei risadas quando perdi meus lados
Assassinei a Coragem quando perdi pros meus medos!
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E eles ainda dizem que eu sou jovem
O eles sempre é indefinido
No final eu só tô falando sozinho
Nenhum deles se importa comigo.
12/2018