Vinte e quatro - Lauren

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O TETO DO MEU quarto não é branco. Passei 6 anos neste mesmo espaço, e somente agora me dei conta que a cor não passa de um bege sem graça, em outro caso talvez na casa que nasci tenha percebido mais rápido que o teto era uma madeira treliçada.

Talvez eu não tenha reparado, pois  antes quase não ficava dentro desse quarto estúpido.

Onze da noite de um sábado e eu, Lauren Brench; virei uma garota nos auge dos 17 anos deitada olhando para o teto tentando distinguir a cor do meu próprio quarto. Antes do verão do ano passado, onde isso na minha cabeça era possível?

Deito de lado mudando minha atenção. Nem minha própria cama me satisfaz mais, até que não era tão ruim acordar com as costas doendo e reclamando quando estava na fazenda...

Me levanto arrastando meu robe preto de cetim pelo chão.

Olho para o interior do meu closet, neste momento as roupas parecem tão diferentes. Vislumbro algumas e me pergunto como obtive algum dia esse gosto sinistro. No Halloween no ano retrasado eu fui de Mulher Gato, é a única fantasia restante pendurada dentre as outras roupas inúteis.

Desliso minha mão pelo tecido de couro sintético, ela parece tão desinteressante. Não sei o que tinha na cabeça quando a comprei.

Procuro pelo closet todo o material que compõem a fantasia e encontro a maior parte. O colar que veio e as meias, estão desaparecidas. Abro algumas gavetas e escolho um colar preto de couro estilo coleira de cachorro — que eu fiz questão de apelidar ao rever — e uma meia arrastão preta de improviso. Amontuo em um pilha e jogo sobre a cama do meu quarto.

No banheiro a água quente desliza pelo meu corpo. Quando o banho acaba, é presente o vapor no ar. Me aproximo do espelho embasado. Usando a mão limpo uma parte e com isso o reflexo agora visível ilumina os traços do meu rosto. Meu cabelo ruivo. Meu olho verde sem graça.

A expressão da minha face embolsa  desgosto.

Definitivamente não gosto da visão que aparece no espelho. Aparento uma garota branca rica e mimada, a mesma garota que eu era antes do verão do ano passado. A mesma garota que detestei descobrir na fazenda.

Mas em algum lugar dentro de mim, não quer se parecer mais com essa aberração.

Abro o armário em busca de alguma coisa que expulse essa sensação. Seguro o objeto com lâmina na minha mão, analiso-o pensando na merda que estou presentes a fazer. Contudo, com uma mão livre, limpo o resto da água no espelho tentando deixar visível mais meu reflexo.

Aproximo a tessoura da mexa do meu cabelo próximo ao ouvido e corto. Sorrio olhando para o espelho.

É libertador.

E com essa sensação predominanando meu corpo, imito o mesmo jesto com o cabelo todo. No final, o que sobra são enúmeros fios ruivos naturais espalhados pelo chão do banheiro.

No espelho do meu quarto termino de passar maquiagem finalizando por um batom vermelho sangue. O corte do meu cabelo ficou até que certo em  comparação com a minha experiência de "cabeleireira", o comprimento não sai da orelha. Com o corte radical acabou valorizando meu rosto e dano um novo ar para minha aparência, uma aparência mais rústica.

Eu gosto, gosto muito disso.

Minha fantasia antiga, está bem menor para o meu corpo. Não é só Mason que anda encorpado, também estou indo para esse caminho. O cropped preto de couro, está apertado deixando meus peitos estufados para fora. Juntando minha saia do mesmo tecido esta mais curta que antes, deixando parte da minha bunda amostra se caso eu me mexer muito, porém com ajuda da meia arrastão disfarça um pouco, nos meus pés uma bota de cano alto acompanha. Luvas pretas — que roubei da minha mãe — revestem meus braços que vão até articulação do cotovelo.

Meu Destino #2Onde histórias criam vida. Descubra agora