01. A visita que chegou.

21 2 0
                                    

— FILHA! Vem comer a janta tá pronta!! — ouço meu pai gritar da cozinha.

— Já tô indo! — respondo fechando o livro que lia.

Desço as escadas correndo até a cozinha e me sento a mesa. Meu pai me olha de forma que apenas pelo olhar eu já sei que irei levar bronca, suspiro e começo a me servir em silêncio. Depois que todos haviam se servido como de costume era hora da oração, eu dei a mão para meus irmãos e oramos. E finalmente posso começar a comer, porém ouvindo a bronca de meu pai.

— Você deveria passar menos tempo naquele seu quarto, já tá parecendo mulher de resguardo! — ele começa a mesma ladainha de sempre.

— Não faz essa cara, minha filha. Seu pai tá certo, antes você passava muito mais tempo com a gente. — minha mãe defende.

— Desculpa, ok? Mas é que antes eu era criança e gostava de brincar pela casa toda, agora eu já tenho 17 anos. Tudo que eu quero é estudar e ler no meu cantinho silencioso! — defendo meu ponto ainda com a boca cheia.

— Engole a comida antes de falar então, por favor! — minha mãe bronqueou.

— Desculpa. — arrumei minha postura e engoli a comida antes de falar.

— Agora eu quero dar uma notícia a todos. — meu pai diz e da um gole em seu suco. — Um amigo meu tem duas filhas e uma está doente, a mãe está com ela no hospital o tempo todo e ele trabalha muito, a outra filha tá vivendo praticamente sozinha.

— Por isso é que a gente vai receber essa garota aqui, por alguns meses. — minha mãe completa.

— Ela é da sua idade, Mia. Vocês provavelmente vão virar amigas! — meu pai sorri fofo, mas eu sei que é minha obrigação virar amiga da garota pelo tom de voz usado.

— E quem é essa menina? O que aconteceu com a irmã dela? — pergunto curiosa.

— A irmã dela foi atropelada quando tava voltando da escola, tadinha... A Júlia vai ficar aqui porque ela tá solitária com toda essa situação. — minha mãe explica preocupada.

— "Se um dos meninos fosse atropelado e virasse presunto eu ia me sentir aliviada, e não triste." — foi o que pensei  em dizer, mas iria levar uma bronca então o que saiu foi diferente. — Ah, entendi. Ela devia ser próxima da irmã, né. Ficar sem ela deve estar sendo difícil.

— Exatamente por isso é que você deve recebê-la bem e tratá-la como uma irmã! — meu pai diz sério. Viu como eu sabia que ser amiga da garota era minha obrigação!?

— Eu vou dar meu melhor, pai! — afirmo sorridente.

— Sapatona do jeito que você é vai ser mais que irmã dela! — meu irmão mais velho ri alto ao zombar de mim.

— Mas como ela é sapatão se só calça 36? — meu irmão mais novo questiona confuso.

— Não fala assim da sua irmã! Aqui em casa somos uma família de respeito. — meu pai aumenta o tom de voz e diz irritado, logo se retirando da mesa. — Já é tarde, vão ver TV antes que dê a hora de dormir.

Me levanto e subo para meu quarto, mergulho novamente no mundo da imaginação com meu livro. Quando menos percebo todos já foram dormir e já passa da meia noite, aproveito o momento para me distrair com algo diferente de livros e histórias fictícias.
Me deito em minha cama e desço a mão lentamente até minhas partes íntimas, é tão bom e tão vergonhoso ao mesmo tempo, meu maior segredo é me tocar quando estou entediada. Vindo de uma família religiosa como a minha meus pais provavelmente me mandariam pro inferno se descobrissem isso, tudo é tabu em casa. Não me sinto culpada por isso, realmente gosto, mas me sinto envergonhada o suficiente para mal me olhar no espelho o dia seguinte.

- Verdadeiro eu!¡ Onde histórias criam vida. Descubra agora