— FILHA! Vem comer a janta tá pronta!! — ouço meu pai gritar da cozinha.
— Já tô indo! — respondo fechando o livro que lia.
Desço as escadas correndo até a cozinha e me sento a mesa. Meu pai me olha de forma que apenas pelo olhar eu já sei que irei levar bronca, suspiro e começo a me servir em silêncio. Depois que todos haviam se servido como de costume era hora da oração, eu dei a mão para meus irmãos e oramos. E finalmente posso começar a comer, porém ouvindo a bronca de meu pai.
— Você deveria passar menos tempo naquele seu quarto, já tá parecendo mulher de resguardo! — ele começa a mesma ladainha de sempre.
— Não faz essa cara, minha filha. Seu pai tá certo, antes você passava muito mais tempo com a gente. — minha mãe defende.
— Desculpa, ok? Mas é que antes eu era criança e gostava de brincar pela casa toda, agora eu já tenho 17 anos. Tudo que eu quero é estudar e ler no meu cantinho silencioso! — defendo meu ponto ainda com a boca cheia.
— Engole a comida antes de falar então, por favor! — minha mãe bronqueou.
— Desculpa. — arrumei minha postura e engoli a comida antes de falar.
— Agora eu quero dar uma notícia a todos. — meu pai diz e da um gole em seu suco. — Um amigo meu tem duas filhas e uma está doente, a mãe está com ela no hospital o tempo todo e ele trabalha muito, a outra filha tá vivendo praticamente sozinha.
— Por isso é que a gente vai receber essa garota aqui, por alguns meses. — minha mãe completa.
— Ela é da sua idade, Mia. Vocês provavelmente vão virar amigas! — meu pai sorri fofo, mas eu sei que é minha obrigação virar amiga da garota pelo tom de voz usado.
— E quem é essa menina? O que aconteceu com a irmã dela? — pergunto curiosa.
— A irmã dela foi atropelada quando tava voltando da escola, tadinha... A Júlia vai ficar aqui porque ela tá solitária com toda essa situação. — minha mãe explica preocupada.
— "Se um dos meninos fosse atropelado e virasse presunto eu ia me sentir aliviada, e não triste." — foi o que pensei em dizer, mas iria levar uma bronca então o que saiu foi diferente. — Ah, entendi. Ela devia ser próxima da irmã, né. Ficar sem ela deve estar sendo difícil.
— Exatamente por isso é que você deve recebê-la bem e tratá-la como uma irmã! — meu pai diz sério. Viu como eu sabia que ser amiga da garota era minha obrigação!?
— Eu vou dar meu melhor, pai! — afirmo sorridente.
— Sapatona do jeito que você é vai ser mais que irmã dela! — meu irmão mais velho ri alto ao zombar de mim.
— Mas como ela é sapatão se só calça 36? — meu irmão mais novo questiona confuso.
— Não fala assim da sua irmã! Aqui em casa somos uma família de respeito. — meu pai aumenta o tom de voz e diz irritado, logo se retirando da mesa. — Já é tarde, vão ver TV antes que dê a hora de dormir.
Me levanto e subo para meu quarto, mergulho novamente no mundo da imaginação com meu livro. Quando menos percebo todos já foram dormir e já passa da meia noite, aproveito o momento para me distrair com algo diferente de livros e histórias fictícias.
Me deito em minha cama e desço a mão lentamente até minhas partes íntimas, é tão bom e tão vergonhoso ao mesmo tempo, meu maior segredo é me tocar quando estou entediada. Vindo de uma família religiosa como a minha meus pais provavelmente me mandariam pro inferno se descobrissem isso, tudo é tabu em casa. Não me sinto culpada por isso, realmente gosto, mas me sinto envergonhada o suficiente para mal me olhar no espelho o dia seguinte.
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- Verdadeiro eu!¡
RomanceMia é uma garota tímida e reservada, filha de pais religiosos e conservadores. Tudo muda em sua vida quando Júlia, a filha de um amigo da família, precisa passar um tempo em sua casa.