Capítulo Único

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Os sacos estavam mais pesados depois de quase uma semana de lixo acumulado, mas Izuku Midoriya arrastou-os pelas laterais da casa mesmo assim. Quando ultrapassou a fachada, a voz do colega de república e amigo de infância fez com que os soltasse no chão para ouvir o que ele tinha a dizer.

― Tu sabe que é a vez do moleque piranha botar o lixo pra fora, não sabe? ― questionou Katsuki Bakugo, apoiado no batente da porta, de braços cruzados.

― Sim, mas ele está de ressaca, Kacchan.

― Quando esse inútil não tá de ressaca? Se ele não tá bebendo, tá sendo fodido por alguém. Nem sei como ainda não foi expulso da faculdade.

― Não devia torcer pela expulsão das pessoas. ― Midoriya franziu o cenho.

― Eu não torço. Só aguardo o inevitável acontecer.

O sorriso em seu rosto dizia que torcia, sim.

― Como deixar de ser parceiro de laboratório do Todoroki?

― Nem fala o nome desse fodido! Ugh, qual foi a merda que passou pela cabeça do professor Aizawa pra me juntar com esse escroto durante um semestre inteiro?

― Talvez para você aprender alguma coisa com ele. ― Midoriya deu de ombros e apanhou os sacos novamente. ― Ou ele com você.

― Claro, eu to aprendendo a ficar muito mais puto.

Quando Bakugo voltou para dentro de casa, Midoriya continuou o longo percurso até os latões da calçada. A república era imensa, com todos os três andares, dez quartos, seis banheiros e quatro ambientes diferentes de sala, mas parecia menor quando comparada ao imenso gramado cheio cheio de árvores e arbustos no acesso.

Todos eles reclamavam da distância, principalmente quando tinham muito peso para carregar. Afinal, quem achara adequado construir uma casa tão afastada da rua? Além disso, alguém mal intencionado poderia muito facilmente esconder-se entre a vegetação mais densa e armar uma emboscada.

Como se pudesse prever o futuro, Midoriya ouviu alguns ruídos enquanto estava voltando. Não foi nele mesmo que pensou quando ativou sua magia, mas na proteção dos outros nove moradores. O senhor Yagi sempre dissera que ele só podia usar os poderes que passou a controlar sob supervisão ou quando extremamente necessário, e proteger Bakugo e o restante deles cumpria um dos requisitos.

Conjurou um simples feitiço de contato, com o qual poderia empurrar quem tocasse por alguns metros. Assim, teria tempo de impedir qualquer ataque direto e, se tivesse sorte, poderia chamar a polícia ou o orientador, dependendo da capacidade mágica ou ausência dela de seu adversário. Até porque não pretendia lutar ― queria simplesmente proteger o seu lar.

Estava cada vez mais próximo da fonte do barulho, perto o bastante para ver exatamente qual arbusto balançava. Mesmo com o auxílio da magia, suava frio a cada passo, ansioso para descobrir que não era nada além de um gato ou um esquilo.

Porém, não era nenhum fosse dois. E muito menos um assaltante. Quem o encarou de volta quando afastou os galhos de foi um lagarto. Não um lagarto comum ― era maior e mais pesado, do mesmo tamanho de um Husky Siberiano, e de um vermelho tão vivo que ardia mesmo no escuro. Obviamente uma criatura mágica: salamandra.

E estava machucado nas duas patas dianteiras, percebeu Midoriya logo que desativou a magia. Aproximou-se com cuidado, sem movimentos bruscos.

― Oh, você está ferido? ― Não chegou a tocá-lo, mas levou as mãos para frente, como se pudesse sentir os machucados. ― Quem pode ter ferido um animal mágico tão perto do campus? Como um animal mágico silvestre chegou até uma cidade? Será contrabando? Ele está fugindo de traficantes de criaturas mágicas?

How to date your dragon | KiriDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora