Capítulo um

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— Já foram falar com o velho? - Tiro os óculos do meu rosto irritado, e ascendo um cigarro dando uma longa tragada.

A nicotina entrando no meu sistema me deixa mais calmo.

— Fizemos como você disse, mas o velho estava tão bêbado que não conseguimos dar o recado direito. - Félix o meu braço direito diz.

O único que deixo falar asneiras no meu ouvido quando estou sendo muito difícil, ele me olha com seu queixo levantado.

— Que horas que vocês foram falar com ele, que ele já estava chapado desse jeito?

— Não deu para ir muito cedo, o Jhony estava tendo um tempo difícil com sua mulher grávida.

— Ok. - Falo passando as mãos pelo cabelo - Amanhã ao cair da tarde nós iremos cobrar essa dívida dele.

— Você vai também? - Ele indaga cerrando o cenho. — Não acho uma boa ideia você ir Thor...

— Eu vou. - Falo calmo.

Me forço para evitar voar nele.

Seu cavanhaque  sempre bem aparado deixa ele com cara de bom moço, mas só isso mesmo.

Félix veio do mesmo lar adotivo que eu e não foi um passeio no parque para nós, até o bom homem lá em cima colocar a Filó no nosso caminho e salvar nós dois.

— Thor... - Ele bufa uma respiração, e tira o boné da sua cabeça careca. — A última vez que você foi cobrar uma dívida você lembra no que deu.

— Estou aqui, não estou, você acha que aquele tiro ia me matar?

— Você levou um tiro no peito, como você pode falar que ele não ia te matar porra!

— Relaxa Félix, você vai ter que me aturar por muito tempo, e além do mais, o velho Augusto não mata uma mosca, e ele me deve muito, não posso deixar para lá.

— Eu vou tentar mais um vez Thor, depois disso se não der certo, você entra em ação. - Ele fala sério.

— Já está decidido, amanhã depois das cinco nós estaremos no trailer do velho, sem discussão. — E feche a porta ao sair.

Ele me olha por um segundo, seus olhos escuros virando duas labaredas de irritação, ele vira as costas para sair, não sem antes me jogar um desaforo.

— Seu idiota da porra!

Termino meu cigarro e faço mais algum trabalho nesse computador, que qualquer hora vai me deixar louco, quem gosta de ficar o tempo todo em frente essas máquinas, realmente não tem um pingo de sanidade mental, essa porra me dá uma dor de cabeça terrível.

Coloco meu paletó que estava pendurado na cadeira e saio do escritório.

Uma coisa boa é ser seu próprio patrão, durante o dia trabalho em casa, e só a noite vou para a minha boate, a primeira e única que tenho aqui, as outras estão espalhadas em todo o país.

— Você vai jantar agora Thor? - A mulher que tenho como uma segunda mãe me pergunta.

— Vou tomar um banho primeiro Filó e depois como antes de sair. - Agarro ela beijando seu rosto redondo.

Para seu moleque atrevido, quem ver você fazendo isso, pensa que você é um bom homem. - Ela fala rindo.

— Só você merece minha bondade filó, não se engane, só você.

Aponto um dedo na direção dela, e subo a longa escada para o meu quarto.

Abro a porta do meu quarto e tiro toda a roupa e vou direto para o chuveiro, as memórias surgem na minha cabeça como um turbilhão.

ThorOnde histórias criam vida. Descubra agora