Parallel

A Cigana

Chegando no local, Jackson começou a pôr seus pensamentos no lugar outra vez. Cada vez mais seus pensamentos céticos voltavam e ele estava quase que completamente convencido que havia sido drogado em algum momento.

-"Mas em qual?" - ele se perguntava sozinho.

Encarando a porta da Paranormal, ele nota o quanto se parece com uma casa de cigana, que normalmente só quer roubar seu dinheiro e tempo. Ficava entre dois pequenos prédios residenciais, era como se a "lojinha" cigana tivesse se espremido para caber entre os construtos. Tinha uma decente placa com o nome do estabelecimento, que dizia: Madame Jade. Ele achou o local, mesmo que um tanto pequeno, bem ajeitado pelo lado de fora. Sendo assim, entrando no mesmo sem muito o que reclamar. Tal sentimento não durou muito tempo, ao entrar, ele nota o quão clichê o recinto era. Uma mesa redonda no centro, com uma bola de cristal, incensos acesos dando um aroma frutífero ao ar. Na mesa, duas cadeiras de madeira talhada, bem simples, sentada em uma delas uma mulher, tão nova que não tinha nada de madame, era uma belíssima senhorita de cabelos negros e longos, pele branca como neve e lábios os quais seu baton vermelho realmente acentuavam. Ela também usava vestes que se assemelhavam à de dançarinas indianas, tendo uma linda saia longa, aberta na lateral e semi-transparente e uma blusa, quase sutiã de cor azulada para a peça de cima. Jackson também notou que seu olhos tinham um verde profundo, quase irreal.

-"Agora sei porque Michael adora vir aqui sempre." - Pensou consigo mesmo.

-"Em que posso ajudá-lo, lindo cavalheiro?" - Perguntou a moça, lhe encarando de forma sedutora.

-"Estou aqui para ver a madame Jade, se não for de muito incômodo." - fala Jack

-"Jade Shanti, eu mesma, bom senhor." - Ela diz com um sorriso.

-"Pelo nome de madame, esperava alguém de mais idade. Não uma bela senhorita."

-"É um nome cosmético, é necessário atrair clientes. Os clichês também ajudam."

-"Deveras, mas não vim aqui para isso. Se me permite, gostaria de lhe falar sobre alguns sonhos que venho tendo. Parece terem relação com um caso que estou tendo."

-"Um policial, tão bem arrumado?" - Jade pergunta um tanto surpresa.

-"Trabalho como detetive, bela dama."

-"Interessante, conte-me mais sobre tais sonhos que lhe perturbam."

Jackson continua notando que quanto mais Jade se interessa em sua conversa, mais sensual sua voz fica. É como um efeito hipnótico, uma tentativa erótica de chamar a atenção do ouvinte apenas para ela.

-"Venho tendo pesadelos com um lugar... nada agradável, se pudermos colocar de tal forma." - começa Jackson. - "Sempre em meus sonhos, sou levado para um local hostil, muito igual nossa cidade, porém sempre está desgastado e sujo. Certas criaturas vagam por ele, seres medonhos e perturbadores. A pior parte é que nunca parecem falsos ou invenções."

Ele para ao ver a expressão de Jade mudar completamente. Sua figura preocupada e apreensiva o espanta.

-"Não é bom falar disto aqui, venha para meu aposento detrás, é um lugar melhor para este assunto."

O tom da moça é sério e com timbres falhos, demonstrando certo medo. Eles entram no escritório de Jade e Jackson não deixa de perceber que o mesmo possui uma espécie de isolamento acústico.

-"Por quanto tempo você tem visto o outro mundo?" - Jade pergunta.

-"Faz alguns meses..." - Responde ele.

-"O que você tem visto não é um sonho ou coisa de sua cabeça." - Ela disse pegando alguns frascos em um armário com portas de vidro. - "Meu povo usa estas ervas para ir até o outro mundo desde antes de virarmos ciganos. Nossa civilização acreditava que ele trazia poder, mas estavam enganados e nós entramos em guerra por conta disto. Destruiu nossa cidade e viramos ciganos após isto. Esse ligar é perigoso e maligno e você precisa parar de ir até lá involuntariamente, para isso vamos fazer você aprender à ir voluntariamente."

-"E o que é este lugar?" - Perguntou Jackson ainda cético sobre o assunto.

-"Ele tem muitos nomes, detetive, mas seu povo costuma chamar de inferno."