Você é a minha lágrima.

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Era madrugada de fevereiro quando Yoongi andava pelas ruas de Seul em estado de declínio. Uma lágrima solitária florescia em seus olhos por cima de outras que já estavam secas, sua mente parecia lhe pregar peças todas às vezes que as palavras que ele não teve coragem de dizer fluíam em sua cabeça como uma brisa leve.

A rua estava deserta e suja, não sabia como havia parado ali, apenas se recordava brevemente de ter se distanciado de seus amigos para fugir daquele lugar quando seus olhos se encontraram com aquele sorriso maldito atravessando a porta do pub com o braço de um homem nem tão desconhecido assim circulando sua cintura fina. Agora estava ali, sem rumo, sem seus pertences, e o mais importante, sem esperanças.

O gosto da bebida lembrava o passado doce, que agora era tão amargo quanto aquilo que sentia em sua língua. Estava cansado de ouvir consolações falsas dos amigos, não queria ouvir, no fundo, era tudo uma mentira.

Eles não poderiam ser mais honestos?

- Você é patético. - Murmurrou enquanto soltava um riso triste, limpando a lágrima da bochecha corada. - Ouviu, Jung Hoseok?! Você. É. Patético!

E gritou. Estava pouco se fodendo se alguém o ouvia, se estava parecendo um louco, estava pouco se fodendo pra' tudo.

Então, esse era o preço que teria que pagar por simplismente amar de mais ou ser um completo otário?

Nunca foi de acreditar em amor, romance, ou todas as outras coisas de sentimentos, e sua vida estava ótima assim, até Hoseok vir. Se alguém lhe dissesse naquela época que teria sido assim jamais teria mergulhado de cabeça. Será que se tivesse uma máquina do tempo conseguiria fazer o outro ser capaz de ser mais honesto consigo? Tudo que queria era tê-lo impedido de dizer coisas como o "Pra Sempre", pois, afinal, o final existe e ele sempre vem.

E agora todos os dias eram assim, Yoongi vivia amedrontado e culpando-se porque parecia que, possivelmente, ele não teria amado-o corretamente.

Houve um adeus estúpido, a culpa sendo jogada de um penhasco e caindo com tudo em seus ombros, rasgando seu coração como um trapo velho para, depois, descobrir que a culpa nunca foi somente sua.

O Jung esculpiu seu coração da forma mais pura que existia, e agora, pisava gentilmente em cada caco que foi quebrado, para que não restasse mais arrependimentos. Yoongi queria que Hoseok queimasse o que sobrou, mas ele parecia hesitante.

Por que estava hasitando?

Se sentia a pessoa mais tola do mundo por estar ali naquela rua, com toda aquela raiva e angústia, chorando por amor, um amor enganoso e falso, ou, pelo menos, era o que seus instintos diziam.

- Ainda me ama?! - Gritou aos ventos. Ele não queria chorar, mas Hoseok escorreu pelos seus olhos. - Como você pode me amar desse jeito, seu filho da puta?!

Chutou um copo amassado no chão para longe e enfiou as mãos nos bolsos. Estava em um estado deplorável, mas não era como se pudesse fazer alguma coisa. A pele pálida do rosto fazia contorno nas olheiras escuras abaixo dos olhos, já fazia dias que não dormia, tinha medo de voltar para casa agora, encarar o teto escuro e encontrar vestígios de um certo alguém lá no meio da escuridão do apartamento, das garrafas de bebida espalhadas no chão, das gravuras de letras de músicas rasgadas ou amassadas sobre a mesa, da aliança que nem chegou a usar direito perdida em algum canto. Às vezes o cheiro de Hoseok invadia seus pensamentos, se empreguinava por todos os lados e ele achava que uma hora acordaria com o moreno em seus braços. Mas quando ele acordava, a raiva tomava lugar em seu peito, não raiva de Hoseok, mas de si mesmo, por ter se tornado tão lamentável.

Caminhou até a passarela e sem dificuldades subiu na borda, olhou para a avenida lá embaixo e respirou fundo. Quando o vento gélido acariciou seu rosto pôde sentir o cheiro doce e imaginário do Jung. Sua mente não estava racional mais, então, seja por vontade ou pela bebida, decidiu fazer o que achava melhor, e fechou os olhos.

Não existia mais arrependimentos, assim como não existia mais Min Yoongi. Era assim, pois não conseguia odiar o outro, o queria, e apenas se odiava por isso. O "adeus" para Yoongi se tornou apenas o agora, e o flashback veio no momento em que Hoseok começou a falar, no momento em que o foco de Yoongi se tornou irregular, no momento perigoso do fim que duas palavras os deram.

Um passo a frente e mais de Hoseok transbordou por Yoongi quando o corpo magro tocou o chão.


Nunca mais Hoseok seria sua lágrima.

























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[N/F]: Não tenho nada a comentar não, só sentir. Essa oneshot é um pouco pesada, né?
Era pra ser uma fanfic de início, mas uma oneshot curtinha me caiu bem melhor.
Ela não é nada mais do que baseada em toda a letra de Outro: Tear.

Espero que tenham gostado! Por favor, votem e podem comentar também, tia Rocambole é legal.

Até a próxima.

~Popo

Tear. ↭ YoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora