Vulnerável

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"I'm standing here naked (naked, naked)
I'm standing here naked (naked, naked)"

Meredith PoV

Eu deveria ter percebido os sinais. O cuidado de Andrew em ter preparado o jantar, a forma como ele foi especialmente carinhoso naquela noite, a urgência com que nos amamos, a fotografia. Droga, a fotografia. Lembrar dela me dilacerou por dentro. Era como se ele soubesse o que estava por vir e me pedisse mesmo silenciosamente: "Fica comigo, eu voltarei". Eu entendi o recado dele e é por isso que estou aqui. Pelo meu Andrew.

A explosão aconteceu no pior dia que poderíamos imaginar. Foi durante a entrevista para o exame final. Murros na mesa e  agressões verbais despejadas sem dó nem piedade na frente do médico avaliador. Indignado e assustado ao mesmo tempo, ele colocou Andrew para fora ligando para a segurança. Os seguranças, dois brutamontes, tiveram bastante trabalho para retirar Andrew da sala. Com um força descomunal, Andrew se recusava a sair dali até ser ouvido, até ter o direito de fazer sua prova. 

Fui avisada nesse momento. O exame final de Andrew seria no escritório de Baltimore e, mesmo ele afirmando que não precisava de companhia, viajei escondida dele e fiquei hospedada no mesmo hotel, no mesmo andar, no quarto vizinho. A Dra. Dawson havia notado que ele não estava bem, queríamos até mesmo entrar com o recurso para que ele fizesse a prova em outro momento, mas já não havia prazo para as solicitações.

Naquele dia, tudo pareceu dar errado. Notei que Andrew estava muito mais calado que o habitual. Respondia monossilabicamente às mensagens que eu e Carina enviávamos. Soubemos que o voo dele atrasou e isso só contribuía para que o nervosismo dele aumentasse. Enquanto esperava, duas residentes passaram na frente dele, alegando prioridade, porém, ele entendeu que elas estavam sendo favorecidas e até mesmo que pudessem ser amantes de alguém da banca avaliadora! (Sei disso porque, horas mais tarde, fui informada dos despautérios proferidos por Andrew).

Ele entrou para fazer a prova e suava muito. Estava visivelmente abalado, com a respiração ofegante, coçando a testa a todo momento como se quisesse tirar uma ideia fixa dali. Batia os dedos nervosamente nos braços da cadeira e não respondia com objetividade às perguntas teóricas feitas pelos médicos avaliadores. Estudos de casos simples que Andrew levaria 2 minutos para resolver, transformaram-se em minutos de horror.

Ele havia sido tirado da sala de exame escoltado pelos seguranças. Gritava muito, estava vermelho e totalmente fora de si. Essa imagem piscava em minha mente e eu tentava em vão afastá-la. Fui até a sala do presidente da comissão avaliadora. Eles haviam me chamado porque, além de proprietária do Grey Sloan, deixei meu nome como contato de emergência na ficha cadastral de Andrew.

Tentei em vão justificar o comportamento dele. Eles me disseram que Andrew deveria ter informado sobre seu acompanhamento psiquiátrico na ficha de inscrição. Aleguei que era um histórico recente. Não aceitaram. Bati boca. O que estava acontecendo comigo? Não, eles não iriam vencer e tirar a chance de Andrew lutar por seu certificado assim. Ameacei levá-los ao Comitê de Ética por discriminação. Médicos com acompanhamentos psicológicos, especialmente sobre histórico de investigação, não podem ser desqualificados sem análise prévia. Não recuaram. Eu disse:

- Ótimo. Nos vemos via judicial então.

Saí pisando duro. Eu lutaria pelo direito do Andrew se qualificar, nem que eu tivesse que ser presa outra vez.

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Depois do surto, Andrew havia ido para o hospital de Baltimore. Tinha sido medicado e o Departamento de Psiquiatria havia entrado em contato com a Dra. Dawson para seguir as orientações devidas. Ele havia tomado algumas medicações antes de ser concedida a autorização para retornar a Seattle.

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