Intimidade

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Kate

Sentei no sofá, sentindo o peso da noite e da expectativa no ar. A luz da lareira dançava na parede, mas nada parecia aquecer direito. Eles estavam todos ali — Jessie, Nathan, Chris, Chaz e Ryan — olhando para mim como se eu fosse um experimento a ser monitorado, e talvez fosse mesmo.

Jessie abriu aquela maleta com uma precisão que só ela tem, cheia de ferramentas que pareciam mais coisa de laboratório do que de casa. Eu sabia o que vinha — já tinha visto aquilo antes. Mas, mesmo assim, aquela sensação de invasão não sumia.

— Tá pronta? — a voz dela saiu calma, mas firme.

Olhei para Jessie, tentando não mostrar o quão desconfortável eu estava.

— Pronta? Sei lá... acho que nunca vou estar. — brinquei, meio para aliviar o clima.

Jessie sorriu, mas sem perder a seriedade.

— Você sabe que a gente não faz isso por mal. É pra sua segurança.

Eu soltei um suspiro e olhei para os outros. Todos sabiam, ninguém estava fingindo surpresa. Na verdade, parecia que estavam esperando minha reação.

— Vocês já decidiram por mim, né? — falei, encarando um por um.

Nathan se aproximou, aquele olhar dele, tão intenso, que me fazia sentir pequena e gigante ao mesmo tempo.

— Não é isso, Kate. É pra gente não perder você. Se algo acontecer de novo, precisamos saber onde você está.

Dei um sorriso meio torto, meio amargo.

— Parece até que vou fugir, estilo vilã de filme.

— Se fugir, a gente vai atrás — Nathan falou baixo, mas firme. — Sempre.

Minha respiração ficou um pouco mais pesada, e por um momento pensei em dizer "não", em recusar. Mas, no fundo, sabia que não adiantaria nada.

— Vai doer? — perguntei, só pra ganhar tempo.

— Como uma picada de abelha — Jessie respondeu, já preparando a seringa. — Só que vai ficar escondidinho, quase ninguém vai sentir.

Olhei para o teto, rindo baixinho, meio sem graça.

— Depois de tudo que vocês fizeram comigo, é essa picadinha que me incomoda.

Jessie riu junto, e eu consegui relaxar um pouco.

— Então faz logo antes que eu mude de ideia — falei, puxando a blusa pra cima de um lado.

Jessie foi rápida e cuidadosa. A agulha entrou, e eu cerrei os dentes, mas não deixei escapar nenhum som. Nathan apertou minha mão, um gesto simples, mas que significava muito. Eu não puxei, mas também não afastei.

— Prontinho — disse Jessie, terminando e segurando um algodão no local.

Olhei para o meu braço, sentindo o peso do que acabava de aceitar.

— Agora sou oficialmente um brinquedo da equipe, né? — falei, tentando brincar, mas soando mais séria do que queria.

Chris se aproximou e cruzou os braços.

— Não brinquedo, Kate. Protegida.

Eu balancei a cabeça, meio sorrindo, meio desconfiada.

— Protegida. Que palavra bonita pra prisão disfarçada.

Nathan se ajoelhou na minha frente, segurou minha mão com cuidado, olhando direto nos meus olhos.

— Não é prisão. É porque a gente se importa. E porque você importa pra gente.

Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora