Estamos em um ano bom, bom em todos os sentidos.
Na lavoura o plantio ia bem, de vento e poupa. Estava casado com o amor da sua vida, Ana Clara. Mulher meiga, bondosa e agraciada, pra mim ela não tinha defeitos.
Lembro-me como se fosse hoje:
Um sol quente de rachar, eu estava no campo, olhando de perto a minha roça, que alegria de ver os girassóis crescendo, a lavoura de milho indo bem. Além da lavoura, nesse ano eu iria ser pai de uma menina, Ana e eu estávamos contentes com a chegada da nossa pequena guria. A cada mês que passava Ana Clara estava mais barriguda, com os pés inchado e muita dor na coluna, pois nossa guria estava com três quilo no oitavo mês gestacional. Vejo o sol se pôr e sinto que é hora de voltar para casa, monto no meu cavalo Fúria e assim para casa eu vou.
No meio da caminho ao longe eu vejo o seu Chico, um senhor de idade, o capataz de minha fazenda.
-Seu Miguel, se apresse homem.- disse lhe seu Chico agoniado.
- Se aquieta homem. O que houve?- pergunto-lhe.
- A patroa, vai da cria.
Assustado e feliz ao mesmo tempo, faço fúria correr juntando o pó da estrada. Chego ao casarão, subo as escadas tropeçando nos meus próprio pés.
- Querida?! Calma, respira fundo.- digo tentando acalma-la.
- Calma da onde Miguel, estou com dor e você me pede calma.- diz Ana Clara agoniada com a dor.
Não digo mais nada, apenas pego os documentos, a bolsa de maternidade e a chave do carro, levo as bolsas para carro, e correndo volto para sala.
- Vamos para o hospital querida, nossa pequena está a caminho.- digo-lhe pegando á no colo e levando para o carro.
Dou uma olhada para topo da escada e digo ao seu Chico e Maria:
-Logo logo voltaremos, com a pequena Laura nos braços.
No caminho ao hospital, tento não ficar nervoso. A cada gemido de dor, a cada careta feia de Ana me deixa nervoso. Olho para estrada, e parece não ter fim, nunca chega a cidade. Da fazenda até a cidade da em torno de quarenta minutos, e esses quarenta minutos parece não ter fim.
Desvio os meus olhos da estrada por um segundo, olho para Ana e olho para estrada, pegando em sua mão em um gesto de carinho, digo-lhe:
- Logo chegaremos ao hospital querida, logo logo estaremos com Laura nos braços. Te amo querida.- digo dando um beijo em rosto.
Apenas ouço Ana dizer:
- Migueeeeeeeeeeeeeeeel.
Quando percebo o que está acontecendo, sinto um baque forte, sinto vidros caindo sobre mim, e vejo o carro capotar. Não sei quanto tempo passou, apenas abro os meus olhos, vejo que estou dentro do carro, e com dificuldade saio dele, a procura de minha esposa.
Todo arranhado, com dor no corpo, me arrasto até uma figura loira que enchergo no escuro. Com dificuldade chego perto e o meu coração se despeça ao ver minha amada toda ferida e distruida.
- Ana Clara, acorda meu bem. Vamos procurar por ajuda.
Com uma voz embargada Miguel ouve:
- Miguel, ouça-me com atenção.
Lágrimas escorre por seu rosto, Miguel não aguentaria ficar longe de sua amada.
- Aninha, não diga nada, não faça esforço.
- Eu preciso dizer... Diga a nossa filha que eu a amo muito, se fosse para fazer tudo de novo eu faria... Cuide dela, e não se feche para o amor.- dizendo essas palavras, Ana fecha os olhos.
Em seus braços, sua amada se vai para todo o sempre. Ouço o som de sirene, e vejo que o socorro está perto.
Já no hospital, os médicos cuidaram dos ferimentos de Miguel, enquanto isso outro médico fazia de tudo para salvar a pequena Laura.
- Seu Miguel Martins?! – diz um homem de jaleco branco
- Sim, sou eu... Conseguiu salva o bebê?- digo entre lágrimas.
- Me acompanhe.
E assim Miguel faz, segue o médico e esse caminho leva-o para o amor de sua vida. Através do vidro, ele vê um bebê gorducho, dos olhos claros, e ali ele encontra forças para continuar a viver!
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Florescendo O Amor ( Degustação livro Completo Na Amazon)
ChickLitSinopse: Miguel Martins: Um homem marcado pela dor da perda, há cinco anos atrás ele perdeu o amor de sua vida, a flor que encantava o seu jardim. Mas ao mesmo tempo que ele sente essa dor, ele sente o amor fraterno. Sua pequena Laura é a razão de...