O livro começa com uma pequena nota do personagem principal e narrador, Teodorico Raposo, na qual este tenta explicar o motivo que o levou a compor as memórias da sua vida. Ele afirma acreditar que as suas memórias encerram uma “lição lúcida e forte” naquele século cheio de falta de inteligência e de dinheiro.
Depois disso, a obra está dividida em cinco partes/capítulos.
A primeira destas partes trata a vida da personagem principal em Lisboa. Teodorico começa por revelar que desde os setes anos que é órfão e foi criado por uma endinheirada tia, D. Maria do Patrocínio, a Titi (como ele a trata).
Teodorico licencia-se em Direito em Coimbra e vive uma vida boémia (bebendo e sempre “atrás de saias”), sem a Titi saber, pois esta é extremamente católica e abomina paixões, crianças, divertimentos e tudo o que não tem a ver com religião. Contudo, Teodorico, para conseguir apoderar-se da avultada fortuna da senhora, mostra-se (falsamente) religioso e devoto. Portanto, o protagonista tem duas faces: a boémia e a beata.
Em Lisboa, mantém uma relação secreta com Adélia, até descobrir que esta o trai com o Sr. Adelino. Teodorico fica devastado com este achado e pede à Titi que lhe financie uma viagem a Paris. Esta recusa-se terminantemente, afirmando que Paris é a cidade do vício, da perdição e das “relaxações” (nome que a titi dava aos prazeres). No entanto, a Titi deixa o sobrinho fazer uma peregrinação à Terra Santa (Jerusalém) e pede-lhe, emocionada, que lhe traga uma relíquia que lhe cure as doenças. Para Teodorico essa viagem tem como objetivo encontrar a relíquia que lhe permita conquistar definitivamente a afeição e a herança da tia e também para se refastelar com algumas donzelas.
A segunda parte relata a sua viagem à Terra Santa. No caminho conhece um historiador alemão, Topsius e tornam-se companheiros de viagem. No Egipto conheceu a inglesa Mary com a qual vive um intenso, porém curto, relacionamento amoroso. Ao partir para Jerusalém, Mary oferece-lhe um embrulho com a sua camisa de noite.
Teodorico lembra-se do pedido da tia e tece uma coroa de espinhos como a que Cristo tinha quando foi sepultado. Embrulhou a relíquia para a titi e colocou-a na sua bagagem.
Na terceira parte Teodorico relata as festividades do dia de Páscoa, em Jerusalém, onde está com o companheiro Topsius.
Na quarta parte, os dois amigos iniciam a sua viagem de regresso às suas pátrias. No caminho, uma pobre mendiga pede-lhes uma esmola e Teodorico dá-lhe o embrulho que continha a camisa de Mary pois não o podia levar consigo para casa da tia.
No último capítulo, Teodorico, chegado a Lisboa relata, hipocritamente, à tia e seus amigos fieis, todas as rezas e jejuns que fizera na sua peregrinação e oferece-lhe o embrulho, dizendo-lhe que continha a coroa de espinhos. Qual o espanto de todos os presentes quando, em vez do sagrado objecto, surge a camisa da inglesa.
Será que Teodorico se safou da fúria da tia, inventando mais uma mentira, ou será que foi expulso de casa por cometer tamanho erro?