cena 4: mãe, Não-Ligo-Para-A-Pietra Bruna, ponto

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No intervalo, eu estava pronta para levar a Liza para conhecer cada canto do Colégio Gênese, mas Valentina surgiu na minha frente antes que eu me levantasse. Ela tinha aquela feição de culpa, mas não abriu a boca para falar nada. Sorri amarelo para ela:

– Bom dia, Valentina! – Acenei em um falso entusiasmo. Ela engoliu em seco e tirou os olhos de mim para encarar a japonesa do meu lado. Liza sorriu para Valentina simpática.

– Você é a novata, não é? – Valentina perguntou jogando seu cabelo cacheado para o lado. Revirei os olhos sem que ela visse. Estava na cara de todo mundo que a Liza era novata, mas a inconveniência da Valentina tinha que se pronunciar. – Eu sou a Valentina. – Acho que a Liza não tinha perguntado...

– Prazer, Valentina. Meu nome é Liza. É. Eu estou gostando muito, até agora. – Liza respondeu, eu me levantei da minha cadeira.

– Ótimo. Eu vou comprar o meu lanche, e tentar encarar aquela fila enorme! – Valentina apontou para fora da nossa sala.

– Pois é. E, graças a Pietra, eu vou conhecer o colégio agora. – Liza se levantou e me encarou, talvez ela tenha lido nos meus olhos o quanto eu queria me esquivar de perto da Valentina. Estendi minha mão para ela, que pegou rapidamente. A puxei de longe da Valentina e estava me preparando para falar umas boas para ela, mas a Liza começou a andar para fora da sala, me puxando.

– Então? – Ela perguntou ao atravessarmos o grande corredor.

– Então, o quê? – Rebati ainda irritada com a simples presença da Valentina. Simples e irritante presença da Valentina.

– Por que eu acho que você odeia aquela garota morena?

– Não sei. Me diz você: por que acha isso? – Rebati. Naquele dia eu estava ótima em rebater as perguntas da Liza. E pela sua cara, ela não gostava disso.

– Ah, não sei, Pietra! De repente se você me contasse! – Ela desenroscou seu braço de mim parecendo mesmo irritada comigo apenas rebatendo tudo que ela perguntava. Meu humor oscilou naquele momento e eu gargalhei da sua cara de brava.

– Para um metro e meio, você até que sabe ficar brava – Apontei e assisti ela revirar os olhos e cruzar os braços. Exatamente como um elfo faz. Gargalhei ainda mais, chamando atenção de algumas pessoas que passavam pelo corredor.

– Qual a graça? – Ela perguntou erguendo uma das suas sobrancelhas escuras e cheias.

– Não é nada, Dobby. – Liza até que parecia com o elfo de Harry Potter olhando ela do ângulo que eu estava olhando. Mas para não rir ainda mais, eu apenas mudei de assunto:

– Como você pode ver, estamos no andar do ensino médio. E se descermos um andar, você vai achar a cantina. Aliás, você quer comer alguma coisa? – Perguntei começando a caminhar devagar para as escadas. E a Liza continuava empacada ali no meio do corredor, fazendo com que os outros esbarrassem nela. Alguns xingavam baixinho ao dar de cara com uma novata parada como uma idiota. Eu só conseguia rir dela.

– Anda, vem, acho melhor sair daí. – Puxei ela, contra sua vontade para dentro do banheiro ainda no andar do ensino médio. – Me desculpa por te zoar. – Tentei falar sério, mas uma risada escapou, deixando a Liza mais irritada ainda. – Ok, eu parei. – Levantei minhas mãos em sinal de rendição.

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