resolvendo problemas

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O ensaio havia recém começado e todos estavam sonolentos, devido as poucas horas dormidas. Pouco se mexiam em um primeiro momento e claramente preferiam estar dormindo. Tentando melhorar minimamente o clima, Taka buscou dentro de si uma energia que nem mesmo ele sabia que possuía, e que acabou por contagiar os outros lentamente. Apesar do cansaço, em pouco tempo, já ensaiavam como se realmente estivessem se apresentando.

Toru observava o vocalista da banda pulando pelo palco e cantando com todo seu esforço, enquanto tentava disfarçar o sorriso que queria se formar em seu rosto. Aos seus olhos, Taka era tão adorável. Até mesmo com aquela maldita regata que o fazia parecer mais sexy que o normal. O dia não era propício para roupas assim. O próprio Toru se via dentro de uma camisa de mangas longas, mas Taka parecia saber que para o guitarrista era mais difícil controlar seus sentimentos quando as tatuagens dos braços de Taka ficavam expostas.

O repertório da banda era tão conhecido por todos os quatro que nem mesmo precisavam combinar a ordem das próximas músicas, mesmo que Tomoya fizesse questão de lembrá-los esporadicamente antes que começassem a emanar toda energia.

Toda vez que o Moriuchi tentava cruzar seu olhar com o de Toru, o outro desviava. Nesse dia especialmente estava quase impossível para Toru lidar com Taka. Seus sentimentos pelo melhor amigo pareciam não lhe dar descanso, e quase sentia a necessidade de ignorar o vocalista.

As ações de Toru já não eram tão recentes, apesar de Taka tê-las percebido há pouco tempo. Antes de começar, quase que de repente, a ver o melhor amigo com olhos impróprios, Toru tratava Taka com a maior naturalidade e até mesmo com certa intimidade que os dois conquistaram. Eram extremamente próximos e vê-los separados era quase impossível. Mas desde o primeiro sonho inapropriado com Taka, do qual Toru ainda não entendia até o momento, suas atitudes com o melhor amigo mudaram bruscamente, tendo que ignorá-lo e diminuir significativamente o tempo que passavam juntos para evitar seu nervosismo.

Taka, ao perceber seu melhor amigo se distanciando de repente, tentou abordar o assunto, mas Toru negou e alegou que era apenas algo da cabeça de Takahiro. O Moriuchi não conseguiu acreditar em tamanho absurdo. Conhecia Toru como ninguém e sabia dizer quando estava mentindo. Até tentou deixar de lado por algum tempo, mas, cada vez parecia piorar. Já estavam no ponto de apenas conversarem sobre a banda e os shows, e isso incomodava Taka extremamente. Era quase como se tivesse perdido o amigo.

Tentando acabar com o sentimento horrível de ser ignorado, Taka se aproximava de Toru a cada música, e tentava convencê-lo por meio dos olhares não correspondidos a interagir consigo. Contudo, ao perceber que isso não o induziria a voltar ao normal, nem mesmo por alguns minutos, Taka acabou decidindo utilizar de sua maior arma contra Toru.

Em uma das músicas mais intensas da banda, se aproximou subitamente de Toru de maneira que era absolutamente impossível que o outro não prestasse atenção em si. Finalmente, ao conquistar seu objetivo, e ter Toru de frente para si, visivelmente a contragosto do guitarrista, Taka levou a mão que não segurava o microfone até o cabelo do Yamashita, que gelou ao sentir o toque do outro. Taka bagunçou um pouco os fios descoloridos e, em seguida, deslizou a mão até o pescoço de Toru, que era definitivamente a região mais sensível do mais alto. Continuava cantando, enquanto seus olhos estavam fixos nos do outro.

O guitarrista teve de se concentrar ao máximo, respirando fundo, e, mesmo assim, quase não conseguiu terminar de tocar a música. A mão firme de Taka em seu pescoço e o olhar insinuante o faziam imaginar o que sabia que seria considerado um absurdo por qualquer outra pessoa que observava o ensaio.

Já deveria estar acostumado com as provocações de Taka e sabia que essa era apenas mais uma forma que o Moriuchi encontrara de fazer os dois interagirem. Assim como Taka conhecia Toru melhor que qualquer um, o contrário também se aplicava. Porém, Toru, por se conhecer tão bem, sabia que mais um minuto ali seria o fim para si.

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