— Por que está com essa cara de bebê babão, hein?
Adrien perguntou, a voz calma e – de certo ponto – maçante tirou-a de seus devaneios momentâneos, principalmente por empurrá-la uma latinha de Coca-Cola rodeada por gotículas de água condensadas sobre a superfície lisa e nada porosa do alumínio pintado. Ela ouviu o barulhinho do gás saindo ao puxar o lacre, e tomou um gole mínimo antes de desviar a atenção para o loiro amável que havia tomado – sem permissão ou convite – um lugar ao seu lado no banco extenso do colégio.
— Porque me apaixonei por mais um homem.
Adrien – que aguardava pacientemente a resposta – sentiu o pouco do suco natural que bebia travar em sua garganta. Com certeza, sua epiglote entrara em pane como seus neurônios, e sentiu aquele bendito liquido indo pelo caminho errado de sua laringe. Uma tosse compulsiva instalou em seu corpo, pegando-o de jeito que assustara a Dupain-Cheng.
— Adrien? — Deu-lhe leves tapas nas costas fortes. — Adrien!
— Eu... — Fez uma pausa para tossir algumas vezes, puxou o ar e tomou folego. Retomou a compostura, e a encarou. — Outro homem?!
— Sim. — Tombou o corpo sobre a mesa. O barulho audível espalhou-se pelo refeitório, mas pouca gente pareceu ligar. Afogou o rosto nos braços, esparramando a cabeleira azul sobre o moletom que usava – e que havia roubado do guarda-roupa de Adrien no ultimo outono. — Hareton Earnshaw, um brutamontes analfabeto de porte atlético que tirou meu folego, por mais que eu, em minha humilde psique, queira que ele retirasse minhas roupas.
O par de sobrancelhas do Agreste caíram como uma nuvem em seu rosto, quase tocando as pálpebras enquanto uniam-se ao centro em uma careta um tanto pensativa. Em sua mente, parecia fazer uma pesquisa mental sobre todos os garotos que conhecia naquele colégio e fora, mas o nome incomum – Hareton?! — não parecia surgir em sua mente.
— Hm. — Permitiu-se respondê-la naquele murmuro baixo.
Marinette virou o rosto, fitou o maior com deveras intensidade.
— Eu acho que estou apaixonada.
— Certo.
— E acho que você está com ciúmes.
Adrien desviou o olhar rebelde – que denunciava sua mesquinhez e o ciúmes que não queria admitir – para um ponto qualquer do refeitório vazio.
— Ciúmes? Está maluca, Marin. Eu... só acho que você se apaixona rápido demais.
A menor prendeu uma risadinha gostosa, no mesmo momento que deixou uma das mãos caminharem pelo antebraço desnudo do maior, indo as bordas da jaqueta cujas mangas estavam arregaçadas.
— Eu me apaixono rápido demais?
— Sim. — Sentiu os pelos loiros e camuflados na pele arrepiando quando o toque da ponta dos dígitos fora substituído pelo caminhar lento das unhas redondas. — Antes de mim, fora Luka, e antes de Luka, Nathanael. Agora, Hareton Earnshaw. Quantas cavidades tem seu coração?
— Diversas. — Ela levantou o rosto, mordeu o lábio delicadamente antes de usar a mão livre para puxar o maxilar definido do Agreste birrento. Dessa vez, não fez esforço ou tentou prender a gargalhada pelo bico infantil que os beiços tão bonitos do namorado haviam formado. — Mas... você está em um dos maiores, fica tranquilo...
— Humpf.
— E... para sua felicidade... — Um sorriso malandro dançou no rosto alheio. — Hareton Earnshaw é um dos personagens do livro que você me deu, O Morro dos Ventos Uivantes, lembra-se?
Os olhos de Adrien esbugalharam-se, e ele soltou pequenas piscadelas. Lembrava de tê-la dado o livro ao ver o quão desejosa ela estava para ler aquele exemplar de Emily Brontë. Uma coloração rosada subiu pelas bochechas do garoto, que se sentiu terrivelmente patético.
— Uh.
Marinette soltou uma risada pela careta desleixada e envergonhada que ele fizera ao inutilmente tentar esconder as bochechas quentes. Voltou a puxar-lhe o maxilar, unindo a boca a dele em um selo rápido e terno. Afastou-se em seguida, antes que a pequena demonstração de afeto se tornasse algo muito chamativo.
— As bochechas vermelhas combinam com seus olhos. — Piscou para ele, antes de empurrar a franja loira que quase caia sobre os olhos do Agreste. — Benzinho.
O apelido o fez suspirar, abaixando o olhar ainda mais coradinho do que antes. Marinette achou-o ainda mais bonitinho de tal forma.
— Você ama me deixar sem jeito.
— Você quem provoca. — Tomou um gole do refrigerante, e sorriu. — E, você sabe... existe uma boa diferença entre querer e poder, certo?
Adrien a encarou. Não havia entendido a pergunta.
— Sei, mas... o que ela interfere na nossa conversa?
— Tudo, afinal... — Aproximou-se dele como quem queria apenas carinho, sendo recebida de bom grado com um aninho gostoso por parte do maior ao aquecê-la em um abraço suave. — Eu queria que Hareton tirasse minha roupa, já você... — Enfurnou o rosto na curvatura do pescoço alheio, inalando o perfume gostoso do maior. — Será que você poderia tirar a minha roupa hoje a noite?
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Apaixonada.
FanfictionMarinette se apaixonava com facilidade, e cabia a Adrien lidar com os devaneios da garota. adrinette | +18 | também postada no spirit fanfics