Observava a sala inteira, pessoas rindo, conversando, perguntando, estudando, tirando fotos. Hoje o 8º estava bem animado.
Ela só observava tudo aquilo, com uma expressão séria, tentando esconder qualquer raiva ou tristeza de ver seus colegas tão eufóricos como todos os dias. Lhe dava nojo só de ver a tamanha falsidade que continha naquele ambiente.
Só queria estar em sua cama, chorando ou gritando consigo mesma por ser tão inútil e desnecessária, mas não, teve que ir pra aquele lugar que a deixava completamente enjoada.
Para piorar, o seu único amigo lá havia ido embora, ótimo, estava sozinha com uma raiva enorme a consumindo.
Segurava seu lápis por mais de não escrever ou desenhar nada, ouvindo as risadas e conversas ficarem cada vez mais altas.
Decidiu parar de prestar atenção nas pessoa e focar em ocupar sua mente com alguma coisa. Colocou na última página do livro e começou a desenhar algo aleatório, não estava com inspiração e nem vontade de fazer nada no momento, só precisava de algo para lhe afastar de sua raiva.
Ouviu uma risada escandalosa, nem precisou olhar para saber de quem era, dele mesmo, aquele loirinho desgraçado de 2 anos. Pode até sorrir por breves segundos, aquela risada de merda a deixava sem jeito, olhou para o garoto que conversava com algumas garotas e garotos. Novidade. Só olhou em volta novamente, vendo garotas cochicharem uma com as outras e depois virarem a cara e cochichar com outra. Provavelmente fazendo alguma fofoca uma das outras.
Vicky achava impossível alguém ser tão trouxa como seus colegas eram, pareciam que queriam ser assim, não era possível!
Com esses pensamentos a raiva aumentava mais e mais, saber que pessoas acreditavam em outras e depois as outras falavam mal delas para tudo e todos que passassem em sua frente a deixava irritada e com uma pena enorme da pessoa.
Já passou por isso, foi desejada a morte ano passado por sua amiga de 4 anos, e já sabia como ignorar isso, por isso nem se importava com ela mesma. Só se sentia triste por pessoas que não mereciam sofrer eram vítimas desta falsidade.
Pessoas falsas, metidas, interesseiras, passou por tudo isso, como queria ajudá-las, não sabia como, mas queria.
Lágrimas começaram a descer e nem sabia o por que, segurou o lápis amarelo com as duas mãos e ouviu um estalo, olhou para as mãos... havia quebrado o lápis...
Quem se importa? Tem mais lápis do mesmo jeito em sua casa, não se importou muito, sua mãe entenderia então estava tranquila. Se levantou e jogou o lápis no lixo e voltou com seu lugar.
— Podem ir! — A professora de ciências disse para a sala que começou a guardar os materiais correndo e levantar de seus lugares para saírem daquele local.
Guardou os materiais calmamente, pegou seu celular, conectou com seus fones, colocou alguma música aleatória do SoundCloud, pegou sua mochila e seguiu rumo à saída daquele lugar.
Finalmente, poderia descansar por um tempo.
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Raiva
Non-FictionEla só observava tudo aquilo, com uma expressão séria, tentando esconder qualquer raiva ou tristeza de ver seus colegas tão eufóricos como todos os dias. Lhe dava nojo só de ver a tamanha falsidade que continha naquele ambiente.