II - O encontro

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◇3 dias depois◇

Faziam exatos 3 dias que o rapaz de cabelos longos havia chegado no pequeno castelo e por causa de um resfriado não havia conseguido ir embora.

Há 3 dias vinha sido alimentado e seu cavalo estava sendo bem cuidado, fora que todas as suas coisas, livros e pinturas estavam secas no outro dia depois da tempestade.

Nunca conseguia ver ou encontrar quem estava fazendo aquilo por si, mas queria ver e agradecer, fora que seria bom ter uma companhia, já que não estava totalmente recuperado.

*

Cansado de ler na biblioteca do lugar, andou pelos grandes corredores até chegar a cozinha se deparando ao ver uma moça loira, vestindo um vestido acinzentado e longo.

-Você é quem deixa as coisas pra mim?? -o rapaz disse e foi respondido por um grito um tanto fino da moça, se virando e mostrando seus olhos acinzentados como seu vestido, as bochechas rosadas e os lábios carnudos.

Correu para a saída dos fundos mas o rapaz mesmo com poucas forças foi atrás dela, a segurando em meio a corrida.

-Por favor... não me machuque... -disse se encolhendo ao toque alheio.

O rapaz a soltou de imediato, ficando sem palavras ao perceber que a moça tinha vários hematomas pelo pescoço, ao lado do rosto e nos braços.

-Quem fez isso com você...? -perguntou com a voz suave e firme.

-Homens... eu não pude lutar... eram quatro deles... mas eles não vão me seguir estando aqui... -explicou sem jeito de tocar no assunto, mas de alguma forma sentiu que poderia confiar no rapaz a sua frente.

O rapaz não conseguia deixar de encarar aqueles olhos brilhantes, num tom que ele nunca viu.

-Por isso decidiu fugir de mim...? -o outro perguntou pensativo e a moça assentiu.
-Eu me chamo Seokjin, sou das montanhas do Sul... e você é?

-Sou Ji... -se apresentou baixo. Seokjin sorriu animando em finalmente conhecer quem estava cuidando de si.

Ji não sabia o que fazer, estava com medo, mas não queria fugir.

-Você ainda não está bem... está suando frio... -cortou o silêncio ao ver Seokjin suando.
-Melhor ir deitar... -passou pelo outro que segurou sua mão.

-Você pode me fazer companhia? -Seokjin perguntou corando.

Ji apenas assentiu encarando a mão dele sobre a sua.

-Estarei lá daqui a uns minutos... -Seokjin apenas assentiu e seguiu para o quarto sorridente.

Ji não demorou na cozinha. Preparou um chá com ervas que curam e subiu para o quarto.
O coração acelerado em seu peito e uma tristeza aparente em seu rosto, mesmo que tentasse sorrir era quase impossível esconder por completo.

-Tome isso, vai fazer bem... -avisou após colocar o bule de chá com a xícara sobre a mesinha de cabeceira da cama.

Ji deixou o corpo leve sobre a poltrona acolchoada do quarto, próximo a varanda, que ficava ao lado da cama e mesmo tentando, não conseguia desviar o olhar de Seokjin se servindo do chá.

-Então... você quem estava cantando na madrugada passada? -perguntou Seokjin dando um gole no chá quente.

Ji tentou fingir que não ficou sem graça mas foi quase impossível, já que suas bochechas denunciavam.

-Sinto se incomodei...

-Não precisa se desculpar, a casa é sua e você tem uma voz belíssima... acha que, poderia cantar pra mim? -pediu sem jeito, escondendo o rosto com a pequena xícara.

-Acho que devíamos mudar o assunto... -Ji levantou da poltrona bruscamente após sua fala, deixando Seokjin um pouco assustado.

-Tudo bem, você gosta de livros ou pintura?

-Vi seus quadros... são lindos... acho que nunca verei lugares como aqueles... -falou com a voz triste.

-Posso te levar comigo, se quiser ir! -Seokjin sorriu após seu convite.

"Como posso estar desse jeito em três dias... isso é amor?"

Ji se perguntava em sua mente, tentando entender o que vinha em sua cabeça há três dias, mesmo que parecesse pouco.

-Tenho que ficar um pouco só... vejo você amanhã, Seokjin.. -sorriu sem vontade antes de deixar o quarto.

*

Ao chegar em seu quarto, na torre do pequeno palácio, observou o grande espelho de corpo inteiro, que tinha uns pedaços quebrados no chão e pensou no local da pintura de Seokjin, fazendo o local aparecer ao vivo e em cores na tela que era o espelho.

Tentou imaginar a brisa em seus cabelos e até mesmo o cheiro das flores, mas nada fazia a dor de está sem saída do castelo, não havia saída para si, fazia parte da maldição.

Por trás dos teus olhos (PJMxKSJ)Onde histórias criam vida. Descubra agora