Prólogo

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Mine.

Philadelphia/ Pensilvânia.

Arri minha santinha, tô lascada e mal paga, como é que pode a pessoa ser tapada assim? Como é que eu fui ser besta de acreditar num filho de uma égua daquele!

— Ôh Mine agora já foi amiga, se fudeu mulher, vai ser burra assim lá na pré escola— minha amiga Dione as vezes parece mais uma inimiga, ôh bichinha da boca xulezenta nah.

As vezes meio que me dá na telha querer melhorar de vida sabe, sair daqui do bairro que eu moro e ir para um melhor, trocar um bairro por outro porque sinceramente nessa cidade eu não consigo me adaptar... não sei o que é pior.
Aí surgiu a oportunidade de eu investir minha graninha e acabei tomando naquele lugar onde o sol não bate.

Agora estou eu aqui lascada, na pindaíba e quase indo pro olho da rua, se eu não conseguir um emprego nas próximas setenta e duas horas vou acabar em algum abrigo de mendigos que tem pela cidade, daqueles que você dorme com um tênis pra não ser assaltado mais acorda só com a meia e olhe lá. Meu Deus me ajude, me ilumine senhorrrr dê uma mãozinha pra essa sua filha devotada.

—Mine...

—Que? Vai passar na minha cara outra vez que  eu fui burra?—

—Não amiga eu já fiz isso, é o seu celular ali oh, ele tá só acendendo o visor, tá no silencioso é?—

Olhei para trás na direção da mesinha e vi meu celular tocando sem som. Era só o que faltava mesmo a porcaria do celular esculhambar também, corri até o abençoado e atendi esbaforida.

—Aló?—

— Olá aqui da agência Celly's Jobs, gostaria de falar com a senhorita Minerva Serrrrveur....–

Graças a Deus a pessoa não sabe pronunciar esse nome.
Não é que eu não goste do meu sobrenome, é só que pra mim ele vem carregado de dor, memórias, histórias e uma verdade tão absoluta que me sufoca.

– pois não, sou eu mesma–

A pessoa do outro lada da linha se indentificou como Soraia, ela havia ligado para falar sobre uma oportunidade de emprego na casa de algum figurão da cidade vizinha.

– claro senhora, estou disponível sim  para mudar de cidade...ok...sim sim até segunda senhora–

Olhei pra cima ergui os braços e glorifiquei de pé. Vou lá ficar sem fazer nada e vendo minha vida ir pro esgoto por causa de um passo mal dado, eu vou a luta porque a nega aqui não é de chorar por nada, já esgotei meu estoque de lágrimas e de onde eu venho se aprende muito cedo o que é a dureza.

– e aí o que era? –

Pergunta a minha besta nem tão best friend assim Dione, a bicha as vezes parece que me detesta eu em!

– tô de mudança para Nova York, apareceu uma oportunidade de emprego e eu não vou desperdiçar –

–como assim você vai para Nova York, você vai fazer o que lá, para quem você vai trabalhar?–

–rodar bolsinha Dione pra um cafetão barra pesada... Mulher eu vou trabalhar eu tinha feito um cadastro numa agência de emprego e agora apareceu a oportunidade! É para um milionário aí, um tal de Alaric Santê–

Obrigada minha santinha, juro que vou fazer tudo certinho não viu decepcionar vossa santidade.

A Fera DomadaOnde histórias criam vida. Descubra agora