DOIS | Mau humor, pneu furado e ódio mútuo

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Batia a ponta do pé no chão, me sentindo frustrada e impaciente

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Batia a ponta do pé no chão, me sentindo frustrada e impaciente.

Essas duas emoções andavam me cercando nas últimas duas semanas constantemente.

— Impaciente, maninha? - Mike aparece ao meu lado com as mãos no bolso da calça jenas clara, seu cabelo estava bagunçado e seus óculos de grau estavam tortos.

— Teu óculos esta torto. E você está atrasado.

Ele bufou.

— Que bom que está de bom humor hoje. - Cantarolou ironicamente, dando a volta no carro e destravando as portas automáticas. Entramos no veículo, ele girou a chave e acelerou, nos levando para fora do estacionamento da Universidade.

Quando já estávamos na metade do caminho para casa ele resolveu quebrar o silencio.

— Com o que você anda incomodada? - Abro a boca para responder, mas ele me corta. — E não adianta mentir para mim dizendo que não é nada. Eu te conheço a dezenove anos, Scarlett.

Fechei a cara, concentrando minha atenção na paisagem que passava do lado de fora do carro.

— Vamos, maninha. Você sabe o quanto é perigoso guardarmos as coisas para si mesmos. - Sua voz diminui algumas oitavas quando ele completou: — Sabe o que aconteceu da última vez.

Fecho os olhos com força, encostando a cabeça no vidro gelado, querendo que tudo a minha volta desaparecesse. Querendo que eu desaparecesse.

— Eu sei. - Minha voz saiu baixa como a sua. — Eu parei de sonhar com ele.

— Sério? - Afirmei com cabeça, ainda concentrada nos prédios e pessoas por quais passávamos. — Isso é ótimo.

— É, eu também achei que seria, mas...

— Mas...? - Me incentivou a continuar.

— Mas isso está me atormentando. O último sonho que eu tive com ele, todos os outros, tudo pareceu tão, tão real, Mike. Ele parecia real. O que eu sentia, as nossas conversas... Tudo não pode ter sido só sonhos comuns. E ele...

— O que tem ele?

— Ele precisava de ajuda. - Olhei para meu irmão, me endireitando no assento, que dividia seu olhar entre a pista e entre meu rosto. — Eu sinto que eu tenho que ajuda-lo.

— Scar, sonhos são frutos do nosso inconsciente. Foi você quem criou ele. Ele não existe.

Foi como se ele apertasse o meu coração. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas as segurei.

— Então por que eu sinto que ele existe? Por que eu sinto ele me chamando? Por que ainda me lembro do cheiro das flores que cercava o chalé onde ele morava? — Uma lágrima escorreu pela minha bochecha, logo seguida por outras. — Por que eu sinto que ele está ligado a mim como se fosse uma parte minha? Por que, Mike? Me responda.

Meu farol - #1 | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora