Numa calçada enorme e cheia de pessoas

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A quele era o encontro predestinado,seria o começo de uma história de amor que atravessaria as eras e seria lembrado como o romance máximo pelas moças e os rapazes. Também por causa desse amor,uma revolução seria desencadeada para a queda de um governo tirano,as duas forças dessa revolução estariam separadas nos extremos do grande país. Cada força seria liderada pelos amantes e para poderem se unirem,enfrentariam a tirania do odiado rei.

Ele enfrentaria forças políticas de enorme influência,sozinho,encontrando meios extraordinários para lutar por ela. Criando a resistência. Ela demonstraria força de vontade e determinação de ferro,fazendo tanto quanto ele para alcançá-lo,capaz de uma ternura inigualável,más,também capaz de uma crueldade infinita para com os obstáculos que se interpõe em direção ao seu amor. Ela traria consigo aqueles que seriam de lealdade eterna para com ela.

Seria um encontro de amor á primeira vista,de imediato sentiriam seus corpos formigarem e ressoarem em uma vibração única daqueles na mesma freqüência.

Uma rua de calçadas muito largas,a estrada permitia no máximo um carro e uma moto lado a lado. A multidão da capital fluía nas duas calçadas enormes,como a correnteza de dois riachos paralelos,ou como formigas atarefadas,frenéticas em suas funções. Em pontos opostos,a falta de sentido nas vidas dos futuros apaioxonados os incomoda profundamente. Ele desempregado e a deriva,ela acorrentada e insatisfeita. Cem metros,ele nunca se sentia pleno com nada,nem namoradas que teve ou empregos que aceitou deram certo,ou se encaixou ao seu modo de viver. A prisão sem correntes em que ela estava presa,  causava angústia insuportável,nunca pode ter uma paixão sequer,embora tenha tidos alguns amores.

Cinqüenta metros,as sobrancelhas franzidas,ele com a seriedade daqueles que não têm um objetivo pela qual lutar,encarava o chão,através dos vários pares de pernas. Ela sentia os olhos começarem a ficar marejados,eram as lágrimas que não poderia derramar em sua casa,as lágrimas que decidira não derramar na frente daqueles que tinham as correntes invisíveis em suas mãos. As pessoas á volta não davam atenção nenhuma para a moça de vestido verde,que começava a chorar. Eles tinham seus próprios assuntos a resolver,seus próprios problemas,não poderiam dar atenção para outro alguém que não fosse seus problemas.

Vinte metros,Ele presente alguma coisa,parecia o sussurrar de alguém ao seu ouvido,chamando-lhe atenção para a sua frente. Ele,lentamente levanta seus olhos negros,profundos,para adiante. Ela presente a mesma sensação,como se alguem ou alguma coisa a intimasse para o começo dum acontecimento de infinita importância,que valeria a vida dela,senão,mais ainda...

Estavam a três passos um do outro. Ele olha a sua frente e só vê a multidão que flui para seus destinos,nada de especial,más a sensação continuava.

Dois passos.

A sensação a incomoda,os olhos embaçados pelo orvalho de suas lágrimas também.

Estavam lado a lado.

E agora incitado pela sensação que o atormentava,procurava o que deveria ver,como buscando um bote salva vidas no meio do oceano. Realmente parecia estar se afogando,necessitando desesperadamente da salva-guarda que sentia estar muito próximo. Apenas sabia que precisava encontrar o que precisava encontrar. Nesse exato momento,seus olhos marejados a incomodaram tanto que ela leva o braço para limpar as lágrimas dos olhos,mas isso foi um gesto que durou o tempo de um passo e meio.

Ela esbarra em alguém nesse meio tempo,era um gordo de cabelos grisalhos e olhos marrons. A sensação que tinha desparecera da mente dele,deixando-lhe em paz. Então nada aconteceu,eles passaram um pelo outro e por puro acaso não conseguiram encontrar o olhar,fagulha que liberaria uma explosão de dimensões solares.

Más,a fagulha não foi disparada e nem a revolução foi iniciada.

A tirania continuou.

E eles continuavam tendo a sensação de que uma parte muito essencial de suas vidas lhes faltavam,que se não tivessem essa parte,apenas seriam algo bem parecido com zumbis.

Vivos,porém,mortos.

Más será que o destino iria aceitar esse desfecho para o que havia preparado com tanto esforço e afinco?

O destino é tão fácil de se lidar desse jeito? O destino merecia um outra chance de armar o encontro que dispararia o gatilho de uma explosão titânica,energia que faria oceanos se dividirem e montanhas serem despedaçadas,países obliterados da face da terra?

Os dois não-amantes,teriam essa força toda se tivessem encontrado o olhar um do outro,más eles não se aperceberam e continuaram suas meias vidas. O destino aceitaria a ruína do começo de uma lenda e uma revolução da história? O destino têm seu próprio orgulho,más,talvez deixe essa passar... Afinal o destino pode ser um tecelão que não deixa pontas soltas em seu extenso tapete...

...afinal,o destino poderia ser apenas alguém entediado e desleixado com sua eternidade. Tendo o tempo de milênios,como seus minutos,esse suposto tecelão,seria alguém,provavelmente,muito entediado...

Como seria o final da história que não começou?

Os amantes que não se apaixonaram...Onde histórias criam vida. Descubra agora