MOONLIGHT │ JACOB BLACK

𝒐𝒐. » PROLOGUE

٬ ⠀✦⠀ PRÓLOGO.
O COMEÇO DO FIM

Este relacionamento vai ser um
problema. Ela vai ser um problema.

O INFORTÚNIO da imortalidade apresenta duas vertentes que, acredito eu, assombram os vampiros de forma perpétua. Ela, que muitas vezes é tão almejada, pode vir a tornar-se um peso, um fardo que acarreta amargura, desespero e, nitidamente, solidão. Por mais que em alguns casos prevalece como uma benção, um artifício que alguns usam de bom grado, a imortalidade pode ser tanto uma tortura como uma arma.

Ela é o alicerce pelo qual meu pai e os outros vampiros sábios construíram seu império. A imortalidade é um benefício para eles. Criaram um tabuleiro para jogar suas peças e consolidar suas vidas, os outros ㅡ assim como eu ㅡ são apenas peões. Essa é a outra vertente que ela apresenta, no qual se baseia a vida daqueles que realmente a almejam. Ou que aprenderam a almejar por ela.

Não sei dizer em qual lado me encontro, mas há uma única certeza que posso ter nesse momento: eu trocaria a imortalidade pela morte certa agora, apenas para poder sair da situação o qual me encontro e desaparecer.

Posso não ver a imortalidade como uma bênção, mas a mortalidade seria bem-vinda, assim como uma estaca em meu peito ou a luz brilhante do sol me queimando até que apenas restam as cinzas da vampira que um dia eu fui. E isso não seria apenas agradável para mim, mas também para todos os humanos que acreditam fielmente que esse último fator pode nos matar.

Mas nenhuma das minhas lamentações poderá ser ouvida agora, não há mais volta a partir da onde essa linha foi cruzada. É por isso que aceito meu destino e digo para mim mesma que não estou fazendo isso por mim, nem pelos vampiros que nos esperam do outro lado da porta, faço isso por ela.

E apenas isso deve bastar.

── Está pronta? ── Jacob pergunta, exalando tensão e impaciência e me oferecendo sua mão esquerda, o qual eu encaro por longos segundos quando saio da minha própria mente.

Não direi a verdade para ele. Não sou capaz de expor como realmente me sinto em relação a tudo, então seguro sua mão e ignoro o quão quente e firme ela está sobre minha pele fria e pálida. Jacob exala calor, mas também irritação. Percebo isso apenas escutando seus batimentos cardíacos e, sinceramente, não o julgo por isso.

Não estou muito atrás, eu diria. Pois respondo a ele com uma entonação semelhante, apertando a mão dele na minha com o pouco de confiança que tenho e encaro as portas de madeira maciça à nossa frente com a postura impecável que mantenho, sentindo o olhar dele queimando sobre mim ㅡ algo que torna tudo ainda mais inquietante.

O culminar de uma guerra é o que estamos tentando evitar, porém saber que esse fardo é apenas nosso não trás nenhum resquício de conforto. Mas me esforço para pensar de maneira positiva. Pelo menos uma vez na vida, eu devo ser.

── Vamos acabar logo com isso. ── respondo, enquanto as portas do salão se abrem e adentramos juntos para encarar o começo do que pode vir a se tornar o nosso fim.